O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta
quarta-feira, 13, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não está à
"altura do cargo" e que falta liderança no governo para enfrentar a
pandemia do coronavírus. "Tenho a sensação que (Bolsonaro) é um homem que
age por impulso. Dá uma sensação de uma certa arrogância: 'vai passar, eu sou
atleta'. Não adianta ser atleta. É preciso humildade na tragédia", disse o
tucano em live promovida pela ONG Casa do Saber.
No momento que o Brasil registra um aumento sistemático de
casos de contaminação do covid-19, o ex-presidente afirmou que os ministros da
área econômica "estão perdidos" na função e que demitir o então
ministro da Saúde, Henrique Mandetta (DEM), foi "insensato". "Ele
falava, explicava", disse FHC. O tucano também voltou a dizer que
Bolsonaro foi eleito por uma agenda negativa de rejeição ao PT.
Sobre o movimento pelo impeachment, que conta com mais de 30
pedidos protocolados na Câmara assinados por partidos e lideranças de esquerda
e direita, FHC disse que esse processo deixa marcas. "É melhor evitar. Mas
quem tem que evitar mesmo é quem está no poder. Bolsonaro está cavando a
própria fossa. Pare de cavar, meu Deus. Não quero isso. Sei o custo histórico.
Eu me opus ao impeachment do presidente Lula. Ele foi o primeiro líder sindical
que chegou à Presidência. Vamos tirar? Isso fica na história. Eu não me movo na
direção de derrubar alguém, mas se esse alguém não melhora, ele cai",
disse o tucano.
Na live, FHC também tocou em um tema sensível ao
bolsonarismo. "Na medida que o Executivo não é competente em certas áreas,
outros Poderes ganham espaço", declarou. Sobre as eleições presidenciais
de 2022, o ex-presidente citou dois nomes tucanos como opção para o Palácio do
Planalto, os governadores Eduardo Leite (RS) e João Doria (SP), mas não
descartou apoiar um nome de outra legenda . "Vou apoiar quem vai fazer uma
ponte, independente do partido".
O tucano citou ainda o aumento do número de militares em
cargos-chave do governo. "Não creio que as Forças Armadas estão fazendo um
movimento para ocupar o poder. É a fraqueza do presidente que leva a nomear muitos
militares. Nomeação de militares é sinal de fraqueza."
Fonte POR ESTADAO CONTEUDO
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