Com mais de
170 mortes confirmadas causadas pelas chuvas que devastaram a cidade no último
dia 15 de fevereiro, a tragédia de 2022 em Petrópolis, na Região Serrana, se
iguala em números de óbitos ao pior desastre já registrado pela Defesa Civil do
município. Em 1988, 171 pessoas morreram vítimas de outra tempestade que
assolou a região. O primeiro registro divulgado pelo órgão é de 1966, quando
houve 80 óbitos.
No dia 11 de
janeiro de 2011, a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro era devastada
pela chuva que culminou na tragédia climática de 2011, a maior do país. Foi a
maior catástrofe ambiental do Brasil, somando mais de 900 mortes, 300
desaparecidos e 20 mil desabrigados. O cenário de catástrofe e de destruição
que se repete 11 anos depois, o que poderia ser evitado ou minimizado, porque é
resultado do forte volume de chuvas no estado, mas também da negligência do
poder público em diversas esferas de governo, aponta especialistas.
Desde a terça-feira,
15/02, Petrópolis tenta dimensionar a tragédia que se abateu sobre a cidade
após uma forte tempestade. Em seis horas, choveu o esperado para um mês. O
cenário é de destruição: os mortos já passam dos 170 e as equipes de resgate,
compostas por bombeiros, socorristas e voluntários, ainda não podem calcular
quantas pessoas estão soterradas. Corpos são encontrados todos os dias.
A cidade
está em estado de calamidade pública, decretado pela Prefeitura. Até domingo
(20/02), mais de 170 mortes foram confirmadas. A Defesa Civil contabilizou
cerca de 350 ocorrências: 270 deslizamentos de terra e mais de 50 desabamentos.
As equipes continuam as buscas, com cautela, devido as previsões de chuva. A
Polícia Civil informou que 139 corpos identificados e 967 pessoas estão
desabrigadas. Escolas públicas do município servem de abrigo provisório.
Agentes resgataram 24 pessoas com vida. Um hospital de campanha também foi
montado e as Forças Armadas do Brasil atuam na cidade.
“O problema
da crise climática não é natural, mas social”, atesta o porta-voz do Greenpeace
Brasil, Rodrigo Santos de Jesus. “Estamos vivendo um período de crise climática
acentuada pelo aumento da temperatura da superfície global, que tornará esses
eventos cada vez mais intensos. Mas o nosso questionamento é: qual é a
infraestrutura que temos para que possamos criar resiliência perante as
comunidades que vivem em área de risco ou que estão em situação de
vulnerabilidade? A resposta para isso é: nenhuma”, critica o especialista, que
vê descaso das autoridades.
Para
especialistas na área, a repetição de tragédias no Brasil decorrentes de
eventos naturais extremos pode ser explicada pela combinação da falta de
políticas públicas que garantam moradia segura para os cidadãos, da ausência de
investimento preventivo e da falta de ação tempestiva diante dos alertas feitos
pelos órgãos responsáveis.
Na avaliação
de Natalie, um dos pontos mais revoltantes da “nova” tragédia de Petrópolis é o
fato de que nem os alertas dados pelos órgãos competentes foram considerados
pelas autoridades. As autoridades de Petrópolis e do Governo do Estado do Rio
de Janeiro receberam um comunicado do Centro Nacional de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) avisando sobre a chance de um evento
climático na Região Serrana dois dias antes da tragédia que terminou com a
morte de dezenas de pessoas.
“Para além
de todo o processo de não ter havido preparação e investimento preventivo
desses impactos, houve ainda uma oportunidade de evacuar a população e era isso
que deveria ter sido feito. Não adianta ter a capacidade de monitorar e ter
alertas e não agir. É revoltante e faz até a gente pensar até que ponto isso
não é um descaso com a população mais pobre”, pontua a especialista.
FONTE:
SERRA NEWS
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