A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro, registrou este ano 452 casos de hipertensão (ou pressão alta), o que significa uma diminuição de 19% quando comparado com os meses de janeiro a abril de 2021, que contabilizou 558 casos da doença. A unidade, referência no atendimento à população local, é administrada pelo Viva Rio e recebe diariamente pacientes com a pressão arterial elevada que não fazem nenhum tipo de tratamento.
Nos
atendimentos da UPA, 23% dos casos ocorrem na faixa etária de 50 a 59 anos. A
doença é mais frequente em mulheres, com 57% dos registros. A hipertensão é o
aumento da pressão nos vasos sanguíneos do corpo, levando a lesões crônicas de
órgãos e risco aumentado de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares. O
objetivo dos atendimentos feitos na UPA é controlar a pressão e evitar o
agravamento do quadro, que pode levar a um infarto ou AVC hemorrágico.
No Brasil,
entre 30% e 35% da população é portadora da doença, que por ser silenciosa e
muitas vezes não apresentar sintomas, não é facilmente diagnosticada. No
município do Rio de Janeiro, considerando as 76 Clínicas da Família e Centros
Municipais de Saúde administrados pelo Viva Rio, mais de 25 mil pessoas estão
em tratamento de hipertensão. Os casos predominam entre pessoas de 60 a 69 anos
e em mulheres (64%).
Fatores de
risco
Aproximadamente
90% dos casos de hipertensão são o que se chama de primária, ocasionada por
genética ou estilo de vida. Abaixo, a lista completa dos fatores de risco da
hipertensão primária:
Idade,
pessoas com mais de 60 anos; obesidade; aumento da circunferência abdominal
(homem com mais de 94 cm, mulheres com mais de 80 cm); sedentarismo; tabagismo;
dislipidemia (colesterol elevado ou gorduras no sangue); intolerância à glicose
ou diabetes; síndrome metabólica; doença arterial periférica (doença arterial
coronariana, doença carotídea ou doença cerebrovascular); história familiar/genética;
redução do número de néfrons; dieta rica em sódio; falta de vitamina D, fatores
socioeconômicos; transtornos de personalidade e depressão; uso de medicamentos
que aumentam a pressão arterial como anticoncepcionais que contêm muito
estrogênio em sua composição, antidepressivos, descongestionantes nasais,
corticoides, anti-inflamatórios não esteroides.
De acordo
com o diretor médico da UPA de Nova Friburgo, Arthur Mattar, muitos dos
pacientes atendidos não se medicam ou tomam medicamentos que já não são mais
adequados ao seu caso, devido à falta de um acompanhamento. “O paciente chega
na UPA já com as complicações da hipertensão e a equipe médica atua para
salvá-lo. A unidade é fundamental para o município”, conta.
O médico
relembra o caso de um senhor de 85 anos que chegou na UPA com a pressão muito
elevada e foi salvo pela equipe. “Ele chegou com a pressão a quase 25. Já
estava meio sonolento, com muita dor de cabeça e falta de ar. Foi colocado na
medicação venosa, conseguimos abaixar a pressão e o paciente saiu andando da
unidade no dia seguinte, após 24h de observação. Saiu feliz da vida com as
medicações para tomar e o encaminhamento para o acompanhamento no posto de
saúde. Ele foi, literalmente, salvo pela nossa equipe”.
Doença
silenciosa
Dia 26/4, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, a
entrevista com o médico Arthur Mattar aponta os principais sintomas e as formas
de combate à doença.
Pergunta:
Quais os principais sintomas?
Arthur
Mattar: Os sintomas da hipertensão são muito silenciosos, às vezes o paciente
está com a pressão alterada mas não relata nada, isso é o mais perigoso. Mas
quando há algum sintoma, geralmente sente o coração bater mais forte, cansaço,
tontura e pressão na cabeça. Se identifica mais por exame físico: pulsos
aumentados (batendo mais forte que o normal).
Pergunta:
Como diagnosticar a pressão alta?
Arthur
Mattar: Para se identificar a hipertensão, o ideal é aferir a pressão entre
duas consultas espaçadas. Por exemplo, se aferir a pressão em uma consulta e
estiver em 14 por 9, se após uma semana o paciente retornar e a pressão
continuar em 14 por 9, pode ser classificado como hipertenso. Também pode ser
feito o Mapa (monitoramento ambulatorial da pressão arterial), um exame de
monitoramento da pressão do paciente durante 24 horas.
Pergunta: De
que formas a doença pode ser evitada?
Arthur
Mattar: Com a mudança de estilo de vida: reduzir peso, alterar hábitos
alimentares (consumo maior de frutas e vegetais e diminuição de gorduras), reduzir
o consumo de sódio (ou sal), fazer atividades físicas regularmente (pelo menos
30 minutos diários), não fumar e moderar o consumo de álcool.
FONTE:SERRA
NEWS
Nenhum comentário:
Postar um comentário