Dúvidas no carnaval de Campos dos Goytacazes acontecem há quase uma década na cidade, antes mesmo da pandemia. A falta de recursos e a decisão dos últimos governos de não destinar verbas públicas para as agremiações carnavalescas, comprometeram a realização de desfiles na data oficial ou fora de época. Este ano, os desfiles de blocos e escolas de samba foram marcados para o fim de março, depois para abril, e, por fim, 17 e 18 de maio. A menos de uma semana do evento previsto para acontecer no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), representantes da Liga das Escolas de Samba e Entidades de Carnavais de Campos (Liesecam) ainda não tinham a confirmação da realização da prefeitura. As agremiações apontam pendências no repasse de verbas obtidas com empresas privadas e falta de apoio da prefeitura para cobrir o valor.
Durante a última semana, a reportagem do J3News procurou por representantes da Liesecam, Prefeitura Municipal e Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Até o momento que o texto desta matéria era concluído, a confirmação do carnaval fora de época no Cepop não tinha sido garantida por ninguém.
De acordo com a vice-presidente da Liesecam, Geovana Almeida, que também preside o Bloco Castelo do Parque Aurora, as agremiações recorreram à Lei Rouanet e à Lei Estadual de Incentivo à Cultura para realizarem o evento orçado em torno de R$ 1 milhão: “Obtivemos R$500 mil com a empresa Águas do Paraíba, e outros R$ 425 mil com o Grupo Barcelos, mas ainda aguardamos uma posição clara da prefeitura. Nós recebemos uma parte do dinheiro. A Águas do Paraíba fez o depósito, mas há uma burocracia no Ministério da Cultura para tal liberação e nos disseram coisas que a gente não está conseguindo entender. Como era necessária a última parcela para terminar os últimos preparativos, nós ficamos com barracões abertos trabalhando. A prefeitura não tinha uma posição. Só disse que não investe dinheiro público na festa, apenas cede o espaço do Cepop, segurança e apoio logístico”, comentou.
A indefinição do carnaval fora de época gerou protesto das agremiações na noite de quarta-feira (7) contra a Prefeitura de Campos, na Avenida 28 de Março. “Foi programado para 17 e 18 de maio um mini desfile devido ao recurso não ser o suficiente. Os bois pintadinhos não vão participar nesta data, mas desfilarão em agosto em outro evento, como foi divulgado pela Prefeitura. Sofremos muito com a indecisão de aportes financeiros. Isso dificulta a finalização. Falta um plano de gestão municipal para o carnaval. Se não há um calendário próprio, como vamos arrumar patrocínio”, questiona Geovana Almeida.
Ainda de acordo com a Liesecam, foram confirmados os desfiles de 11 escolas de samba e de sete blocos. Foi orçado que cada bloco recebesse R$37 mil, e, cada escola, R$51 mil. A expectativa é de, pelo menos, cinco mil pessoas nas arquibancadas a cada dia. “Como sempre, é uma luta realizar um desfile. A cada tempo que passa a cultura popular do carnaval fica sendo deixada de lado pelo gestor municipal. No quarto ano de mandato, nós não conseguimos fazer um desfile, apenas um mini desfile em 2023, na Avenida XV de Novembro. O município aluga o Cepop para produtores de shows e eventos, mas para o carnaval há sempre obstáculos. A gente está tentando sensibilizar as pessoas, pois hoje tem um orçamento de quase R$ 3 bilhões, mas não aporta um recurso para 18 agremiações que vêm de bairros periféricos. Falta gestão da cultura”, conclui Geovana Almeida.
Terceira Via
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