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20/06/2020

CAMPISTA E MACAENSE NO COMANDO DO PROCESSO DE IMPEACHMENT DE WITZEL

Deputados Rodrigo Bacellar e Chico Machado, relator e presidente da comissão que vai apurar se o governador cometeu crime de responsabilidade

Enquanto 17 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF) por danos à Saúde do estado do Rio de Janeiro em esquema liderado pelo empresário Mário Peixoto desde 2012, preso na Operação Favorito, um desdobramento da Lava Jato, a Assembléia Legislativa (Alerj) trata de dar continuidade ao processo de impeachment do governador Wilson Witzel (PSC). Dois deputados do Norte Fluminense estarão no comando da comissão especial formada por 24 parlamentares e instalada na última quinta-feira (18) para analisar o pedido de impeachment do chefe do Executivo. O macaense Chico Machado (PSD) e o campista Rodrigo Bacelar (SDD serão, respectivamente, presidente e relator do processo. Ambos foram eleitos por unanimidade. A reunião de instalação foi presidida pelo deputado Eliomar Coelho (Psol), o mais idoso entre os que compõem o colegiado. 
  
Bacelar anunciou que vai pedir à Procuradoria Geral da República (PGR), ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público do Estado (MPRJ) a integra da investigação sobre desvios na saúde revelados nas operações Favorito e Placebo. Segundo ele, o objetivo é apresentar um parecer de forma mais técnica e isenta possível. “A sociedade não aguenta mais denúncias de corrupção. Vamos trazer transparência”, disse Rodrigo Bacelar.
  
Já Chico Machado reiterou a responsabilidade na apuração das denúncias. “É obrigação dessa comissão dar uma resposta ao que vem acontecendo no nosso Estado”, defendeu.
  
DENUNCIA – Os deputados Luiz Paulo e Lucinha (ambos do PSDB) são autores do pedido de afastamento do governador. Ambos acusam Witzel de crime de responsabilidade.
  
O tucano fundamentou o pedido. “Primeiro, a relação do governador com o senhor Mário Peixoto, lembrando que a primeira operação deflagrada pelo Ministério Público e pela Polícia Federal chamou-se Operação Favorita porque Mário Peixoto era o favorito do rei. O segundo aspecto diz respeito a Organização Social Unir, que foi requalificada pelo governador e nas gravações há indícios que tinham interesses pecuniários envolvidos. A terceira  questão é que uma outra empresa, também ligada à família Peixoto estava pagando honorários advocatícios de 36 parcelas na ordem de R$ 15 mil por mês para a primeira-dama do Estado”. 
  
Mário Peixoto é dono de empresas que celebraram diversos contratos, como o de fornecimento de mão de obra terceirizada, com os governos estadual – desde a gestão de Sérgio Cabral, cresceu durante o governo de Luiz Fernando Pezão e presta serviços ao governo de Wilson Witzel – e está em unidades do governo federal.
  
Segundo ainda Luiz Paulo, ainda pesa a decisão do ministro do STJ pedindo buscas a apreensões na Operação Placebo, mostrando que havia fortes indícios de corrupção com a participação do governador. “Então, não tenho dúvida alguma que o pedido de impeachment está muito bem fundamentado”, declarou. Os crimes atribuídos a Peixoto vão de lavagem de dinheiro, pertinência a organização criminosa (orcrim) a obstrução de investigação.
  
PRAZO - Ao fim da reunião, o presidente do grupo leu o ofício de citação que será enviado ao governador com a cópia da denúncia. A partir do recebimento desse documento, o governador terá um prazo de dez sessões ordinárias para apresentar sua defesa. Após esta etapa, a comissão terá mais cinco sessões para apresentar um parecer sobre o caso, contados a partir do recebimento da defesa ou do fim do prazo para apresentação da mesma. A abertura do processo não afasta Witzel do cargo imediatamente. Isto ocorre apenas se a denúncia for aceita pela maioria dos deputados. 
  
