O Comitê de Bacia da Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do
Sul e Itabapoana, instituição responsável por promover a gestão dos recursos
hídricos nas regiões Norte e Noroeste Fluminenses, emitiu uma nota pública,
nesta quarta-feira (29), sobre o fechamento da barra na foz do rio Paraíba do
Sul, no Pontal de Atafona, em São João da Barra, ocorrida no último fim de
semana. No documento, o comitê afirma que foram realizadas mudanças
significativas nas operações dos reservatórios buscando a preservação do abastecimento
das capitais fluminense e paulista em detrimento da porção final do Paraíba e
que tais decisões abalam não apenas o legítimo direito ao desenvolvimento das
diversas regiões e sub-regiões hidrográficas, mas também o pacto federativo, o direito à vida e à
dignidade humana. Neste domingo, a Folha da Manhã trouxe uma matéria com o
ambientalista e historiador Aristides Soffiati, na qual ele afirma que processo
que ocorre em Atafona não é natural.
“Acreditamos que sozinhos sejamos capazes apenas de promover
a identificação e dimensionamento dos problemas atuais e projetar algumas
consequências futuras da crise que vivenciamos, mas só com a união e
engajamento dos diversos atores da sociedade é que poderemos avançar na
conquista de soluções efetivas, que passam fundamentalmente por aportes justos
de recursos de compensações, de quem usa grandes volumes de água e que impõem a
escassez para as populações a jusante”, afirma o Comitê em nota.
De acordo com o documento, desde a década de 60, quando foi
concretizada a transposição de cerca de 2/3 do volume de água para
abastecimento do sistema Guandu, a foz do rio vem perdendo sua força e o mar
vem avançando com grande velocidade, gerando aumento no fenômeno de intrusão
salina, identificado desde 2014, e a diminuição do transporte de sedimentos
que, pela baixa vazão, não chega ao mar e vem se acumulando ao longo da calha
do paraíba de São Fidélis até a foz.
“Não sabemos a reação da natureza a essa mudança de barra do
rio e muito menos o futuro das populações que sempre dependeram do rio, tanto
pela agricultura como pela pesca comercial e de subsistência, conforme relatos
em nossas câmaras técnicas, ao longo desses anos de redução de chuvas e de
vazões”, acrescenta.
Fechamento - Desde sábado (26), pelo menos, Atafona não é
mais a foz do rio Paraíba do Sul, ao menos por hora. Segundo as prospecções do
ambientalista Aristides Soffiati, se medidas para reverter a situação não forem
tomadas com urgência, a tendência é de que o local vire uma espécie de lagoa,
como ocorreu em Barra do Furado e nas lagoas do Açu, Iquipari e Grussaí. O
agravante é o fato dos exemplos citados não se tratarem de um rio principal e
perene. O avanço das areias foi mostrado em matéria publicada em agosto deste
ano, quando a passagem de pescadores foi bloqueada e a solução foi a abertura
de um canal. Com o fechamento, os pescadores terão acesso ao mar por São
Francisco de Itabapoana, o que pode trazer reflexos para a economia local.
quando a passagem de pescadores foi bloqueada e a solução foi a abertura de um
canal. Com o fechamento, os pescadores terão acesso ao mar por São Francisco de
Itabapoana, o que pode trazer reflexos para a economia local.
FOLHA 1
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