Belo Horizonte, Curitiba, e pela quarta semana seguida Porto Alegre e Porto Velho são as capitais com 100% de ocupação ou mais de leitos
O desespero de quem precisa de um leito para tratar a Covid-19 só aumenta. De acordo com o Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de março de 2021, 6.370 pacientes com Covid estão à espera de um leito de UTI em todo o Brasil. Os números fazem parte de um levantamento do Conass, o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde.
Mesmo com o esforço de se criar novos leitos na última
semana, 19 capitais brasileiras estão com mais de 90% de UTIs públicas ocupadas
para casos críticos de pacientes com Covid-19, segundo levantamento do jornal
Folha de S.Paulo com dados desta segunda-feira (22).
Belo Horizonte, Curitiba, e pela quarta semana seguida Porto
Alegre e Porto Velho são as capitais com 100% de ocupação ou mais, com o
excedente de pacientes graves em leitos improvisados nos moldes de UTI.
Governos estadual, federal e prefeituras implementaram 1.275
novas UTIs nas capitais na última semana, mas, ainda assim, avança a demanda
por internações em todo o país.
Em números absolutos, Fortaleza foi a que mais ampliou a
oferta de vagas, com 394 novas UTIs entre 15 e 22 de março. Ainda assim, a taxa
de ocupação de leitos saltou de 90% para 95%.
O estado de São Paulo e a capital paulista se aproximam do
colapso. Nesta segunda (22), em 60 cidades paulistas não havia vagas para
tratamento intensivo. A taxa de ocupação alcançou 91,2% –em 15 de março, era de
89%.
Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn,
houve um aumento de 110% no número de internações em relação a 22 de fevereiro.
De lá para cá, o estado ativou mais de 3.400 leitos de UTI.
Em Minas Gerais, que chegou a anunciar fase roxa para forçar
o distanciamento social, a ocupação de UTIs da Covid na rede pública é de 92,9%
–considerando o total de leitos de UTI SUS, é de 86,5%.
Belo Horizonte, que expandiu leitos, atingiu pela primeira
vez ocupação de 100% na UTI SUS para Covid. Somado a leitos da rede privada, a
ocupação na capital mineira chega a 107%.
Nesta segunda, o governador Romeu Zema (Novo) recebeu uma
doação de ventiladores mecânicos da Federação das Indústrias do Estado de Minas
Gerais e anunciou abertura de 100 leitos de UTI. O aumento expressivo de casos
também fez com que o governo colocasse o Hospital Júlia Kubitschek em
atendimento exclusivo para casos do coronavírus.
Em Curitiba, onde a taxa de ocupação de UTIs ultrapassa os
100%, UPAs têm servido como mini-hospitais de retaguarda. Com ocupação de UTIs
ultrapassando os 95%, o Paraná tem nesta terça-feira (23) 553 pessoas na fila.
Além da escassez de vagas, o estado enfrenta dificuldade para
comprar cilindros de oxigênio e medicamentos para intubação. Depois de receber
uma carga de 200 cilindros do governo do Amazonas, nesta segunda-feira (22), o
secretário de Saúde, Beto Preto, pediu que empresas do estado também doem
equipamentos.
Em colapso, Porto Alegre atingiu 104% de ocupação de UTIS, na
quarta semana seguida com lotação máxima de leitos. A demanda não arrefece,
mesmo com abertura de mais leitos. Na sexta-feira (19), foi inaugurado o
primeiro hospital de campanha na capital gaúcha.
No Rio Grande do Sul, desde segunda (22), prefeituras podem
adotar protocolos de bandeira vermelha mesmo que o estado esteja todo em
bandeira preta.
Em Porto Velho, há quase dois meses não há vagas de UTI para
pacientes com Covid-19. Doentes estão sendo transferidos para outras cidades.
Em Rondônia, a taxa de ocupação também é de 100%. Há filas de pacientes e temor
de que acabe o oxigênio nos hospitais.
Florianópolis, que também vive situação crítica na pandemia,
está com 99% de ocupação de leitos. Em Santa Catarina, todas as regiões estão
em bandeira vermelha há quatro semanas. Atividades noturnas (boates,
espetáculos) estão vetadas, além da venda e consumo de bebidas alcoólicas em
lojas de conveniência entre 0h e 6h. As aulas presenciais, porém, estão
mantidas e as praias estão liberadas, desde que sem aglomeração.
Dos 98 leitos de UTI da rede pública em Macapá, apenas um
estava livre na segunda, de acordo com dados do governo do estado, com taxa de
ocupação atingindo 99%. Na rede privada, ela era de 87,8%. No estado, a
ocupação de UTIs públicas adulto chegou a 94,4%.
