Transformar o Maracanã em uma grande Sapucaí tem se tornado
algo tradicional para o Flamengo. Embalado pelo ritmo de carnaval, o
rubro-negro queria festejar. Mas não foi fácil. O Boavista até tentou colocar
água no chope, mas ninguém tem farreado melhor no Rio de Janeiro ultimamente
como o rubro-negro. De virada, a vitória por 2 a 1 rendeu o título da Taça
Guanabara para os comandados de Jorge Jesus, que agora podem cair na folia sem
hora para acabar.
Apesar do 22º título conquistado, o Flamengo passou longe de
jogar por música. Muito porque, antes de a bola rolar, Jorge Jesus deixou um
recado claro sobre a importância dada às competições que está disputando: a
prioridade neste primeiro semestre é a Recopa Sul-Americana, com jogo de volta
marcado para esta quarta-feira, e não a Taça Guanabara. Isso ficou visível
quando a escalação recheada de reservas e totalmente desentrosada foi divulgada
— Gabigol e Gustavo Henrique foram os únicos titulares. A consequência foi
tornar a final muito mais complicada do que deveria ser.
Enquanto o Flamengo entrou em campo parecendo realizar um
treino de luxo, o Boavista teve a consciência de estar em uma final de turno.
Tanto que o início avassalador e intenso da equipe de Saquarema não demorou
para ser refletido no placar. César já havia feito duas boas defesas antes do
sofrer o golaço de falta marcado por Jean Victor.
O ânimo exaltado de Gabigol mostrava que as coisas não
caminhavam bem, mas a quantidade de faltas sofridas pelo camisa 24 (número
adotado neste jogo pela campanha contra a homofobia no futebol) simbolizava
como bastava tocar poucas vezes na bola para levar perigo. Diferentemente do
habitual, as principais jogadas de perigo rubro-negras vinham de brilhos
individuais ou bolas aéreas.
Após o susto, o rubro-negro subiu de intensidade, igualou as
ações e um lance chave mudou o caminhar da partida: ainda na primeira etapa,
Diego Ribas acertou um despretensioso chute de fora da área — aproveitando o
desvio na defesa — e empatou. Foi o suficiente para mudar totalmente a
atmosfera do Maracanã .
O que era tensão, virou confiança. O nervosismo rubro-negro
passou para o lado alviverde e foi questão de tempo para a virada acontecer.
Ainda mais quando Jorge Jesus colocou os titulares Everton Ribeiro e Willian
Arão no jogo.
Tudo poderia ter sido mais tranquilo se a bola na trave de
Michael tivesse entrado, se a cabeçada de Pedro não tivesse saído por cima da
meta ou se Everton Ribeiro tivesse caprichado nas finalizações.
Mas tudo parecia escrito para o gol da virada ser do principal
personagem da noite. Quando se precisa de gol, ele sempre está lá. Ao tabela
com Pedro, Gabigol bateu na saída do goleiro Klever para virar para o Flamengo
e explodir o Maracanã. Foi o gol da virada, do título da Taça Guanabara e da
vaga na final do Carioca.
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