MORO EXIBE AO JORNAL NACIONAL MENSAGENS DE BOLSONARO TENTANDO OBSTRUIR INVESTIGAÇÕES CONTRA DEPUTADOS - Jornal Tempo News

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25/04/2020

MORO EXIBE AO JORNAL NACIONAL MENSAGENS DE BOLSONARO TENTANDO OBSTRUIR INVESTIGAÇÕES CONTRA DEPUTADOS



O presidente Jair Bolsonaro tentou obstruir investigações da Polícia Federal, que teria como alvo 12 deputados governistas. As provas estão em mensagens enviadas ao ex-ministro da Justiça e da Segurança, Sérgio Moro, por meio de Whatsapp.

As mensagens foram exibidas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta sexta-feira (24). A troca de mensagens teria se dado na noite de quinta-feira (23), quando Bolsonaro cobrava mudanças no comando da Polícia Federal.

Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, Moro afirmou que decidiu pedir demissão do ministério porque Bolsonaro estava tentando promover aparelhamento político no comando da PF e por isso teria decidido exonerar o diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo. 

Em pronunciamento no final da tarde desta sexta-feira, Bolsonaro negou as acusações de Moro e disse que o ministro tentou condicionar a demissão de Valeixo a indicação do seu nome para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o site G1, após o pronunciamento de Bolsonaro, a TV Globo cobrou de Moro provas de que suas declarações tinham fundamento. O ex-ministro mostrou, então, a imagem de uma troca de mensagens entre ele e o presidente, ocorrida na quinta-feira.

O telefone anotado na agenda do ex-ministro é identificado por “presidente novíssimo”, indicando ser o número mais recente de Bolsonaro.

A imagem mostra que o presidente enviou a Moro o link de uma nota do site “O Antagonista”, segundo a qual a PF está “na cola” de dez a 12 deputados bolsonaristas.

O presidente, então, escreveu: “Mais um motivo para a troca”, se referindo à mudança na direção da Polícia Federal.

Sergio Moro respondeu ao presidente explicando que a investigação não tinha sido pedida pelo então diretor da PF, Maurício Valeixo. Moro enviou a mensagem: “Esse inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre, no STF”, se referindo ao ministro Alexandre de Moraes.

Moro prossegue: “Diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas”. E finaliza: “Conversamos em seguida, às 0900”, referindo-se ao encontro que os dois teriam posteriormente.

Sobre a indicação para o Supremo, o telejornal da Globo cobrou de Sergio Moro provas de que ele não havia condicionado a troca no comando da Polícia Federal à sua indicação para a composição da Corte, uma acusação feita pelo presidente Bolsonaro no pronunciamento.

O ex-ministro mostrou a imagem de uma troca de mensagens com a deputada federal Carla Zambelli (PSL), aliada e defensora do presidente nas redes sociais. Nesta sexta, a deputada estava ao lado do presidente durante o pronunciamento.

Carla Zambelli diz: “Por favor, ministro, aceite o Ramage”, numa referência a Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem é um dos candidatos de Jair Bolsonaro para a Direção-Geral da Polícia Federal.

Partiu da deputada a proposta para que Sergio Moro aceitasse a mudança na PF em troca da nomeação dele para o Supremo Tribunal Federal.

“E vá em setembro pro STF”, enviou a deputada. “Eu me comprometo a ajudar”, acrescentou. “A fazer JB (Jair Bolsonaro) prometer”, completou.

Sérgio Moro, então, rechaça a proposta: “Prezada, não estou à venda”.

Carla Zambelli, então, continua a argumentar: “Ministro, por favor, milhões de brasileiros vão se desfazer”.

Em seguida, ela responde à mensagem de Moro de que não estaria à venda. “Eu sei”, diz. “Por Deus, eu sei”, acrescenta.

“Se existe alguém que não está à verba é o senhor”. A palavra “verba”, neste caso, parece ser “venda”, com erro de digitação, diz a reportagem do G1.

Moro finaliza a conversa dizendo: “Vamos aguardar, já há pessoas conversando lá”. Segundo o ex-ministro, era uma referência à tentativa de aliados de convencer o presidente a mudar de ideia.

FONTE:PORTAL VIU

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