Levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Câncer
(INCA) revelou que o Brasil somará cerca de 60 mil novos casos de câncer de
mama em 2019, número que corresponde a 28% de todos os diagnósticos da doença
registrados no país – o que faz dele o tumor mais incidente entre as mulheres
depois do câncer de pele-não melanoma. Mundialmente os dados também são
alarmantes: o câncer de mama afeta 2,1 milhões de pessoas por ano e é o quinto
que mais mata, de acordo com o Globocan 2018, um estudo da Agência
Internacional para a Pesquisa do Câncer.
Neste sentido, um dos principais mecanismos de controle e
identificação da doença ainda é a mamografia que, de acordo com o INCA, deve
ser feita por todas as mulheres com mais de 40 anos. Todavia, é justamente na
adesão a este exame de imagem que está um dos entraves para vencer a doença.
A Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (PNS), a mais recente
disponível no Brasil, aponta que 3,8 milhões de mulheres de 50 a 69 anos nunca
realizaram mamografia, o que corresponde a 18,4% da população feminina nessa
faixa etária. O maior índice entre as grandes regiões fica no Norte (37,8%),
contra 11,9% do Sudeste, que tem a menor taxa.
“O primeiro e principal passo para combatermos a doença é o
conhecimento. Temos que maximizar a exposição das informações para que cada vez
mais mulheres e população em geral estejam conscientes da necessidade de
realização da mamografia”, afirma Bruno Ferrari, oncologista e Presidente do
Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas.
A opinião do médico é endossada por um levantamento da
Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) que aponta para uma realidade
diretamente relacionada à evolução nos índices de envelhecimento da população:
uma em cada 12 mulheres receberá o diagnóstico de um tumor nas mamas até os 90
anos de idade. E a importância das medidas voltadas à conscientização sobre o
este tipo câncer ainda é justificada por mais um dado: as chances de cura
chegam a 95% dos casos quando o tumor é detectado no início.
Por isso Ferrari é taxativo, o diagnóstico precoce é
fundamental para as chances de recuperação dos pacientes. Ele lembra ainda que
mulheres com histórico de câncer na família, ou seja, cujas mães, avós ou irmãs
tiveram câncer de mama, devem iniciar o rastreio por mamografia mais cedo, aos
35 anos.
“Cerca de 10% dos casos de câncer de mama estão associados a
fatores genéticos hereditários, ou seja, transmitidos de pais para filhos.
Nessas situações, o controle preventivo deve ser iniciado antes mesmo dos 40
anos por conta do risco aumentado”, explica.
Incentivo a mudanças simples nos hábitos de vida – Além de realizar exames preventivos com
frequência, cultivar uma rotina saudável, de acordo com Ferrari, é a chave para
reduzir as taxas de câncer de mama. Parar de fumar, buscar uma alimentação
saudável e manter uma rotina de exercícios para ficar em forma estão, em geral,
associados à vaidade e a beleza. A boa notícia é que essas e outras atitudes
exercem também papel fundamental na prevenção do câncer de mama.
“A prática regular de exercícios físicos e adoção de uma
dieta alimentar balanceada são essenciais tanto para reduzir as chances de
incidência do câncer de mama quanto para reduzir os riscos de recidiva da
doença”, avisa.
Segundo o oncologista, obesidade, sedentarismo e tabagismo
estão entre os fatores evitáveis que podem contribuir para o surgimento da
doença.
E ele não está sozinho. Uma pesquisa publicada na revista
Nature e que contou com a colaboração do Ministério da Saúde revela que uma em
cada dez mortes em decorrência de câncer de mama no Brasil – cerca de 12% –
poderia ter sido evitada com a prática de atividade física regular. De acordo
com a pasta, os números mostram que, em 2015, 2.075 mortes poderiam ter sido
evitadas se as pacientes realizassem pelo menos uma caminhada de 30 minutos ao
dia cinco vezes por semana.
Um outro estudo da Sociedade Norueguesa de Câncer, realizado
com 102.098 mulheres na Noruega e na Suécia durante dez anos, descobriu que, em
comparação com os não fumantes, aquelas que fumaram 10 ou mais cigarros por dia
durante 20 ou mais anos tinham um três vezes mais risco de desenvolver câncer
de mama invasivo. Meninas que começavam a fumar antes dos 15 anos tinham quase
50% mais chances de ter o tumor.
A importância desse tipo de atitude não fica apenas na
prevenção, alerta o médico. “Uma série de pesquisas científicas como essas
sugerem que indivíduos que praticam atividade física e seguem uma dieta
equilibrada têm melhores respostas ao tratamento e, portanto, apresentam taxa
de sobrevivência maior ao câncer cinco anos após o diagnóstico”, destaca Bruno
Ferrari.
FONTE: ELIZEU PIRES
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