No mundo, o total de infectados é de 1,6 milhão
Brasília - A pandemia do novo coronavírus alcançou ontem duas
marcas: no Brasil, o número de mortos ultrapassou a casa dos mil e no mundo, a
dos 100 mil. Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde aponta que já são quase
20 mil os brasileiros diagnosticados com a covid-19. No mundo, o total de
infectados é de 1,6 milhão.
Em 24 horas, o País registradas 115 novas mortes (acréscimo
de 12%) e 1.781 casos a mais (aumento de 10%), elevando os números totais para
1.056 óbitos e 19.638 casos confirmados da doença em todas os Estados.
São Paulo continua sendo o mais afetado, com 8.216 casos e
540 mortes, seguido por Rio de Janeiro (2.464 e 147) e Ceará (1.478 e 58). Na
quinta-feira, o governador João Doria (PSDB) prometeu mais rigor nas medidas de
distanciamento social, cogitando até prender quem desrespeitar a recomendação.
O objetivo, segundo ele, é que o isolamento englobe cerca de
70% da população em todo o Estado, patamar considerado ideal para desacelerar a
doença. Porém, o Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI-SP) do Governo de
São Paulo mostra que o porcentual de isolamento social no Estado foi de apenas
47% na quinta-feira.
Segundo o infectologista e epidemiologista Carlos Magno
Castelo Branco Fortaleza, do Comitê de Contingenciamento do Estado, estudos
indicam desaceleração no crescimento da doença depois que Doria decretou
quarentena a partir de 24 de março. "Hoje, uma pessoa passa o vírus para
um pouco mais de uma. Isso ainda é um crescimento, mas mais lento. A questão é
como ficará daqui duas semanas se não decretar prorrogação. Podemos ter
crescimento exponencial."
Para o infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emilio
Ribas, as ações de isolamento tomadas em vários Estados podem ter feito com o
que o pico da doença no País fosse um pouco adiado. O Ministério da Saúde
estima que isso deve ocorrer entre o fim de abril e o começo de maio. A
primeira em decorrência da covid-19 foi em 17 de março, em São Paulo, de um
homem de 62 anos que tinha diabete e hipertensão, sem histórico de viagem ao
exterior. Em menos de dez dias, em 25 de março, já eram 57 mortes. Passou para
mais de 200 em 1.º de abril e ultrapassou os mil óbitos ontem.
"As curvas foram desaceleradas pelas quarentenas e, em
paralelo, pela otimização dos hospitais de campanha, com leitos de UTI e
aparelhos", diz Gorinchteyn. "Mas se o número de casos crescer de
forma acentuada, medidas terão de ser estabelecidas para garantir que pessoas
não tenham risco de vida, não só para não sobrecarregar o sistema de
saúde", avalia.
Ele alerta, porém, para o aumento da circulação de pessoas
observado nos últimos dias. Na quinta-feira, o jornal O Estado de S. Paulo
mostrou que a quarentena afrouxou em todas as capitais entre a última semana de
março e os primeiros dias de abril. Entre as dez maiores capitais, a que
apresentou maior proporção de pessoas circulando nas últimas semanas foi
Manaus. O Amazonas registrava ontem 981 casos e 50 mortes por covid-19.
"Isso pode fazer com que haja mais circulação do vírus e contaminação dos
mais vulneráveis e a mais mortes", diz Gorinchteyn.
No início da semana, o Ministério da Saúde propôs que algumas
regiões afrouxem o isolamento, desde que estejam providas de leitos,
respiradores, testes, equipamentos de proteção e equipes de saúde suficientes.
Avanço no mundo
Ainda sem nomear o vírus, em 31 de dezembro, o governo da
cidade chinesa de Wuhan confirmou para autoridades de saúde a existência de
dezenas de casos de uma pneumonia desconhecida na região. Em 11 de janeiro, foi
informada a primeira morte. Desde então, a covid-19 se espalhou por todos os
continentes e deixou mais de 100 mil mortos até ontem, segundo levantamento da
universidade norte-americana Johns Hopkins. Os dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS) apontam 92.798 mortos. São mais de 1,6 milhão de infectados.
Da China, o novo epicentro da doença passou a ser a Europa em
março, com Itália e Espanha destacando-se pelo crescente número de casos e
mortes. Depois, os Estados Unidos passaram a chamar a atenção, superando
registros europeus.
Para Carlos Magno, três fatores colaboraram com a propagação
do vírus pelo mundo: o padrão de deslocamento das pessoas, a velocidade de
resposta dos países e o negacionismo dos líderes políticos. Ele avalia que a
Itália reconheceu tarde que se tratava de uma emergência de saúde e que os
norte-americanos "são vítimas do negacionismo do presidente", que
chegou a minimizar a doença.
Em comparação com esses países, Gorinchteyn diz que o Brasil
está conseguindo fazer com que as pessoas entendam a importância de ficar em
casa e, ao mesmo tempo, tem preparado as unidades de saúde. "Apesar do
número de casos, estamos fazendo história diferente de China, Itália e EUA. Por
isso, nesse momento, não é adequado afrouxar o isolamento.
FONTE:O DIA
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