Já é realidade em Campos a cirurgia de reconstrução de mama pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes oncológicas. O primeiro procedimento aconteceu na Unidade II do Hospital Dr. Beda, em dezembro, graças a uma parceria inédita entre o hospital e a Prefeitura de Campos. Até o momento, foram feitas duas cirurgias e uma terceira está prevista para acontecer até o final do ano de 2022. Para 2023, a expectativa é de 10 cirurgias por mês.
Na tarde de 21 de dezembro, a professora Sabrina Azeredo, de 43 anos, foi beneficiada pela parceria e a equipe de reportagem do J3News acompanhou o procedimento com exclusividade. Sabrina foi diagnosticada com câncer de mama em outubro. Em setembro, fazendo o autoexame, descobriu um nódulo na mama esquerda e procurou ajuda médica. “Fui à ginecologista, que logo se preocupou com o achado e imediatamente me encaminhou para a mastologista. Fiz todos os exames, como ultrassom, ressonância magnética, mamografia e biópsia e o tratamento inicial seria a cirurgia para retirada da mama. Eu sempre tinha ouvido falar que Campos teria a cirurgia de reconstrução pelo SUS e Deus foi tão bom para mim que essa parceria saiu logo assim que precisei. No meu caso, além do nódulo, eu tinha calcificações suspeitas espalhadas pela mama. Por isto, a necessidade de retirada total da mama esquerda”, conta Sabrina, emocionada.
A mastologista de Sabrina, Dra. Maria Nagime, explicou que o tratamento é individualizado e preciso. “Cada caso é um caso, cada tumor é um tumor e todo paciente precisa ser avaliado antes da tomada de decisão sobre o tipo específico de cirurgia a ser feita. Mas é uma vitória para Campos e para as pacientes essa possibilidade de reconstrução imediata, que melhora a autoestima delas neste momento tão sensível e evita que sejam submetidas a uma cirurgia de reconstrução tardia”, afirma.
O diretor clínico do Grupo IMNE Oncologia, Dr. Diogo Neves, comemora a parceria que idealizou junto com a equipe oncológica. “É um projeto que temos desenhado há bastante tempo e agora foi possível pela parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. O secretário, Dr. Paulo Hirano, o subsecretário, Dr. Maninho, o prefeito Wladimir Garotinho e a primeira-dama, Tassiana Oliveira, se sensibilizaram com a causa. Antes, as pacientes não tinham como reconstruir a mama porque a tabela SUS não contemplava este procedimento. Em dezembro vamos fazer três cirurgias e, ano que vem, a meta é fazer 10 cirurgias por mês no Hospital Dr. Beda. Fora de um grande centro, Campos é pioneira neste tipo de reconstrução imediata”.
Segundo Dr. Diogo, a cirurgia de reconstrução de mama pelo SUS vai contemplar, também, pacientes da região, como Macaé, São João da Barra, Quissamã, entre outras.
Maria Nagime informou como é feita a captação das pacientes. “Estamos fazendo esta captação com os exames pré-operatórios, avaliando caso a caso a reconstrução tardia. Temos uma equipe de 15 profissionais de várias especialidades envolvidos e estamos sintonizados para garantir o menor impacto psicológico para as pacientes que passam por refinamentos posteriores, se necessário, para a evolução do tratamento”, afirma.
Sensibilidade
De acordo com o subsecretário de saúde, Dr. Marcos Gonçalves (Dr. Maninho), a cirurgia imediata de reconstrução de mama pelo SUS foi pensada desde o início da gestão.
“O governo entende ser uma área muito sensível. Buscamos o tratamento, o diagnóstico precoce do câncer de mama e entendemos a importância de devolver a autoestima para as pacientes, porque cerca de 70% das mulheres diagnosticadas fazem a mastectomia e apresentam quadro emocional bastante debilitado por conta disso. Já vi casos de suicídio em pacientes e vimos a importância de montar este programa para devolver a autoestima com a possibilidade da implantação da prótese mamária. Recebemos incentivo da deputada federal Clarissa Garotinho e viabilizamos essa parceria com o grupo IMNE. Mulheres que retiraram as mamas no passado e estiverem aptas a colocar a prótese podem se candidatar, bem como as que forem operadas agora. Elas precisam procurar o Núcleo de Avaliação e Controle da Secretaria para autorização”, finaliza Dr. Maninho.
Jornal Terceira Via
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