Gabriela Moraes de SantanaGabriela Moraes de Santana / Divulgação
Enxergar possibilidades nas pequenas coisas e transformá-las
em grandiosas, essa atitude permitiu que a estudante baiana Gabriela de
Santana, 17, visse na casca do ovo de galinha a chance de devolver sorrisos a
pessoas banguelas. A ideia incomum é promissora e, atualmente, a jovem se
debruça acerca do projeto Pônticos Dentários Confeccionados com Hidroxiapatita
Produzida a Partir da Casca de Ovo da Gallus Gallus Domesticus, que visa
baratear o custo das próteses dentárias.
“Teve um momento da minha vida que eu comia muito ovo e,
então, parei para pensar ‘não é possível que o Brasil seja um dos maiores
produtores de ovo do mundo e que a gente coma e descarte tanto as cascas. Será
que elas não têm utilidade de fato?’, questionava-se a estudante começou a
desenvolver o projeto de Iniciação Científica da Escola SESI Djalma Pessoa,
onde ela cursa o Ensino Médio.
A pesquisa rendeu para Gabriela conhecimentos que extrapolam
a sala de aula e o primeiro lugar no Prêmio Jovem Cientistas 2019, realizado
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), além da participação entre as
finalistas na 18ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). “Quando
você vai para a Feira, seja como ouvinte ou como participante, é lindo porque
você vê que o jovem é capaz de fazer ciência e, muitas vezes, a gente duvida do
nosso potencial por sermos novos demais. Eu via projetos incríveis de pessoas que
estavam ali fazendo acontecer, projetos que vêm para agregar e trazer um
impacto muito grande na vida das pessoas. Eu sou extremamente grata por ter
participado e estar participando até hoje”.
Com a ajuda do corpo docente de Engenharia de Produção do Centro
Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), professores e aluna
conseguiram, ao longo dos últimos dois anos, superar os desafios que surgiram
durante o processo. “Eles sugeriram que fizéssemos um biopolímero com a
hidroxoapatita, misturando o ácido cítrico e outra substância, para
conseguirmos um biopolímero que não derretesse na boca em contato com o ácido e
tivesse uma resistência muito grande. Assim, conseguimos ter o objeto, a
estrutura”, revela o professor Marcelo Barreto, que ajudou a orientar o
projeto.
Com uma bagagem para lá de diferenciada, a estudante Gabriela
já tem planos definidos: ingressar no curso de Biomedicina e conseguir
aprofundar seu projeto de pesquisa na faculdade. Ao olhar para trás, ela hoje
tem uma certeza ainda maior do que quer para o futuro: “aquela menina que
brincava com os produtos de limpeza de casa está conseguindo”, vibra.
O desperdício de uma inusitada matéria-prima de um lado, o
sorriso banguela no rosto de tantos brasileiros na outra ponta. De acordo com a
pesquisa “Percepções latino-americanas sobre perda de dentes e autoconfiança”,
realizada pela Edelman Insights, cerca de 16 milhões de pessoas vivem sem um
dente sequer no país. Na faixa etária acima dos 60 anos, 41,5% dos brasileiros
já perderam todos os dentes. “É um problema que compromete a saúde fisiológica
e autoestima das pessoas. Então, é um problema que afeta a qualidade de vida”,
resume a jovem cientista.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil
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