Veterano será substituído pelo VW Polo Track, que se tornará o novo carro de entrada da Volkswagen a partir de 2023
Um dos focos
será a implementação de novos modelos na plataforma modular MQB, o que dará fim
a um dos veículos mais populares da montadora, o VW Gol (produzido na
plataforma PQ24).
O veterano
será substituído pelo VW Polo Track, que se tornará o novo carro de entrada da
Volkswagen a partir de 2023. No entanto, o presidente e CEO da Volkswagen
América Latina, Pablo Di Si, afirmou que o Gol continuará sendo oferecido no
mercado brasileiro em 2022. Desse modo, o hatch deve sair de linha só no final
do ano que vem.
Mas uma das
versões do modelo pode ter seu fim ainda em 2021. Isso porque no início do ano
que vem entra em vigor a nova norma de emissões do Programa de Controle da
Poluição do Ar por Veículos Automotores L7 (Proconve L7), que exige uma redução
nas emissões de poluentes dos veículos nacionais.
Para cumprir
as exigências, algumas montadoras terão de atualizar o conjunto mecânico de
seus modelos. Porém, as mudanças podem não ser vantajosas para certos carros
com plataformas mais antigas, como o Gol.
Segundo a
fabricante, “o Gol continua sendo produzido e comercializado normalmente no
Brasil”. Entretanto, com as novas regras do Proconve L7, o motor 1.6 de 104 cv
com câmbio manual (R$ 75.250) não deverá estar no mercado em 2022.
Dessa forma,
o modelo continuará sendo produzido apenas nas versões 1.0 manual e 1.6
automática, hoje disponíveis por R$ 67.790 e R$ 83.390, respectivamente.
O motor 1.6
manual equipa, além do Gol, a Saveiro e o Voyage (picape e sedã derivados do
hatch). Ambos os modelos também devem perder tal configuração.
Por que a
Volkswagen deu mais um ano de vida para o Gol?
Fabricado no
Brasil desde 1980, o Gol é considerado um dos maiores sucessos da Volkswagen. É
também o carro mais exportado da história do país e foi líder de vendas por
quase 30 anos. Em outubro, foi o décimo veículo mais emplacado por aqui, com
5.039 unidades.
A boa
receptividade do público e os números de vendas consistentes podem ser alguns
dos motivos por trás da decisão da fabricante de dar mais um ano de vida ao
hatch e seus derivados – algo que não foi feito com o Fox e Up!, carro
populares da marca que saíram de linha neste ano.
Polo Track será o novo carro de entrada da Volkswagen — Foto: Divulgação
A história
do Gol
Na metade
dos anos 70, a Volkswagen já começava pensar em um substituto para o seu maior
sucesso no mercado nacional – o Fusca. E ela sabia que precisava de um produto
moderno e icônico que fizesse a cabeça dos consumidores, assim como seu
consagrado modelo.
Projeto BX
Para isso, a
marca germânica buscou algumas inspirações dento do seu portfólio. No mercado
europeu, a Volkswagen já tinha dois nomes de peso, o Polo e o Golf mas que
seriam caros demais para produzir por aqui. A solução era buscar inspiração
neles e adicionar o toque brasileiro nessa composição.
Embora bem
mais moderno que o Fusca, o novo modelo deveria ter uma boa suspensão – firme e
rígida, mas que também trouxesse conforto aos passageiros. A solução foi
utilizar a base do primeiro Polo europeu e adaptá-la para as condições das
nossas ruas e estradas.
Essa
plataforma foi projetada por Phillip Schmidt – pai do Polo europeu – que fora
transferido para o Brasil para ser o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da
Volkswagen e assim dar início ao futuro projeto BX, como era chamado
internamente o Gol. Os primeiros esboços começaram a ser criados em maio de
1976, e o primeiro protótipo surgiu em dezembro de 1977.
Assim como o
Passat, o projeto BX teria um design mais anguloso com apenas duas portas,
vidro traseiro inclinado, com motor e tração dianteiros. No entanto, a
referência de estilo não foi o Polo ou o Golf mas sim o Scirocco, uma versão
esportiva do Golf que inspirou e muito o hatch nacional.
Design
resolvido, era hora de escolher o nome. Alguns foram propostos, mas para seguir
a mesma tradição que os hatches da marca adotavam (com nomes relacionados a
esportes) o nome Gol foi sugerido pelo jornalista Nehemias Vassão, que fazia
jus à paixão nacional, o futebol.