A comissão é composta pelos deputados Luiz Paulo (PSDB), Enfermeira Rejane (PC do B), Dionísio Lins (PP), Renan Ferreirinha (PSB), Carlos Macedo (Republicanos), Márcio Canella (MDB), Val Ceasa (Patriotas), Waldeck Carneiro (PT), João Peixoto (DC), Martha Rocha (PDT), Subtenente Bernardo (Pros), Brazão (PL), Marcus Vinícius (PTB), Marcos Abrahão (Avante), Léo Vieira (PSC), Alexandre Freitas (Novo), Marina Rocha (PMB), Valdecy da Saúde (PTC), Bebeto (Podemos), Dr. Deodato (DEM), Walberth Rezende (Cidadania) e Gustavo Schmidt (PSL).
  
VISITA - Na tentativa relaxar as tensões entre o Palácio Guanabara e a Assembléia Legislativa, o governador fez uma visita ao presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), na sala da presidência no Palácio Tiradentes.
  
Witzel demonstrou visível abatimento e foi extremamente formal em suas indagações, quase todas voltadas ao entendimento do rito processual. O encontro durou 25 minutos e, além do vice-governador Cláudio Castro, contou também com as presenças de sete deputados, nenhum deles integrante da comissão do impeachment: Bruno Dauaire (PSC), Alexandre Pnoplock (PSL), Tutuca (MDB), Jorge Felipe Neto (PSD), Rodrigo Amorim (PSL), Marcos Muller (PHS) e Márcio Pacheco (PSC). 

Mais do que a pauta, a reunião (marcada a pedido de Cláudio Castro), simbolizou o primeiro gesto de Witzel para distender o relacionamento do Palácio Guanabara com a Alerj, truncado desde as ameaças de dossiê do ex-secretário Lucas Tristão. Em nenhum momento, Witzel chegou a pedir a ajuda dos deputados. Restringiu-se a dirimir dúvidas sobre os ritos do julgamento.
  
CADAFALSO - Cercado por uma gigantesca avalanche de equívocos, deslizes éticos, políticos e administrativos, o governador parece caminhar celeremente a caminho do cadafalso. O placar da votação de abertura do processo de impeachment (69 votos e uma abstenção) mostra que são bem remotas as chances de Witzel permanecer à frente do governo. Sua base de apoio no Parlamento fluminense é bastante frágil, quase inexistente. 

A menos que o improvável aconteça e produza uma espetacular reviravolta na avaliação dos deputados, os sinais emitidos neste primeiro momento são de que Witzel perdeu apoio na Alerj, junto à opinião pública, mas sobretudo, as condições de governabilidade.

Os advogados do governador devem disparar uma série de questionamentos à Alerj sobre o rito do impeachment. A iniciativa faz parte da estratégia da defesa, que deve recorrer a chicanas jurídicas para ganhar tempo.
  
Os advogados de defesa de Witzel, Manoel Peixinho e Ana Basílio vão requerer por escrito esclarecimentos sobre os ritos do processo, além de detalhes sobre seus fundamentos constitucionais.
  
FALTOU HABILIDADE  POLÍTICA - Em entrevista à CNN, o presidente da Assembléia Legislativa disse que a Alerj tem ajudado muito Witzel a governar, mas o governador não cuidou de formar uma base no parlamento. André Ceciliano (PT) afirmou que o chefe do Executivo estava mais preocupado com 2022, ou seja, com o sonho em ser presidente da República.

“A Assembleia Legislativa já vem ajudando muito o governador, desde antes da posse, com medidas importantes. Aprovamos emendas constitucionais que possibilitaram ao governo remanejar mais de R$ 1,5 bilhão em recursos. Como fomos parceiros do governador Pezão, ao aprovar medidas que possibilitaram a entrada do Rio no Regime de Recuperação Fiscal. Mas tínhamos aqui mais de 10 pedidos de impeachment, e as operações recentes aceleraram esse processo. Achamos por bem abrir, consultei o plenário, e daremos agora amplo direito de defesa. Esse placar aconteceu porque o governador não tratou, não cuidou do parlamento. Preferiu dar atenção a outras questões, estava preocupado, por exemplo, com 2022”, finalizou.


FONTE:CAMPOS 24 HS

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