O oncologista Nelson Teich agradeceu a sua equipe ao se
despedir do Ministério da Saúde, cargo do qual ele pediu demissão nesta
sexta-feira, menos de um mês depois de assumi-lo.
— A vida é feita de escolhas e hoje eu escolhei sair [...]
Não é uma coisa simples estar a frente de um ministério como esse em um período
tão difícil. Agradeço ao meu time que sempre esteve ao meu lado. É um trabalho
de um grande time — disse o ministro.
Durante sua fala, Teich defendeu a importância de articulação
com estados e municípios e afirmou que deixou diretrizes para orientar a tuação
desses gestores. Segundo ele, essa articulação é "essencial" para
conduzir a saúde no país.
— Deixo um plano de trabalho pronto para auxiliar os
secretários estaduais e municipais, prefeitos e governadores a tentar entender
o que está acontecendo e definir próximos passos.
Apesar da referência, a articulação falha do ministro com
gestores estaduais e municipais foi um dos elementos de seu isolamento na
pasta. Na quarta-feira, Teich desistiu de apresentar a matriz de isolamento
proposta pelo ministério após não conseguir consenso diante da proposta.
Diferentemente de seu atencessor, Teich evitou falar sobre
motivos que possam ter levado à decisão de sair da pasta e apenas agradeceu o
presidente Bolsonaro pela "oportunidade" de atuar no SUS.
— Seria muito ruim para minha carreira não ter tido a
oportunidade de atuar no ministério pelo SUS. Nasci graças ao serviço público,
sempre estudei em escola pública, minha faculdade foi pública, minhas
residências foram em hospitais federais. Fui criado pelo sistema público —
disse o ex-ministro.
— Eu não aceitei o convite pelo cargo, aceitei porque achei
que poderia ajudar o Brasil e ajudar as pessoas — acrescentou.
Teich pediu demissão nesta sexta-feira após 27 dias no
comando do Ministério da Saúde. Ele assumiu o cargo no lugar de Luiz Henrique
Mandetta (DEM), que também deixou o cargo em meio a desentendimentos com o
presidente Jair Bolsonaro.
As discordâncias entre Bolsonaro e Teich começaram quando o
ex-ministro anunciou que a diretriz do governo para orientar estados e
municípios em relação às medidas de distanciamento previa o bloqueio total,
conhecido como "lockdown", medida que contraria o presidente,
favorável à reabertura da economia.
O cenário piorou nos últimos dias depois que o presidente
exigiu que o Ministério da Saúde alterasse um protocolo do governo para
recomendar o uso de medicamentos à base de cloroquina a pacientes infectados
pela Covid-19 desde os estágios iniciais da doença.
Bolsonaro é um defensor do uso do medicamento, apesar de não
haver consenso na comunidade científica sobre os benefícios da droga no
tratamento da doença. Ao contrário, há estudos que indicam que o uso do
medicamento pode causar efeitos colaterais como arritmias cardíacas.
Apesar da insistência do presidente, Teich se mostrou
contrário a uma recomendação de uso mais ampla para o medicamento. Atualmente,
o protocolo do Ministério da Saúde é para que a droga só seja usada em
pacientes considerados graves ou críticos.
Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), no
entanto, libera médicos a receitarem o medicamento em outras fases da doença,
desde que os pacientes sejam previamente informados sobre os seus possíveis
efeitos colaterais.
FONTE:EXTRA ONLINE
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