Quando, no dia 7 de maio, o ex-subsecretário de Saúde
Gabriell Neves foi preso sob acusação de comandar um esquema de fraude nos
contratos emergenciais feitos pelo governo do Rio em nome do enfrentamento do
coronavírus, o então titular da pasta, o médico anestesista e tenente-coronel
da Polícia Militar Edmar Santos disse que não sabia de nada sobre as
irregularidades. Dois meses depois o Ministério Público apontou que ele não só
tinha conhecimento do esquema como era um dos cabeças do que o MP classifica de
“organização criminosa”.
O ex-secretário foi preso na última sexta-feira (10) e
entregou espontaneamente R$ 8,5 milhões, quantia que chegou a ser divulgada
como apreendida. Mais que a prisão, preocupa a devolução do dinheiro, pois
isso, diz gente que acompanha de perto a situação, é sinal de que Edmar – para
o desespero de muitos, senão do próprio governador Wilson Witzel – está
colaborando com as investigações.
Com pose e discurso de detentor do monopólio da honestidade,
Wilson Witzel tomou posse em janeiro de 2019 “andando” para Assembleia Legislativa.
Achava que a turma que gosta de posar para fotos fazendo arminha com as mãos
seria suficiente para protegê-lo, mas tomou pancada logo de cara, quando
resolveu se lançar candidato a presidente da República. Nomeou um advogado do
Espírito Santo secretário e o colocou para conversar com os deputados, mas o
que Lucas Tristão fez foi tentar intimidar os parlamentares, achando que estava
com a bola toda. Tristão tropeçou na própria cadeira, vieram a prisão do
empresário Mario Peixoto e a descoberta das fraudes nos contratos emergenciais,
desgraça pura para o ex-juiz que achava que governar é o mesmo quer dar uma
sentença contra um réu sem muitos recursos para se defender.
Impeachment pode ser dos males o menor – Na última
quarta-feira (8) começou a ser contado o prazo de dez sessões para que Witzel
apresente sua defesa na Comissão Parlamentar de Inquérito aberta pela
Assembleia Legislativa que está investigando as fraudes nos contratos da Saúde
e o suposto envolvimento dele com o empresário Mário Peixoto.
Já se sabe que a esposa dele recebeu dinheiro de uma empresa
ligada à Peixoto e que seu o ex-braço direito no governo, o advogado Lucas
Tristão, tem uma amizade antiga com o empresário, mas tem gente achado que os
R$ 8,5 milhões entregues por Edmar Santos pode ser apenas o começo.
Na semana passada
Witzel foi desobrigado de prestar depoimento por uma liminar do presidente do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, o mesmo
que colocou Fabrício Queiroz, o homem da rachadinha, em prisão domiciliar.
Witzel ia prestar esclarecimentos na investigação que apura desvios de recursos
nas emergenciais da covid-19, mas livrou-se disso pelo menos por enquanto, pois
há quem acredite que as coisas para o lado do governador deverão se complicar
ainda mais daqui para frente, e que a cassação que parece cada dia mais
iminente, poderá vir a ser o menor dos males para o ex-juiz.
FONTE:ELIZEU PIRES
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