Os que acham que Bolsonaro tem responsabilidade somam 52%
-são 11% os que o veem como principal culpado e 41% os que dizem que ele é um
dos culpados, mas não o principal
ÃO Poucos dias depois de o Brasil atingir 100 mil mortos pelo
novo coronavírus, os brasileiros mostravam-se divididos em relação à responsabilidade
de Jair Bolsonaro (sem partido) pela trágica marca.
Quase metade deles, 47%, dizem acreditar que o presidente não
tem culpa nenhuma pelos óbitos. Os que acham que Bolsonaro tem responsabilidade
somam 52% -são 11% os que o veem como principal culpado e 41% os que dizem que
ele é um dos culpados, mas não o principal.
Os dados são de pesquisa Datafolha feita por telefone com
2.065 brasileiros adultos que têm celular, nos dias 11 e 12 de agosto. A marca
das 100 mil mortes pela Covid-19 foi atingida no dia 8 de agosto, menos de
cinco meses apos o registro da primeira morte decorrente da doença no país.
O percentual dos que não atribuem ao presidente
responsabilidade pelas mortes é maior entre aqueles que consideram seu governo
ótimo ou bom (80%) e entre os que votaram nele no segundo turno das eleições
(64%). De forma inversa, entre os que consideram o atual governo ruim ou
péssimo, 86% creem na responsabilidade parcial ou total do governante pelos
óbitos.
A mesma pesquisa mostrou que Bolsonaro tem a melhor avaliação
desde começou seu mandato, em 2019: 37% consideram seu governo ótimo ou bom,
como mostrou a Folha de S.Paulo na quinta (13). Os que avaliam o governo como
regular são 27% e os que o veem como ruim ou péssimo, 34%.
Segundo o Datafolha, entre os brasileiros de maior renda
(mais de dez salários mínimos) somam 61% os que veem Bolsonaro como o principal
ou um dos culpados pelas mortes. Já entre quem ganha até dois salários mínimos,
49% acham que o presidente não tem nenhuma culpa, mesmo percentual da soma dos
que o veem como principal culpado ou corresponsável.
Quando se divide a população por raças, são os pretos o grupo
que mais vê culpa do presidente: para 14% ele é o principal culpado pelas
mortes, e para 48%, um dos culpados. Também nesse grupo está o menor percentual
dos que não veem nenhuma responsabilidade de Bolsonaro, 37%, ante 49% dos
pardos e 44% dos brancos.
Desde o início da pandemia, o presidente vem minimizando a
doença e defendendo a reabertura de comércios e relaxamento de medidas de
isolamento social.
As restrições têm sido amenizadas nas cidades e nos estados
nos últimos meses, apesar de o contágio pelo vírus, até esta sexta, ainda estar
em estágio acelerado em seis unidades da Federação, inclusive nas duas mais
populosas, São Paulo e Minas Gerais.
Mais de 3 milhões de brasileiros já foram infectados pelo
coronavírus segundo os registros oficiais, mas o número provavelmente é maior
por causa da subnotificação.
As decisões sobre distanciamento social e restrições à
circulação para controlar o contágio têm sido majoritariamente tomadas pelos
estados e municípios. Em pesquisa Datafolha feita nos dias 25 e 26 de maio, 39%
dos brasileiros atribuíam aos governadores de seus estados muito ou um pouco da
responsabilidade pelo avanço do coronavírus no Brasil. Na pesquisa mais
recente, esse percentual variou para 42%, dentro da margem de erro.
Já o percentual dos que dizem crer que Bolsonaro tenha muita
ou alguma responsabilidade pelo avanço da doença variou de 53% em maio para 49%
em agosto, também dentro da margem de erro.
Quase metade dos brasileiros (49%) também vê responsabilidade
do país como um todo, concordando com a afirmação de que o Brasil não fez o
suficiente para evitar as mais de 100 mil mortes registradas até agora. O
restante se divide entre aqueles que dizem ter sido feito o necessário para
tentar evitar as mortes (24%) e aqueles que afirmam que nada as poderia ter
evitado (22%).
Um dos focos de críticas ao governo Bolsonaro dentro e fora
do Brasil tem sido a condução da pandemia pelo Ministério da Saúde, que teve
seu titular substituído duas vezes desde a chegada do coronavírus ao
território, em fevereiro.
Luiz Henrique Mandetta, que ocupava a pasta desde antes da
Covid-19, foi demitido em abril em meio a discordâncias entre ele e Bolsonaro em
relação à necessidade de isolamento social e ao uso da cloroquina para o
tratamento da doença. Foi substituído pelo médico Nelson Teich, que ficou menos
de um mês no cargo e também entrou em embate com o presidente por causa da
cloroquina. Desde maio, a pasta da Saúde é ocupada interinamente pelo general
Eduardo Pazuello.
Enquanto Mandetta participava de entrevistas coletivas
diárias sobre as ações do ministério para o controle do coronavírus e tinha
aprovação de 76% dos brasileiros antes de sua demissão, o atual ocupante da
pasta faz raras aparições públicas, o que pode explicar o fato de 90% dos
brasileiros não saberem o nome do ministro -88% admitem desconhecê-lo e 2%
disseram outros nomes.
ENTREVISTAS FORAM FEITAS POR TELEFONE DEVIDO À PANDEMIA
A pesquisa telefônica, utilizada neste estudo, representa o
total da população adulta do país. As entrevistas são realizadas por
profissionais treinados para abordagens telefônicas e as ligações feitas para
aparelhos celulares, utilizados por cerca de 90% da população.
O método telefônico exige questionários rápidos, sem
utilização de estímulos visuais, como cartão com nomes de candidatos, por
exemplo.
Assim, mesmo com a distribuição da amostra seguindo cotas de
sexo e idade dentro de cada macrorregião, e da posterior ponderação dos
resultados segundo escolaridade, os dados devem ser analisados com cautela por
limitar o uso desses instrumentos.
Na pesquisa, feita assim para evitar o contato pessoal entre
pesquisadores e respondentes, o Datafolha adotou as recomendações técnicas
necessárias para que os resultados se aproximem ao máximo do universo que se
pretende representar.
Todos os profissionais do Datafolha trabalharam em casa,
incluídos os entrevistadores, que aplicaram os questionários por meio de central
telefônica remota.
FONTE:BRASIL AO MINUTO
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