Ex-governador tem feito movimentações políticas que demonstram a perda do "faro" político
A política e
o futebol são duas paixões nacionais que mobilizam multidões em qualquer lugar
do país, independente da classe social, cor, credo ou nível de instrução.
Talvez a explicação pelas duas paixões seja a competitividade que elas movem.
Mas para quem entra em campo – ou disputa o voto -, as semelhanças vão muito
além da paixão. Não são poucos os relatos de jogadores de futebol que em final
de carreira, passam a ter problemas psicológicos ao perceberem que estão rumo
ao esquecimento, que não serão a estrela titular que será ovacionada por um
estádio lotado. Pior ainda para um jogador de futebol, é quando no fim de
carreira percebe que não consegue acompanhar novatos, seja da base ou promessas
em ascensão.
Isso também
acontece na política, e um exemplo claro vem sendo notado na esfera estadual. O
ex-governador Anthony Garotinho, que desde o seu último mandato em que foi
eleito, em 2010, acumula 5 prisões, inúmeras brigas com ex-aliados e diversos
processos judiciais que refletiram na queda dos seus índices de popularidade,
vem percebendo que o seu espaço vai diminuindo cada vez mais na política do Rio
de Janeiro, mas o seu egocentrismo não o deixa permitir e aceitar isso.
Meio
perdido, sem o faro e o tato político que teve noutrora, Garotinho tem
consciência que o único lugar em que pode ter algum espaço na disputa eleitoral
de 2022 é com Cláudio Castro, mas o orgulho de quem já teve 16 milhões de votos
em uma eleição presidencial não o deixa dormir tranquilamente ao perceber que
um político “novato”, que não é uma cria sua (como Cabral e Pezão), é hoje o
detentor do cargo mais importante do estado que é o de governador. Em seu
interior, Garotinho também não aceita o fato de que o campista Rodrigo
Bacellar, filho de Marcos Bacellar, um de seus maiores algozes durante a
trajetória política, hoje é o braço direito do governador e que conquistou no
seu primeiro mandato um tamanho – politicamente -, que Garotinho hoje já não
tem.
Isso o deixa
perdido e inquieto, querendo jogar xadrez com ele mesmo, mas demonstrando
fraqueza e amargura. Ao anunciar que apoiaria André Ceciliano, Garotinho fez
questão de passar um baita recibo ao falar em bom tom para Berenice Seara,
jornalista do Extra, que o motivo do seu apoio ao petista seria o fato de que
Rodrigo Bacellar está ao lado de Castro. Naquele momento, Garotinho estava
acreditando que Castro iria fazer uma grande manobra para ter o seu apoio
novamente, onde possivelmente como moeda de troca, Garotinho pediria a cabeça
de Bacellar. Na cabeça de um político em fim de carreira, tinha acabado de dar
um “xeque-mate” no governador.
O resultado
todos já sabem desde a noite de terça; O tiro saiu pela culatra. Ceciliano
recuou de uma candidatura ao Guanabara, optou por buscar uma cadeira no Senado,
e o pouco espaço que o Garotinho tinha, diminuiu ainda mais, já que mais uma
vez ele deixou claro para todos que em sua cabeça, a traição é algo como trocar
de roupa. Sem ter o que argumentar, como uma criança birrenta, Garotinho mais
uma vez justificou a sua movimentação colocando a culpa em Bacellar, “a
candinha fofoqueira” do estado do Rio como ele o chamou, dando ainda mais
ênfase ao poder de articulação que seu adversário tem. Sem conseguir a cabeça
de Rodrigo, talvez seja melhor o ex-governador abaixar a sua cabeça e voltar
para onde estava.
Fato é, que
assim como um jogador recém aposentado, Garotinho ainda não percebeu que talvez
seja melhor ele ir disputar amistosos que não sejam tão competitivos, como
showboll, jogo beneficente ou campeonato de master. Não adianta querer jogar em
um nível que nem o próprio filho quer estar no seu time, como aconteceu em
2020, que Wladimir escondeu o pai dentro de casa para não perder popularidade
em um pleito acirrado que foi decidido nos detalhes. O que por sinal, se repete
em seu governo, onde entrega cargos simbólicos aos aliados do pai, mas deixa o
filé com os que ele mais confia.
Mas como
diria Muricy Ramalho, a bola pune. Onde não se tem o desejo de trabalhar em
prol de um grupo, o egocentrismo e a arrogância são os primeiros passos para o
fracasso. Que as derrotas da vida e das urnas sirvam para um dia, o ex-grande
político entender que tamanho não se conquista com brigas, mas com vitórias
coletivas.
FONTE:CLICK
CAMPOS
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