Com o nome
escolhido, a Volkswagen agora precisava encontrar uma forma de reduzir custos
para produzir o novo carro no país. A solução encontrada, no entanto, cobraria
caro da marca nos primeiros anos. Em vez de utilizar motores transversais, o
Gol utilizou o motor montado na posição longitudinal – prática que durou até
meados de 2008. Para complicar a situação, a VW resolveu adaptar o motor
arrefecido a ar de 1.3 litro do Fusca para estrear no Gol.
Primeira
geração – 1980 a 1994
(Foto:
Divulgação)
A primeira
geração chegou ao mercado brasileiro em maio de 1980 em duas versões, a básica
e L. O desenho era moderno e remetia à esportividade, os faróis eram pequenos e
retangulares e a carroceria tinha uma boa área envidraçada, o que ajudava a
criar uma sensação de amplo espaço interno.
A traseira
tinha lanternas também pequenas e quadradas, dando um toque minimalista ao
desenho geral do carro. O interior possuía alguns elementos oriundos de modelos
mais caros como o Passat e da Variant II. O porta-malas oferecia generosos 380
litros de espaço pois o estepe ficava dentro do cofre do motor.
O motor 1.3
arrefecido a ar do Gol possuía 42 cv e 9,2 kgfm de torque associado ao câmbio
manual de 4 velocidades também herdado do veterano Fusca. Com uma concepção
mais antiquada do que os motores refrigerados a água, o Gol teve uma recepção
morna no mercado.
O desempenho
aquém da expectativa fez a Volkswagen oferecer outro motor no ano seguinte, o
1.6 ainda refrigerado a ar, mas com dupla carburação e 51 cv de potência e 10,5
kgfm de torque. Com esse novo motor, o compacto fazia o 0 a 100 km/h em 15,4
segundos e atingia os 143 km/h de velocidade máxima.
E assim como
os seus concorrentes, o Gol criaria ramificações. Em 1981 era lançado o sedan
Voyage, que utilizava uma dianteira levemente alterada, em comparação ao Gol, e
uma perua, a Parati, que chegaria ao mercado nacional em junho de 1982. A
família ficaria completa em setembro do mesmo ano com a picape Saveiro.
Mas ainda
faltava tempero ao Gol. Foi assim que em março de 1984, a Volkswagen resolveu
dois problemas de uma vez, introduziu um motor refrigerado a água e de quebra
criou uma versão esportiva à altura do concorrente Ford Escort XR3. Sim,
estamos falando do Gol GT, equipado com o motor 1.8 nas versões a etanol ou
gasolina que entregava 99 cv e 14,9 kgfm de torque. Com esse novo propulsor, o
Gol GT era capaz de ir de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e atingir a velocidade
máxima de 180 km/h.
O Gol GT se
diferenciava pela grade na cor da carroceria, faróis de longo alcance montados
na grade, defletor sob o para-choque, rodas de alumínio de 14 polegadas com
desenho inédito, e o icônico adesivo GT instalado no vidro traseiro – que fora
inspirado na versão esportiva do Scirocco.
No interior,
o Gol GT contava com os aclamados bancos Recaro, console com relógio digital,
instrumentos com grafia vermelha, e o mesmo volante do Passat TS. A suspensão
também ganhava um acerto novo, ficando mais firme, com direito a novas molas
dianteiras, uma barra estabilizadora maior e novos amortecedores.
Ainda em
1984, a Volkswagen introduzia o motor MD270, um 1.5 litro arrefecido a água com
78 cv e que no ano seguinte, passou a ter 1.6 litro e entregar 81 cv e 12,8 kgfm
de torque. A dianteira do hatch recebia o mesmo layout do Voyage – com faróis
separados das luzes de seta – e o estepe foi realocado do cofre do motor, para
dentro do porta-malas.
O primeiro
facelift
Ainda na
primeira geração, a linha Gol ganhou pequenos retoques concentrados na
dianteira e traseira, em 1987. Os faróis retangulares passaram a ser mais
integrados à carroceria e as luzes de seta foram adicionadas a el. A grade
dianteira ficava levemente mais baixa, e o para-choque dianteiro tornou-se mais
volumoso.
A traseira
ganhava novas lanternas – que agora também adotavam o formato retangular – o
que ajudava a passar a sensação de o carro era mais largo do que realmente era.
