SP, MG e AM estão entre estados que já confirmam que maioria das mortes está relacionada a pacientes sem a imunização completa. No Rio de Janeiro, dado mostra impacto nas internações.
Quem são as
pessoas que estão morrendo por coronavírus em 2022? Qual o impacto exato da
vacinação na prevenção das mortes? Não há um levantamento do Ministério do
Saúde sobre o tema. Mas diferentes dados de secretarias estaduais de saúde
confirmam o alerta de especialistas:
os não
vacinados são a maioria das vítimas pela doença nesta atual fase da pandemia.
Amazonas,
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Espírito
Santo divulgaram dados de diferentes tipos que confirmam a efetividade da
vacina. No Rio de Janeiro, o dado disponível mostra efeito sobre as internações.
Santa
Catarina: idosos não vacinados ou com vacinação incompleta têm 47 vezes mais
risco de morrer
Amazonas: 6
a cada 10 mortes são de pessoas sem o esquema completo
Rio de
Janeiro: pessoas não vacinadas ou que receberam apenas uma dose têm 73% mais
risco de serem internadas
Para Juarez
Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), os dados já
refletem uma verdade que, para ele, é consistente. O fato de terem metodologias
diferentes não muda o que eles indicam.
"Baseado
no que tem sido divulgado, tanto por secretarias estaduais, quanto por outros
países, o que tem sido observado é exatamente isso: a imensa maioria das
internações mais graves não tem o esquema vacinal completo", afirma Juarez
Cunha.
Ethel Maciel
explica que, mesmo sendo pesquisadora, não está conseguindo acessar as taxas de
mortalidade relacionadas ao coronavírus em vacinados e não vacinados. " É
preciso ter dado com essa informação e não temos abertos", explica a
professora da Universidade Federal do Espírito Santo e pós-doutora em
epidemiologia pela Universidade Johns Hopkins.
A
dificuldade para os pesquisadores está na falta de integração entre os sistemas
federais que consolidam dados de vacinação e os de casos e mortes por Covid,
dificuldade para a qual o Ministério da Saúde não ofereceu alternativa e não
realizou estudos próprios.
O g1 entrou
em contato com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que
sinalizou que também não tem um levantamento nacional a respeito do assunto. Já
o ministério disse que estaria levantando as informações junto à área técnica,
mas, até a publicação desta reportagem, não havia enviado as informações.
Veja abaixo
dados estaduais:
Amazonas
No Amazonas,
estado que nos últimos dois janeiros pandêmicos viu o número de casos e mortes
do coronavírus disparar. A diferença em comparação com o ano passado é brusca:
no primeiro mês de 2021, o estado havia perdido 3.556 pessoas para a Covid-19.
Neste ano, até 3 de fevereiro, a Secretaria de Estado de Saúde aponta 152
mortes pela Covid-19.
Dentre elas,
62,5% não tinham se vacinado ou completado o esquema de imunização. Wilson
Lima, governador do estado, diz que os "números confirmam que a gente está
no caminho certo, incentivando a vacinação".
Dentre os
estados que já contabilizaram seus dados, o Amazonas tem um dos índices mais
baixos – 6 a cada 10 mortes — em outras regiões, os não vacinados somam
percentuais maiores:
Rio Grande
do Sul
Estudo do
governo estadual apontou que 68% das hospitalizações e 70% das mortes por
Covid-19 entre dezembro e janeiro ocorreram em pessoas não vacinadas ou com
alguma dose em atraso.
Santa
Catarina
A taxa de
óbitos em idosos não vacinados ou com vacinação incompleta foi 47 vezes maior
do que naqueles que já receberam a dose de reforço. Já entre os adultos, a taxa
entre os não vacinados ou com vacinação incompleta foi 39 vezes maior do que
naqueles que receberam a dose de reforço.
Paraná
O risco de
mortes entre as pessoas de 12 a 59 anos que não tomaram nenhuma vacina é de
6,59 por 100 mil habitantes no estado. Já o índice de mortalidade na mesma
faixa etária cai para 0,29/100 mil pessoas com o esquema completo e o reforço.
O relatório do estado aponta que vacinados têm uma chance 22 vezes menor de
morrer pela doença.
São Paulo
O estado
ainda não fechou seus dados completos, mas divulgou um estudo realizado no
hospital Emilio Ribas: 82% dos óbitos dos internados por Covid-19 não tinham
esquema vacinal com 3 doses. O levantamento foi realizado nos últimos três
meses na unidade, que é referência para atendimentos de casos graves do
coronavírus. Dos 17 óbitos que ocorreram na unidade, 14 não tinham esquema
vacinal com 3 doses.
Rio de
Janeiro
Os dados de
janeiro de 2022 mostram que pessoas não vacinadas ou que receberam apenas uma
dose têm 73% mais risco de serem internadas com Covid-19 do que os vacinados
com duas doses. A taxa de incidência de internação está em 21,3 por 100 mil
habitantes para não vacinados ou com apenas uma dose; e em 12,3 por 100 mil
entre os vacinados com duas doses.
Minas Gerais
O estado
apresentou os dados desde o início da vacinação em 2021, mas apenas de
internação em UTI: não vacinados apresentam uma taxa de 8,2 por 100 mil
habitantes, enquanto os vacinados com duas doses têm um índice de 0,6 por 100
mil habitantes.
Espírito
Santo
A taxa de
mortalidade em janeiro de 2022 é de 130 por 100 mil para não vacinados,
enquanto para apenas uma dose é de 4,3 para 100 mil. Já com duas doses ou com
reforço é de 2,4 para 100 mil. A secretaria aponta que a taxa de mortalidade
dos vacinados com o ciclo completo é 56 vezes menor do que a dos não vacinados
Por Carolina
Dantas, g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário