Em pronunciamento, ministro elogiou a autonomia que os
governos petistas deram às instituições de combate à corrupção no país e citou
papel de Aleixo na prisão de Lula
Brasília - O ex-juiz Sergio Moro anunciou, em um
pronunciamento oficial feito na manhã desta sexta-feira, sua saída do
Ministério da Justiça e Segurança Pública. A saída já havia sido antecipada
pela imprensa, após o presidente da República, Jair Bolsonaro, decidir demitir
o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, na tarde desta
quinta-feira.
Moro afirmou que a demissão de Aleixo representa "uma
interferência política na Polícia Federal, cujos resultados são
imprevisíveis".
"Eu não podia aceitar essa demissão. Tenho que preservar
a minha biografia, mas tenho que respeitar, acima de tudo, o compromisso que
fiz com o próprio presidente, de que seríamos firmes no combate à
corrupção", afirmou o ministro, ressaltando em seguida que o combate à
corrupção pressupõe necessariamente de autonomia nos órgãos federais.
"Sempre tive o apoio do presidente, mas, a partir do
segundo semestre do ano passado, passou a haver uma insistência do presidente
em trocar o diretor-geral da Polícia Federal". Moro afirmou que não houve
motivo técnico para a demissão de Aleixo. "É uma violação de uma promessa
que me foi feita, de que eu teria carta branca (para indicar,) e fica clara a
interferência política na Polícia Federal", concluiu.
Em seu discurso, o ministro falou sobre a Operação Lava Jato
e o combate à corrupção no país, que sempre trouxeram preocupação quanto à
autonomia dos órgãos. "Sempre tivemos uma preocupação com a interferência
do poder executivo nos rumos da operação". Moro elogiou a autonomia que os
governos petistas deram às instituições de combate à corrupção no país e citou
o papel de Valeixo - diretor da Polícia Federal exonerado nesta sexta-feira -
na prisão do ex-presidente Lula em 2018.
Moro também negou que houvesse um acordo para ganhar um cargo
no Supremo Tribunal Federal ao aceitar assumir o ministério. "A única
condição que eu coloquei (quando assumi o cargo) foi que, como eu estava
abandonando 22 anos da magistratura, pedi apenas que - já que nós íamos ser
firmes contra a criminalidade - se algo me acontecesse, a minha família não
ficasse desamparada, sem uma pensão. Foi a única condição que coloquei para
assumir o ministério da Justiça", atestou.
O ministro também desmentiu o que foi dito pela Secretaria
Especial de Comunicação Social (Secom) na manhã desta sexta-feira, de que
Valeixo teria pedido para sair. "Sinto que tenho o dever de proteger a
instituição da Polícia Federal e entendi que não podia deixar de lado meu
compromisso com o estado de direito. Em nenhum momento o diretor da Polícia Federal
apresentou um pedido formal de exoneração", afirmou.
"Tive outras divergências com o presidente da República,
mas não vou falar sobre elas - fica para outra ocasião", concluiu Moro.
FONTE:O DIA
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