Crivella e outros cinco alvos foram presos em operação do MPRJ e da Polícia Civil contra um 'QG da Propina' na prefeitura. Entre eles, o empresário Rafael Alves, homem forte do prefeito
POR LUANA BENEDITO E GUSTAVO RIBEIRO
Rio - O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), foi
preso na manhã desta terça-feira (22). Agentes da Polícia Civil e do Ministério
Público (MPRJ) estiveram na residência do político no condomínio Península, na
Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Seis mandados de prisão foram cumpridos e
um continua em aberto, porque o alvo não foi encontrado em sua residência.
Crivella foi preso em operação do MPRJ e da Polícia Civil, em
um desdobramento da investigação do suposto "QG da Propina" na
Prefeitura do Rio. Ele é apontado como líder da organização criminosa. Além do
prefeito, foram presos o empresário Rafael Alves, homem forte de Crivella e
apontado como operador do esquema, o delegado Fernando Moraes, o ex-tesoureiro
de Crivella Mauro Macedo e os empresários Adenor Gonçalves e Cristiano
Stockler, da área de seguros.
O delegado Fernando Moraes foi citado em uma conversa entre o
ex-senador Eduardo Lopes e o empresário Rafael Alves. O ex-senador Eduardo
Lopes também é alvo da ação, mas não foi encontrado em sua residência no Rio de
Janeiro. Ele mora em Belém, no Pará.
Cinco dos seis presos foram levados para a Delegacia
Fazendária, na Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte do Rio, exceto o
delegado Fernando Moraes, que foi levado para a sede da Polinter porque está
com sintomas de covid-19.
Ao chegar à Cidade da Polícia, Crivella disse que é vítima de
uma "perseguição política" e pediu "justiça". "É
perseguição política. Lutei contra o pedágio ilegal, injusto. Tirei recurso do
carnaval, negociei o VLT. Fui o governo que mais atuou contra a corrupção no
Rio de Janeiro", disse. Questionado sobre qual sua expectativa agora, o
prefeito respondeu que espera justiça.
Os demais presos não deram declarações ao chegarem à Cidade da
Polícia. Um mandado de busca e operação está sendo cumprido em Angra dos Reis.
Os investigadores buscam uma lancha de 77 pés que pertence ao empresário Rafael
Alves.
A decisão que levou às prisões é da desembargadora Rosa
Helena Penna Macedo Guita. Os mandados foram cumpridos pela Coordenadoria de
Investigação de Agentes com Foro (CIAF) da Polícia Civil e do Grupo de
Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim), do
Ministério Público do Rio.
"O Grupo de Atribuição Originária Criminal da
Procuradoria-Geral de Justiça (GAOCRIM/MPRJ) confirma que realizou operação na
manhã desta terça-feira, em conjunto com a polícia civil, para cumprir mandados
de prisão contra integrantes de um esquema ilegal que atuava na Prefeitura do
Rio. Em razão do sigilo decretado pela Justiça, não podem ser fornecidas outras
informações", informou o MPRJ por meio de nota.
A investigação teve como ponto de partida a delação premiada
do doleiro Sérgio Mizrahy, preso na Operação Câmbio Desligo, um dos
desdobramentos da Lava Jato fluminense, realizada em maio de 2018. Veio dele a
expressão QG da Propina para se referir ao esquema, que teria como operador
Rafael Alves, homem forte da prefeitura apesar de não ter cargo oficial. Ele é
irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves, exonerado do cargo em março de
2020 a pedido dele próprio.
O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator:
empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques
a Rafael, que faria a ponte com a prefeitura para encaminhar os contratos. O
esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha
dívidas - aqui, o operador mediaria o pagamento. As propinas seriam negociadas
em uma sala na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, sede
da Riotur.
Investigação de promotores do Gaocrim (Grupo de Atribuição
Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça) aponta que Alves, que não
possui cargo na administração municipal, exigia que fosse consultado antes de
mudanças de cargos. A influência dele também poderia ser vista em licitações e
pagamentos a fornecedores.
Crivella foi alvo de operação em setembro
No dia 10 de setembro de 2020, a Polícia Civil e o Ministério
Público estadual (MPRJ) fizeram uma operação contra irregularidades em
contratos firmados com a Prefeitura do Rio. Na ocasião, foram 22 mandados de
busca e apreensão, cumpridos em endereços ligados ao prefeito Marcelo Crivella
(Republicanos), servidores, empresários e à administração municipal. Um dos
celulares e um pendrive de Crivella foram apreendidos naquele dia.
Os mandados para a ação foram autorizados pelo 1º Grupo de
Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Dentre os endereços
alvos, estavam a residência de Crivella, na Península, na Barra da Tijuca, na
Zona Oeste, o Palácio da Cidade, residencial oficial da prefeitura, em
Botafogo, na Zona Sul, e o Centro Administrativo São Sebastião, sede do
Executivo Municipal, na Cidade Nova.
FONTE:O DIA
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