A Câmara Municipal do Rio de Janeiro vai decidir na
quinta-feira, 3, se abre processo de impeachment contra o prefeito Marcelo
Crivella (Republicanos), em função do uso de servidores públicos para tentar
impedir a realização de reportagens na porta de hospitais municipais. A
denúncia foi feita na segunda-feira (31) pela TV Globo, em reportagens exibidas
pelo “RJTV 2” e pelo “Jornal Nacional”. Marcada para as 15h, a sessão
legislativa precisa ter a presença de pelo menos 26 vereadores para começar. A
decisão será tomada por maioria simples (metade mais um dos presentes).
Dois pedidos de impeachment foram protocolados na Câmara
nesta terça-feira, 1º, um deles apresentado pela deputada estadual e
pré-candidata a prefeita do Rio Renata Souza (PSOL) e outro pelo vereador Átila
Nunes (DEM). Após pareceres favoráveis da Procuradoria e da Secretaria Geral da
Mesa Diretora, o presidente da Câmara, vereador Jorge Felippe (DEM), decidiu
submeter a votação o pedido de Renata Souza.
A decisão de votar o pedido será publicado no Diário Oficial
do Município nesta quarta-feira, 2, e por isso só pode ser votado na sessão do
dia seguinte. As reuniões da Câmara têm acontecido de forma semipresencial:
alguns vereadores vão pessoalmente à Casa, enquanto outros participam pela
internet.
Se o processo de impeachment for aberto, será criada uma
comissão processante composta por três vereadores escolhidos por meio de
sorteio. O prefeito terá dez dias úteis para apresentar sua defesa, e o
processo inteiro pode levar até três meses. A gestão de Crivella termina daqui
a quatro meses.
Os vereadores também planejam a criação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. O pedido foi apresentado
pela vereadora Teresa Bergher (Cidadania) e nesta terça-feira já reunia 17
assinaturas, número suficiente para que a CPI seja instalada, após os trâmites
burocráticos.
A denúncia
O motivo do pedido de impeachment é a organização de grupos
de funcionários públicos municipais que, contratados em comissão (sem
concurso), são orientados a fazer plantões diários na frente de hospitais
municipais para tentar impedir a realização de reportagens com denúncias sobre
problemas das unidades de saúde. Conforme mostrou a TV Globo, havia uma escala
de trabalho e os grupos tinham que comprovar presença nos hospital enviando
selfies para grupos de Whatsapp (o principal deles chama Guardiões do Crivella).
Quando um repórter começava a gravar uma reportagem, esses funcionários
municipais passavam a gritar palavras de ordem, na tentativa de interromper a
gravação – nas imagens exibidas pela TV, os termos usados eram “Globo lixo” e
“Bolsonaro”. Outra função desses funcionários era convencer pacientes a não
conceder entrevistas com críticas ao hospital – ou então também tentar
interromper as entrevistas, aos gritos.
Em nota divulgada na noite de segunda-feira, 31, a prefeitura
admitiu a existência desses grupos, mas disse que sua função era “informar a
população e evitar riscos à saúde pública”. Segundo a prefeitura, certa vez a
imprensa veiculou que o hospital Albert Schweitzer, em Realengo (zona oeste),
estava fechado, mas a unidade funcionava normalmente. “A Prefeitura destaca que
uma falsa informação pode levar pessoas necessitadas a não buscarem o
tratamento onde ele é oferecido, causando riscos à saúde”, concluía o texto.
Fonte:Estadao Conteudo
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