De quebra, o Gol ganhava uma nova versão esportiva, a GTS que substituía o GT e
trazia como diferencial molduras laterais e spoiler traseiro, entre outros
detalhes.
Enquanto o
exterior estreou em 1987 o interior do Gol só mudaria em 1988, com dois
layouts: um mais refinado, e outro mais simples. Algumas peças do interior eram
compartilhadas com o Santana – como as teclas próximas ao volante, e o quadro
de instrumentos. E no Salão do Automóvel do mesmo ano, a Volkswagen apresentava
o Gol GTi – o primeiro nacional com injeção eletrônica de série.
GTi
(Foto:
Divulgação)
Dotado de um
motor AP 2.0 com injeção eletrônica, o Gol GTi entregava 112 cv – a Volks dizia
120 cv – e 18,3 kgfm de torque. Com esse novo motor e nova tecnologia, o Gol
GTi fazia o 0 a 100 km/h em 8,8 segundos e atingia a velocidade máxima de 185
km/h. Além disso, ele ganhava um visual e uma cor exclusivas – o azul Mônaco.
A pintura
era bicolor, com a carroceria pintada de azul, e a parte dos plásticos, tinha
tons mais claros – como o branco ou cinza – e ainda o modelo ostentava belas
rodas de liga leve.
No interior,
os bancos ganhavam encosto de cabeça vazados, volante com revestimento de couro
e quadro de instrumentos com iluminação vermelha. Essa versão a princípio foi
limitada a apenas 2.000 unidades.
A Autolatina
surge
Um ano antes
de apresentar o Gol GTi, a Volkswagen se juntou com a Ford para criar a
Autolatina – que fazia com que as duas empresas trocassem know-how e expertise
dos seus produtos entre si.
Foi assim
que surgiram alguns modelos interessantes, como o Ford Escort com o motor 1.6
AP e o Gol CL com motor CHT – que era de origem Renault, mas foi rebatizado de
AE-1600. Com isso, era possível ter um Gol mais econômico – com os motores da
Ford – e encontrar versões do Escort com motores mais potentes, oriundos da
Volkswagen.
O segundo
facelift
Gol 1000 (Foto: Divulgação)
O segundo
facelift feito na primeira geração do Gol foi apresentado em 1991, quando o
modelo ganhava faróis e lanternas mais amendoadas, e grade ligeiramente menor e
mais estreita, se comparados com o primeiro facelift do modelo.
Ainda nesse
mesmo ano, o Gol GTi também recebia as mesmas novidades visuais do restante da
linha, com destaque para as novas rodas de liga leve – que por muitos anos
foram sonho de consumo de muitos admiradores da Volkswagen. Já para 1992, a
Volkswagen apresentava o Gol 1000 – uma resposta direta ao Fiat Uno Mille com
motor 1.0.
O Gol 1000
tinha um acabamento mais simples, e era equipado com o motor 1.0 que entregava
50 cv e 7,3 kgfm de torque. O mesmo motor também foi usado pelo Escort Hobby,
mas com uma diferença de seis meses entre um lançamento e outro.
Nessa época,
o Gol já liderava o ranking de vendas há mais de cinco anos e sua mecânica,
confiabilidade e desempenho encantavam muitos clientes. No entanto, a abertura
das importações de veículos em 1991 iria mudar o panorama do mercado nos
próximos anos quando a segunda geração do Volkswagen foi lançada.
O ano de
1990 marcou a segunda, e última, mudança de visual da primeira geração. Quatro
anos depois, em 1994, a segunda geração foi lançada com um visual completamente
novo, ganhando o apelido de bolinha. Outras duas reestilizações marcaram essa
fase do Gol, em 1999 e 2005, sendo chamadas comercialmente de geração 3 (G3) e
geração 4 (G4).
Gol bolinha (Foto: Divulgação)
Em 2008, com
um projeto completamente novo, o Gol chegava à geração atual. Ela foi a
primeira a utilizar o motor na posição transversal, trouxe o Voyage de volta ao
mercado (após mais de 10 anos de ausência) e elevou o nível de acabamento do
veículo. Chamada de geração 5, ela foi retocada em 2012, 2016 e 2018, quando
ganhou o visual atual e a opção de câmbio automático pela primeira vez.
Gol G3 (Foto: Divulgação)
FONTE:PORTAL
VIU
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