O primeiro balanço da entrega de respiradores nacionais
comprados pelo Ministério da Saúde aponta que o país só recebeu 22% dos
equipamentos previstos para serem entregues em abril. A previsão era que as
empresas Magnamed e Intermed entregassem 2.240 unidades dos equipamentos no mês
passado, mas apenas 487 foram recebidas pelo governo federal.
Os dados foram apresentados nesta manhã pelo ministro da
Saúde, Nelson Teich, durante audiência com deputados na Comissão Externa de
Ações contra o Coronavírus. O ministro não deu detalhes sobre o atraso na
entrega dos equipamentos.
Procurada pelo G1, a Magnamed contradisse o ministério e
afirmou que tem 180 dias de prazo para a entrega dos equipamentos, mas afirmou
que tenta antecipar a data de entrega. A empresa informou, também, que tem sido
um desafio aumentar a produção em um curto espaço de tempo, pois grande parte
dos componentes são importados e há uma forte concorrência. O G1 também entrou
em contato com a Intermed para esclarecimentos sobre o cumprimento do
cronograma, até a mais recente atualização desta reportagem não obteve retorno.
A compra foi fechada ainda na gestão de Luiz Henrique
Mandetta. À época, ele afirmou que o valor dos contratos passaria de R$ 1
bilhão.
Respiradores, UTI e testes
A entrega de respiradores é uma das ações tratadas como
prioritárias pelo Ministério da Saúde desde a gestão do então ministro Luiz
Henrique Mandetta. Ao lado dessa iniciativa, a gestão Mandetta também incluía
neste mesmo patamar a intenção de ampliar a oferta de testes no Brasil e o
aluguel de leitos de UTI. As ações tinham como meta fortalecer o sistema público
de saúde.
No caso do aluguel de leitos, a estratégia não cumpriu a
meta. O governo federal só entregou 17,5% dos 2 mil leitos de UTI alugados que
foram prometidos para enfrentar a Covid-19 e editais foram cancelados. No caso
dos testes, a meta é fazer 46 milhões de testes até dezembro, mas pouco mais de
10% dos testes já foram enviados aos estados.
Em relação aos respiradores, o alerta começou a soar
definitivamente dentro do ministério no começo de abril: já prevendo os
problemas que os hospitais teriam no atendimento aos pacientes, o ex-ministro
chegou a falar que uma “possível” compra de 8 mil respiradores ajudaria a
“acalmar” as capitais. Mandetta apontou sucessivas quebra de contratos na
China, e disse que a saída encontrada foi apostar nos esforços da indústria
nacional.
Um mês depois de o segundo contrato nacional ter sido
assinado, a situação não foi normalizada. Nesta quinta, durante a apresentação
aos deputados, o novo ministro Nelso Teich lembrou dos problemas da gestão
anterior, que previa a compra de 15 mil itens.
“O Ministério da Saúde possuía um contrato para aquisição de
15 mil respiradores com a empresa chinesa Santos – Produtos do Brasil (MACAU)
Companhia de Investimento e de Comércio. Como o fornecedor não conseguiu
entregar os equipamentos, o contrato segue os trâmites para o cancelamento.
Destaca-se que nenhum valor foi pago à título de adiantamento para a empresa
chinesa”- resposta do Ministério da Saúde ao G1 .
“A parte da situação de aquisição de respiradores, a gente
tem uma proposta de produzir pelo menos 14,1 mil pelo Brasil. A gente teve uma
dificuldade, na negociação, de trazer esses respiradores de fora”, disse o
ministro Nelson Teich.
O novo cronograma da pasta com três empresas brasileiras
escalonou a entrega dos itens entre os meses de maio e julho. Em abril, a
Magnamed deveria ter entregue 1,940 mil itens e a Intermed, outros 300. Na
apresentação feita aos deputados, o ministério não detalhou qual o percentual
entregue por cada uma delas.
Questionado pelo G1, o ministério informou que a distribuição
dos equipamentos tem acontecido conforme a capacidade de produção da indústria
nacional, que depende de algumas peças que são importadas. “Após um cenário de
escassez mundial também destas peças, tem-se observado a normalização deste
fornecimento. Desta forma, a partir deste mês, é esperada a ampliação da
produção através de um esforço da indústria nacional, que envolve mais de 15
instituições entre fabricantes processadores, instituições financeiras e
empresas de alta tecnologia, entre outras”.
O Ministério da Saúde informou, também, que distribuiu 487
respiradores pulmonares para os seguinte Estados: Ceará (75), Paraíba (20),
Pernambuco (50), Amazonas (90), Amapá (65), Pará (80), Paraná (20), Santa
Catarina (17), Espírito Santo (10) e Rio de Janeiro (60).
Entenda a importância do equipamento
O equipamento é essencial para garantir a sobrevivência de
pacientes com quadros severos da Covid-19, doença causada pelo novo
coronavírus. Quando o paciente está com insuficiência respiratória por causa da
doença, a troca gasosa nos pulmões fica comprometida. O aparelho chamado
controla a pressão do ar para dentro de nossos pulmões, para que a troca gasosa
se mantenha.
Para o paciente não ficar desconfortável, ele é sedado. O
ventilador, em geral, é colocado na boca, e o tubo irá até a traqueia. Pelo
ventilador, os profissionais de saúde podem escolher a porcentagem de oxigênio
no ar fornecido ao paciente – índices maiores que o atmosférico, de 21%. Quanto
mais comprometidos estiverem os alvéolos (aqueles saquinhos de ar do pulmão),
mais oxigênio será necessário.
É importante entender que o aparelho não é um tratamento. Ele
apenas poupa o organismo do esforço de respirar, até que o sistema imunológico
reaja e combata o vírus, no caso da Covid-19.
FONTE:SUBÚRBIO NEWS
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