IMPLICAÇÕES NA ECONOMIA– Veja os efeitos da pandemia em
diversos setores do município
Qual o tamanho do rombo que a crise do coronavírus vai
provocar na economia local? A exemplo do que ocorre com o cenário de devastação
da economia brasileira, em Campos empresários e analistas avaliam o quadro de
incertezas e buscam respostas para o segundo semestre diante dos efeitos da
Covid-19. Com as medidas de isolamento social e a maior parte do comércio de
portas fechadas, o município se vê diante da aproximação de um quadro de grande
recessão que atinge também segmentos importantes como a indústria do petróleo,
a partir da desativação de plataformas na Bacia de Campos e o anúncio de
milhares demissões pela Petrobras. A queda da atividade econômica também atinge
brutalmente o setor público, já cambaleante com a queda de receitas de tributos
e impostos. E os efeitos dessa crise: o agravante de que os efeitos no emprego
devem ser maiores, com centenas de demissões.
De portas fechadas, os setores mais atingidos são bares,
restaurantes, academias de ginástica, lojas de confecções, eletrodomésticos,
brinquedos, presentes, papelarias, livrarias, salões de beleza, além de
shoppings centers, serviços educacionais, logística e transporte. “É uma cadeia
produtiva e geradora de empregos muito importante. A preocupação se multiplica
porque com a paralisia destes setores, cai também a arrecadação do setor
público que já vinha mal das pernas com a brutal queda da receita dos royalties”,
disse o economista Ranulfo Vidigal.
Setores da indústria também patinam em números negativos. No
primeiro trimestre de 2020, o volume de produção industrial da região Norte
Fluminense (28,9 pontos) registrou redução atingindo o segundo menor valor da
série - indicador abaixo de 50 pontos indica queda e acima de 50 pontos indica
aumento. Nesse cenário de isolamento social causado pela pandemia, a baixa
demanda por produto foi atendida pelos estoques (40 pontos) que também recuaram
e ficaram bem abaixo do planejado (35,7 pontos).
CERÂMICAS E CONSTRUÇÃO CIVIL - As cerâmicas da Baixada
Campista continuam operando com capacidade ociosa em razão do baixo índice de
crescimento na construção civil. No início deste ano havia melhores
perspectivas de retomada do aquecimento do setor com o crescimento do crédito
imobiliário, juros mais baixos de financiamento e o bom desempenho do número de
empregos gerados no setor.
“Já em 2019 havia sinais de ritmo lento na recuperação da
economia, com um movimento ainda que tímido no setor da construção civil e a
clara percepção de que o pior havia ficado para trás. Agora veio essa pandemia
e desconstruiu nossas expectativas”, disse o presidente do Sindicato da
Indústria de Cerâmica de Campos, Oziel Batista Crespo Junior. O setor chegou a
empresas 6 mil pessoas, hoje abriga cerca entre 3,5 mil e 4 mil
empregados.
EXCEÇÃO - Menos mal, mesmo diante da pandemia, a indústria
sucroenergética se mantém com boas expectativas com um bom regime de chuvas e
os preços do açúcar no mercado internacional e beneficiada pelo decreto federal
que tornou a atividade essencial. O "boom" climático levou o setor a
prolongar o período de safra em um
mês.
“Choveu bem, a chuva chegou no momento certo e no volume
certo. Este ano vamos produzir uma safra
mais açucareira porque os preços do açúcar no mercado internacional estão
favoráveis com a queda de produção na Tailândia devido a problemas climáticos
naquele país”, disse o presidente da Coagro (Cooperativa Agroindustrial do
Estado do Rio de Janeiro), Frederico Paes.
A cotação da saca de 50 kg do açúcar é de R$ 74,00.
A expectativa é de moagem de até 800 mil toneladas de cana,
um aumento de mais de 30% em relação a safra do ano passado, com 1,2 milhão de
sacas de açúcar e 18 milhões de litros de álcool. A estimativa é de uma geração
de 3 mil empregos diretos e indiretos na indústria ou no campo.
SETOR PÚBLICO - Por outro lado, o sentimento de apreensão quanto
a queda de receitas no setor público faz sentido. A prefeitura de Campos
amargou neste mês de abril uma queda de arrecadação de 40% de IPTU (Importo
Predial e Territorial Urbano) e de 20% no ISS (Imposto Sobre Serviços). Já as
receitas oriundas da produção de petróleo acumularam perdas de 64% este ano em
comparação com as receitas do mesmo período do ano passado.
Em 2019, o município registrou perda de mais de R$ 200
milhões nestas receitas. Em fevereiro último, Campos recebeu o pior repasse da
história em Participação Especial, em torno de R$ 5,8 milhões.
“É um quadro preocupante no setor público porque representa a
interrupção de contratações de profissionais em diversas áreas feitas na forma
de RPA (Recibo de Pagamento de Autônomo). Ou seja, mais um baque violento na
demanda agregada do consumo no já combalido comércio local”, afirmou.
O governo estadual também se encontra em situação delicada em
suas finanças. A receita de R$ 69 bilhões projetada para 2020, que já não seria
suficiente para cobrir a previsão de despesas de R$ 80 bilhões, ficou pior com a Covid-19: a Secretaria
Estadual da Fazenda projeta uma arrecadação de R$ 54 bilhões após a pandemia.
Segundo estimativas do governo estadual, serão R$ 11 bilhões
a menos de ICMS e R$ 4 bilhões a menos de royalties de petróleo. De acordo com
a Firjan, quase 80% das indústrias fluminenses paralisaram ou reduziram a
produção diante da pandemia do coronavírus.
A prefeitura emprega cerca de 15 mil trabalhadores. O governo
estadual registra perto de 7 mil servidores lotados em Campos.
128 MIL CAMPISTAS RECEBEM AUXÍLIO - Diante do saldo negativo,
as medidas emergenciais do governo federal servem para compensar a situação dos
que estão em casa no isolamento social e aliviar o comércio campista, que
nesses três meses terá uma injeção de cerca de R$ 250 milhões. Em Campos, mais
de 128 mil pessoas serão beneficiadas pelos repasses do auxílio de R$ 600,00 ou
R$ 1.200,00 para os beneficiários do Programa Bolsa Família, o dos Programas do
CadUnico e ainda os trabalhadores e autônomos que ficaram sem trabalhar.
PRESERVAR EMPREGOS - Cuidar da sobrevivência da micro e
pequena empresa será um dos desafios após a pandemia. É ela que segura o
emprego e que tem maior capacidade de se adaptar e se reinventar para enfrentar
esta crise.
O governo federal, por sua vez, já permite que as empresas
cortem as jornadas de trabalho e os salários de seus funcionários pela metade
para preservar o emprego.
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