Os dias que abalaram a vida do ex-governante de Cambuci (RJ), o homem
afastado da vida pública acusado de terceirizar a Prefeitura
No cemitério de São João do Paraíso, distrito de Cambuci, jaz
Oswaldo Botelho, o popular Vavado, ex-prefeito desta pequena cidade do Noroeste
Fluminense, no interior do Estado do Rio.
Era uma figura simplória e crédula. O hábito interiorano e a
fama de bom interlocutor entre eleitores locais e políticos de alto calibre o
transformou em abre portas nos Palácios.
Era amigo pessoal de figuras como Francisco Dornelles (PP),
que arrumava espaços na agenda para recebê-lo. Vavado, como todo interiorano,
era sempre uma visita inesperada. Tinha trânsito fácil entre desembargadores,
principalmente, entre os conterrâneos do Noroeste Fluminense que conseguiram
subir os degraus da magistratura.
Presenciou momentos históricos da política nacional. Foi
testemunha ocular do movimento para eleição de Tancredo Neves, com quem se
encontrou em Minas Gerais, levado pelo primo e mdebista histórico, Ecil
Batista.
Sua última experiência na administração pública foi a partir
de 2009, quando ganhou a eleição para governar Cambuci. Era um homem já castigado
pelas trombadas no ambiente inóspito da velha política.
Encontrou uma Cambuci bem diferente de sua primeira
administração, na década de 80. Os mecanismos administrativos eram outros e os
órgãos de controle externo bem mais atuantes.
O seu antecessor no cargo, por exemplo, o médico William
Cardoso Portes, foi preso por corrupção depois de deixar o governo. Ficou em
solitária e morreu no Hospital de Itaperuna (RJ) vestindo fralda
geriátrica.
Vavado não chegaria a tanto, mas seria varrido do poder por
uma tempestade devastadora. Foi afastado do cargo e encerrou a vida pública
inelegível por uma acusação atípica: teria terceirizado a Prefeitura em troca
de um salário de R$ 160 mil por mês, conforme atesta cópias do processo do
Tribunal de Justiça.
Se por um lado tinha boas relações, por outro lado tinha o
hábito de cochilar diante dos processos e como diz o velho ditado, “o direito
não socorre aos que dormem”. Alguns processos de Vavado, alguns no Tribunal de
Contas do Estado (TCE-RJ), foram julgados à revelia.
Vavado morreu em junho de 2017, aos 83 anos. Foi sepultado
sem grande alarde, seguindo a discrição que adotou nos seus últimos anos de
vida, mas detalhes deste episódio, com depoimentos do personagem, estão no
forno para virar livro a ser publicado pela editora Fonte Exclusiva.
FONTE: PORTAL VIU
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