Com aumento de casos, internações e mortes, o governador
Waldez Goés (PDT) decretou lockdown por uma semana, que passou a valer na
quinta-feira (18).
Nas capitais do Centro-Oeste, a situação não é diferente. Em
Goiânia, o total de leitos em uso está em 98%, ante 99% da última semana, mas o
total de pacientes internados cresceu de 271 para 284 –não alcançou lotação
porque foram criadas 16 vagas.
No estado, a ocupação se mantém nos 98% da semana anterior,
mesmo com o incremento de 25 novas vagas.
Em Cuiabá e na região da Baixada, a ocupação segue crescendo,
mesmo com mais leitos disponíveis. De 92,2% de ocupação há uma semana, o índice
chegou a 94%. No período, 29 leitos intensivos foram implantados, elevando o
total a 287, dos quais 270 estão ocupados.
Apesar de estar com menos de 100% na capital, mas com fila de
espera, Mato Grosso do Sul está com 109% de ocupação.
Nordeste O sistema de saúde de Pernambuco continua em
colapso, mesmo após a criação de 393 leitos de UTI em março. Há um mês, com 996
vagas na rede pública, a taxa de ocupação era de 88%. Hoje, com 1.398 vagas, é
de 97%.
No Rio Grande do Norte, com apenas nove leitos de UTI na rede
estadual e 20 bloqueados na segunda, a ocupação era de 92%. Na região
metropolitana de Natal, a taxa chegou a 96,2%.
A governadora Fátima Bezerra (PT) também aumentou as medidas
restritivas no estado, com novo decreto que começou a valer no sábado (20).
"Estamos com a rede, praticamente, colapsada, porque a taxa de ocupação de
leitos beira 100% há dias. Portanto, sei que os gestores têm absoluta
consciência dos motivos que nos levaram a tomar essa decisão", afirmou a
governadora na sexta.
Para garantir o suprimento de oxigênio, o estado conseguiu na
Justiça ampliar em 25% a quantidade do gás prevista no contrato com a White
Martins, após a Procuradoria Geral do Estado entrar com ação devido a relatos
de prefeitos que enfrentavam dificuldade no abastecimento.
Em Teresina, a ocupação dos leitos passou de 87% para 96%,
mesma porcentagem do estado.
Apesar do alto índice de ocupação, o último decreto do
governo do Piauí, que vale até domingo (28), determina restrições ainda brandas
quando comparadas a outros estados, como funcionamento de bares e restaurantes
até as 20h.
Piora Na cidade do Rio de Janeiro, a ocupação de UTIs segue
acima de 90%. Mesmo com a abertura de leitos, a fila não para de crescer:
passou de 10 pessoas no início do mês para 122. No estado, ela foi de 53
pacientes para 643.
Diante do colapso, o prefeito Eduardo Paes (DEM) decidiu que
apenas as atividades essenciais poderão funcionar na capital por dez dias, a
partir de sexta (26). Ele entrou em atrito com o governador Cláudio Castro
(PSC), que havia imposto o funcionamento de bares e restaurantes no
megaferiado, mas depois voltou atrás.
No vizinho Espírito Santo, a ocupação total de leitos chegou
a 93,5%, na segunda. Na região metropolitana da capital, Vitória, a taxa é de
95,8%. O governador Renato Casagrande (PSB) aumentou as medidas restritivas,
com uma quarentena de duas semanas, para tentar conter a disseminação do vírus.
"O colapso é iminente e não aconteceu ainda, pois temos
uma condição robusta de oferta de leitos, mas estamos com 92% dos leitos
ocupados. Se não faltar para Covid, pode faltar para quem teve um AVC, um
acidente", afirmou Casagrande, na sexta.
O Distrito Federal enfrenta um dos piores momentos da
pandemia, com 440 pessoas à espera de um leito de UTI. A taxa de ocupação
estava em 93,2% nesta terça.
Ao todo, há 429 leitos disponíveis pelo governo do Distrito
Federal, sendo que somente 27 estão vagos. São 40 leitos a mais que na última
semana.
Por conta das altas taxas de transmissão do vírus e da
ocupação de leitos, o governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou medidas
restritivas e toque de recolher de 22 horas às 5 horas. As medidas valem até o
dia 28 de março.
Além disso, o governador já anunciou a criação de três
hospitais de campanha, com cem leitos de UTI cada.
FONTE:FOLHAPRESS
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