Apesar da comissão processante, lideranças locais dizem que
marido da prefeita continuaria dando as ordens no governo
pontado numa comissão de investigação da Câmara de Vereadores
como "prefeito de fato" do município Carapebus, no interior do estado
do Rio de Janeiro, com condenação por improbidade administrativa transitada em
julgado, Eduardo Cordeiro não deveria dar nenhum pitaco nas ações do governo,
mas, de acordo com algumas lideranças locais, ele estaria "mandando e
muito" na gestão de sua mulher, a prefeita Christiane Cordeiro. Na semana
passada a Justiça Federal determinou que ele fosse afastado de qualquer função
na Prefeitura, mas pelo menos até a noite de ontem (24) não era possível
encontrar no site oficial do município nenhum ato sobre tal afastamento. Porém,
com ou sem portaria, diploma de prefeito ou não, seria ele o mandatário,
determinando, inclusive, pagamentos.
Eduardo – que já havia sido prefeito da cidade – tentou
concorrer nas eleições de 2016, mas foi barrado por conta de uma condenação por
improbidade administrativa, devido a irregularidades no processo licitatório
para a construção de uma estação de tratamento de esgoto. Ele lançou a mulher
em seu lugar e, desde a posse dela, em janeiro de 2017, estaria governando
indiretamente o município, segundo as denúncias que resultaram numa comissão
processante.
Ele foi nomeado para o cargo de secretário de Governo, do
qual, pelo que foi decidido pela Justiça Federal, terá de ser afastado pela
Prefeita.
CPI – Concluído em fevereiro desde ano, o relatório da
comissão processante aponta para a cassação do mandato de Christiane, o que
ainda não ocorreu, também devido a decisões judiciais. O processo aberto contra
a prefeita pela Câmara de Vereadores teria se dado muito mais pelas
interferências do marido na gestão, segundo revelam algumas lideranças locais.
Christiane foi denunciada ao Legislativo por desvio de
recursos repassados ao município através do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Fundo Nacional de Saúde (FNS)
para pagar fornecedores e salários de servidores efetivos e comissionados, além
de suposto superfaturamento na aquisição de merenda escolar, compra de
combustível e locação de maquinas e equipamentos.
Entre os fatos relacionados para apuração por parte da Câmara
de Vereadores estavam também emissão de notas de empenho e autorização de
pagamentos sem assinatura da prefeita, atos que teriam sido autorizados por
Eduardo.
Dupla gestão – Durante as investigações várias testemunhas
foram ouvidas pela comissão processante, e uma delas prestou um depoimento
contundente em relação ao marido da prefeita. É o caso de Márcio Giovanini, que
foi secretário de Saúde por pouco mais de um ano, mas, segundo contou, não
tinha nem acesso à folha de pagamento, porque, afirmou, o marido da prefeita
não deixava ele ver.
Marcio contou que é casado com uma sobrinha de Eduardo
Cordeiro, e que o marido da prefeita interferia na Secretaria de Saúde. Ele
confirmou que, a pedido de Eduardo liberava transferências de recursos
repassados pelo Fundo Nacional de Saúde para conta da Prefeitura, o que é irregular.
O dinheiro, segundo ele, era para pagar salários.
"Eu me sentia pressionado, porque eu sabia que não era
legal fazer esse tipo de transferência, mas, como você sabe, né, o Eduardo
tinha um grau de parentesco com a minha esposa, então eu me sentia algumas
vezes pressionado a fazer isso, sempre com promessa de que ó, esse mês a gente
vai fazer isso, mas a gente vai devolver esse dinheiro", contou Marcio,
respondendo que sim a pergunta de que se era possível afirmar que o marido da
prefeita o prefeito de fato.
O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de
Carapebus.
FONTE:JORNAL DOS MUNICÍPIOS
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