O ex-deputado estadual Marco Figueiredo (Pros) foi alvo de
uma denúncia do Ministério Público do Rio (MP-RJ) por ter, de acordo com o MP,
chefiado um esquema da prática conhecida como "rachadinha", na
Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), envolvendo o auxílio educacional
concedido aos servidores.
Marco e funcionários foram denunciados por peculato e lavagem
de dinheiro. O MP pediu ainda que os denunciados sejam submetidos a medidas
cautelares como a retenção de seus passaportes, a proibição de deixar o país e
a suspensão de funções públicas. Em resposta ao Fantástico, Márcio Figueiredo
disse que vai provar sua inocência em momento oportuno.
O Fantástico revelou a denúncia, que aponta que o dinheiro
concedido para o pagamento de mensalidades de colégios particulares de filhos
dos funcionários era embolsado pelo gabinete do deputado.
Encaminhada à Justiça há 15 dias, a suspeita é de que a
prática ocorria há dez anos. Uma ex-funcionária do deputado, Rosângela Prado,
coletou provas durante um ano e entregou ao MP-RJ indícios do recolhimento de
salários e benefícios de servidores por políticos.
Entre as vítimas do esquema encontradas pelo
"Fantástico" estão os seis filhos de uma mulher que nunca trabalhou
na Alerj, e que sempre estudaram em escolas públicas.
Entenda como funcionava a prática
Claudio Caio, promotor de Justiça do MP/RJ contou como
ocorria a dinâmica da prática de corrupção, conhecida como
"rachadinha", quando um servidor devolve parte ou todo o salário para
o gabinete. Segundo a denúncia o esquema acontecia da seguinte forma:
Através de centros sociais e líderes comunitários, pessoas
humildes, e, preferencialmente, que tivessem muitos filhos eram aliciadas.
Benefícios assistenciais governamentais eram oferecidos para
essas pessoas, que forneciam seus documentos para um suposto cadastro nesses
programas.
Com esses documentos em mão, o gabinete do deputado Marco
Figueiredo nomeava essas pessoas como servidoras, para cargos comissionados na
Alerj, sem que as mesmas tivessem qualquer consciência sobre isso.
Como os "novos servidores" tinham vários filhos,
eles tinham direito ao auxílio educacional, na época de R$450 por criança.
Com os documentos, as crianças eram matriculadas em escolas
particulares, sem conhecimento dos pais e sem comparecimento das mesmas. Elas
nunca chegaram a frequentar essas instituições.
O dinheiro do auxílio era concedido e embolsado pelo gabinete
do deputado.
Outros 25 gabinetes da Alerj são investigados por Claudio
Caio pela prática de rachadinha.
Rosângela Prado, responsável por entregar as provas ao
Ministério Público, disse ter sido ameaçada pelo ex-presidente da Alerj, Paulo
Melo "Eu recebi a visita do Paulo Melo no shopping e ele me disse 'cuidado
para você não chorar pelas suas filhas", contou ao Fantástico.
Flávio Bolsonaro, Queiroz e a 'rachadinha'
Na última semana, o ministro Gilmar Mendes, do Superior
Tribunal Federal, atendeu a um pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro e
suspendeu todas as investigação contra o político. Flávio Bolsonaro sempre
negou qualquer irregularidade, mas, no Caso Queiroz, ele foi alvo de uma
investigação sobre a prática de "rachadinha" que teria acontecido no
gabinete de Flávio na Alerj.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou a
existência de uma organização criminosa no gabinete do então deputado Flávio
Bolsonaro, que desviava recursos públicos e mostrava movimentações financeiras
suspeitas que envolviam Flávio e seus assessores parlamentares.
FONTE G1
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