Sem jogo coletivo, equipe alviceleste é derrotada pela
Colômbia na estreia da Copa América
Esqueça Messi por um instante. O que diferencia hoje a
Argentina de seleções menos badaladas do continente? Alguns dirão que são os
craques, como Agüero e Di María. Mas eles também estão no Uruguai, na Colômbia,
no Chile...
Outras equipes sul-americanas sentem falta destes jogadores,
mas compensam suas carências com jogo coletivo, como Paraguai, Peru e
Venezuela.
Outros lembrarão das glórias do passado, do peso da camisa.
Não deixa de ser verdade, mas a bicampeã mundial já não levanta uma taça há 26
anos – a última vez foi a Copa América de 93.
A derrota na estreia na Copa América por 2 a 0 para a
Colômbia evidencia algo que a Argentina já vinha mostrando há tempos: a seleção
não está à altura de Messi e nem mesmo de sua história.
Na Arena Fonte Nova, a equipe de Lionel Scaloni teve uma
atuação decepcionante, ainda mais pelos discursos da véspera da partida, que
tratavam de "desfrutar" da competição e "honrar a camisa".
Os primeiros 45 minutos foram de uma falta de criatividade
espantosa. Lo Celso e Di María jogavam praticamente colados à linha lateral
para ampliar o campo e abrir espaços na defesa colombiana. Assim, Paredes e
Guido Rodríguez ficavam encarregados de fazer a transição da defesa para o
ataque, mas quase nada produziram.
Percebendo o problema, agravado pela falta de participação
dos laterais, Messi recuava exageradamente, indo buscar a bola no campo de
defesa em alguns momentos. Com o camisa 10 longe do gol adversário, as coisas
ficavam mais difíceis. Com ele perto da área, a bola não chegava.
Quando a Colômbia atacava, a Argentina se postava no 4-4-2 e,
apesar de alguns sustos, conseguiu não ser vazada nos primeiros 45 minutos.
O intervalo fez bem para a seleção. Com De Paul no lugar de
Di María, que praticamente não foi notado em campo, a Argentina passou a jogar
mais pela esquerda e controlou os primeiros 20 minutos da etapa final. Foi
também o período de maior mobilidade do setor ofensivo da equipe.
O gol da Colômbia, aos 25, porém, desmontou tudo. O time
sentiu o baque e Messi passou a tentar resolver sozinho. Se já não bastasse,
Scaloni mexeu mal na equipe, trocando seis por meia dúzia. Ou por cinco, como
na substituição de Agüero por Suarez. Em vez de preencher mais o ataque e dar
uma opção de tabelas ao camisa 9, o treinador optou por sacá-lo.
A derrota logo na estreia traz tudo de volta: a pressão sobre
o técnico inexperiente, o fantasma da falta de títulos, as cobranças sobre
Messi... e tornam o jogo de quarta-feira, contra o Paraguai, no Mineirão, ainda
mais decisivo.
Num torneio em que oito de 12 times se classificam para o
mata-mata, é muito provável que a Argentina avance de fase. Mas será necessário
muito mais para chegar ao Maracanã em 7 de julho e acabar com o jejum. Só Messi
não basta.
Por Bruno Cassucci
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