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17/05/2020

CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ: CENÁRIO DIFÍCIL E O DRAMA DO COMÉRCIO, INDUSTRIA E PREFEITURA


IMPLICAÇÕES NA ECONOMIA– Veja os efeitos da pandemia em diversos setores do município

Qual o tamanho do rombo que a crise do coronavírus vai provocar na economia local? A exemplo do que ocorre com o cenário de devastação da economia brasileira, em Campos empresários e analistas avaliam o quadro de incertezas e buscam respostas para o segundo semestre diante dos efeitos da Covid-19. Com as medidas de isolamento social e a maior parte do comércio de portas fechadas, o município se vê diante da aproximação de um quadro de grande recessão que atinge também segmentos importantes como a indústria do petróleo, a partir da desativação de plataformas na Bacia de Campos e o anúncio de milhares demissões pela Petrobras. A queda da atividade econômica também atinge brutalmente o setor público, já cambaleante com a queda de receitas de tributos e impostos. E os efeitos dessa crise: o agravante de que os efeitos no emprego devem ser maiores, com centenas de demissões.

De portas fechadas, os setores mais atingidos são bares, restaurantes, academias de ginástica, lojas de confecções, eletrodomésticos, brinquedos, presentes, papelarias, livrarias, salões de beleza, além de shoppings centers, serviços educacionais, logística e transporte. “É uma cadeia produtiva e geradora de empregos muito importante. A preocupação se multiplica porque com a paralisia destes setores, cai também a arrecadação do setor público que já vinha mal das pernas com a brutal queda da receita dos royalties”, disse o economista Ranulfo Vidigal.
  
Setores da indústria também patinam em números negativos. No primeiro trimestre de 2020, o volume de produção industrial da região Norte Fluminense (28,9 pontos) registrou redução atingindo o segundo menor valor da série - indicador abaixo de 50 pontos indica queda e acima de 50 pontos indica aumento. Nesse cenário de isolamento social causado pela pandemia, a baixa demanda por produto foi atendida pelos estoques (40 pontos) que também recuaram e ficaram bem abaixo do planejado (35,7 pontos).

CERÂMICAS E CONSTRUÇÃO CIVIL - As cerâmicas da Baixada Campista continuam operando com capacidade ociosa em razão do baixo índice de crescimento na construção civil. No início deste ano havia melhores perspectivas de retomada do aquecimento do setor com o crescimento do crédito imobiliário, juros mais baixos de financiamento e o bom desempenho do número de empregos gerados no setor.
  
“Já em 2019 havia sinais de ritmo lento na recuperação da economia, com um movimento ainda que tímido no setor da construção civil e a clara percepção de que o pior havia ficado para trás. Agora veio essa pandemia e desconstruiu nossas expectativas”, disse o presidente do Sindicato da Indústria de Cerâmica de Campos, Oziel Batista Crespo Junior. O setor chegou a empresas 6 mil pessoas, hoje abriga cerca entre 3,5 mil e 4 mil empregados.  
  
EXCEÇÃO - Menos mal, mesmo diante da pandemia, a indústria sucroenergética se mantém com boas expectativas com um bom regime de chuvas e os preços do açúcar no mercado internacional e beneficiada pelo decreto federal que tornou a atividade essencial. O "boom" climático levou o setor a prolongar o  período de safra em um mês. 
  
“Choveu bem, a chuva chegou no momento certo e no volume certo.  Este ano vamos produzir uma safra mais açucareira porque os preços do açúcar no mercado internacional estão favoráveis com a queda de produção na Tailândia devido a problemas climáticos naquele país”, disse o presidente da Coagro (Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro), Frederico Paes.  A cotação da saca de 50 kg do açúcar é de R$ 74,00.
  
A expectativa é de moagem de até 800 mil toneladas de cana, um aumento de mais de 30% em relação a safra do ano passado, com 1,2 milhão de sacas de açúcar e 18 milhões de litros de álcool. A estimativa é de uma geração de 3 mil empregos diretos e indiretos na indústria ou no campo.
  
SETOR PÚBLICO - Por outro lado, o sentimento de apreensão quanto a queda de receitas no setor público faz sentido. A prefeitura de Campos amargou neste mês de abril uma queda de arrecadação de 40% de IPTU (Importo Predial e Territorial Urbano) e de 20% no ISS (Imposto Sobre Serviços). Já as receitas oriundas da produção de petróleo acumularam perdas de 64% este ano em comparação com as receitas do mesmo período do ano passado.
  
Em 2019, o município registrou perda de mais de R$ 200 milhões nestas receitas. Em fevereiro último, Campos recebeu o pior repasse da história em Participação Especial, em torno de R$ 5,8 milhões.
  
“É um quadro preocupante no setor público porque representa a interrupção de contratações de profissionais em diversas áreas feitas na forma de RPA (Recibo de Pagamento de Autônomo). Ou seja, mais um baque violento na demanda agregada do consumo no já combalido comércio local”, afirmou.
  
O governo estadual também se encontra em situação delicada em suas finanças. A receita de R$ 69 bilhões projetada para 2020, que já não seria suficiente para cobrir a previsão de despesas de R$ 80 bilhões,  ficou pior com a Covid-19: a Secretaria Estadual da Fazenda projeta uma arrecadação de R$ 54 bilhões após a pandemia.
  
Segundo estimativas do governo estadual, serão R$ 11 bilhões a menos de ICMS e R$ 4 bilhões a menos de royalties de petróleo. De acordo com a Firjan, quase 80% das indústrias fluminenses paralisaram ou reduziram a produção diante da pandemia do coronavírus.
  
A prefeitura emprega cerca de 15 mil trabalhadores. O governo estadual registra perto de 7 mil servidores lotados em Campos.
  
128 MIL CAMPISTAS RECEBEM AUXÍLIO - Diante do saldo negativo, as medidas emergenciais do governo federal servem para compensar a situação dos que estão em casa no isolamento social e aliviar o comércio campista, que nesses três meses terá uma injeção de cerca de R$ 250 milhões. Em Campos, mais de 128 mil pessoas serão beneficiadas pelos repasses do auxílio de R$ 600,00 ou R$ 1.200,00 para os beneficiários do Programa Bolsa Família, o dos Programas do CadUnico e ainda os trabalhadores e autônomos que ficaram sem trabalhar.
  
PRESERVAR EMPREGOS - Cuidar da sobrevivência da micro e pequena empresa será um dos desafios após a pandemia. É ela que segura o emprego e que tem maior capacidade de se adaptar e se reinventar para enfrentar esta crise.
  
O governo federal, por sua vez, já permite que as empresas cortem as jornadas de trabalho e os salários de seus funcionários pela metade para preservar o emprego.

 FONTE:CAMPOS 24 HS 

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