Depois de ter a inauguração adiada várias vezes, a Ponte de Integração ganhou em junho uma nova data: dezembro de 2023. No entanto, mais uma dúvida se soma à espera de mais de 40 anos por uma conexão direta entre os municípios de São João da Barra e São Francisco de Itabapoana. Os acessos à estrutura, que serão realizados pela RJ 194, em São Francisco de Itabapoana; e na BR 356, em São João da Barra, não têm data para conclusão. Além disso, uma terceira intervenção, de recuperação da RJ 194 até a BR 101, ainda está em fase de licitação.
Na última semana, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) informou que já começou a construção de um dos acessos para a Ponte da Integração, no trecho que pertence a São João da Barra. “Vale ressaltar que as obras de construção da ponte e de construção dos acessos são dois processos distintos. A previsão de conclusão das obras da ponte está mantida para dezembro deste ano”. Apesar de questionado diretamente por duas vezes sobre a entrega das obras dos acessos, o órgão não informou prazo para a conclusão.
A equipe de reportagem perguntou, ainda, se a conclusão dos acessos sendo em data posterior, impossibilitaria a utilização da ponte ou se haveria rotas alternativas. Estas perguntas também ficaram sem resposta do órgão.
Desde os anos 1980, os municípios esperam por uma ponte que facilite os acessos e diminua as distâncias na região. Uma outra ponte começou a ser erguida quando o Brasil era governado pelo presidente João Figueiredo. Apenas os pilares foram construídos e depois abandonados por mais de 40 anos. Em 2014, durante a gestão do ex-governador Luiz Fernando Pezão, no Rio de Janeiro, esta nova estrutura começou a ser edificada. Ela chegou a ficar abandonada, foi retomada e teve sua data de entrega adiada por diversas vezes. A última previsão divulgada pelo DER-RJ é para o fim deste ano.
Apenas em fevereiro deste ano, o Governo do Estado publicou no Diário Oficial o resultado da licitação para a construção dos acessos à Ponte da Integração. A obra tem o valor de mais de R$ 21 milhões e está sendo feita pela empresa Ferdan Empreendimentos, que venceu a licitação, apresentando o “menor preço global” para a realização do serviço.
Os acessos serão construídos para ligação à RJ 194, em SFI; e à BR 356, em SJB. A extensão da obra é de 2,99 km. Em fevereiro, o DER-RJ informou que as obras teriam início no primeiro trimestre, porém, não informou a data.
A equipe de reportagem esteve, na última semana, nos acessos à ponte pelos dois municípios e apenas do lado sanjoanense a obra foi iniciada até o momento. No local, a vegetação foi retirada e começou a ser realizada a terraplanagem. Em SFI, nenhuma atividade havia sido iniciada até o fechamento desta reportagem.
Trajeto do acesso ainda gera divergência entre DER e representantes locais
Outra obra relacionada ao projeto é a de drenagem, pavimentação e terraplanagem na RJ-194. Segundo o DER, esta ainda está em fase licitatória.Desde novembro de 2022, representantes da Firjan NF, do DER e da Prefeitura de Campos discutem o acesso à Ponte da Integração e Distrito Industrial do Porto do Açu, localizado em SJB. Segundo os representantes regionais, o projeto original levaria grande fluxo de veículos para bairros de Guarus e entidades querem propor novo traçado junto ao Governo do Estado.
O DER informou que trabalha atualmente com o traçado original do projeto, que prevê a utilização da RJ-194 passando pela Avenida José Carlos Pereira Pinto (onde fica o Hospital Geral de Guarus). Segundo o subsecretário municipal de Planejamento Urbano, Mobilidade e Meio Ambiente, Sérgio Mansur, a Prefeitura encaminhou o pedido ao Governo do Estado com três propostas que aliviariam o problema do tráfego. Uma teria sido escolhida pelo Estado, mas a informação não foi confirmada pelo DER.
“A cidade sofre pela interferência do trânsito rodoviário em seu perímetro. Não há como mais haver essa convivência de trânsito rodoviário com trânsito urbano. A cidade de Campos tem um crescimento potencial expressivo e cada dia mais ela precisa de fluidez nas suas vias”, disse Sérgio Mansur.
A Firjan Norte Fluminense afirmou, na última quinta-feira, que havia marcado uma reunião com o DER-RJ para o dia 23 de agosto, para tratar dessa e de outras questões. “Esta reunião, no entanto, teve de ser remarcada, e uma nova data está sendo acordada junto aos órgãos responsáveis para o mais breve possível”, informou em nota.
Esperada há mais de 40 anos, obra é referência regional
Com 16,2 metros de largura, a ponte tem 35 pilares e foi orçada em mais de R$ 124 milhões. Após inaugurada, a distância entre os dois municípios será diminuída em 80 quilômetros. A expectativa é de que a obra possa incrementar o escoamento de produção do polo de fruticultura e das usinas de cana-de-açúcar instaladas no Norte Fluminense. Além disso, vai facilitar o acesso de visitantes a diversas praias e hotéis-fazenda, impulsionando o fluxo turístico e gerando novos empregos e negócios no setor.
O município de São João da Barra ainda não foi informado sobre previsão de inauguração da ponte, que é reconhecida pelo poder público municipal como de grande importância na integração e no desenvolvimento econômico da região, além do fator histórico, por ligar dois municípios que até o ano 1996 eram um só território. A conclusão da obra pelo governo do estado é, portanto, aguardada com expectativa.
A prefeita de São Francisco de Itabapoana, Francimara Barbosa Lemos, acompanha o andamento das obras da Ponte de Integração, haja vista a importância deste investimento para toda a região.
“Este investimento trará significativos avanços. Posso destacar a facilidade para o escoamento da produção e mobilidade, como também a promoção da nossa vocação turística. Juntos, esses fatores vão fortalecer o desenvolvimento econômico, a partir, por exemplo, da geração de empregos”, afirmou a prefeita.
A Firjan vem acompanhando as tratativas em torno não só da conclusão da Ponte da Integração, como de seus acessos, a fim de que essa tão aguardada obra seja conectada ao Porto do Açu, ao Distrito Industrial de Campos e às BRs 101 e 356. “A federação vê essas intervenções como de fundamental importância para diversificar a economia, uma vez que novas indústrias poderão ser atraídas não só para o Norte, como para o Noroeste Fluminense, graças à proximidade com o Porto do Açu e todas as oportunidades que advém do complexo portuário”, disse em nota.
Terceira Via
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