Quem viu o governador Wilson Witizel nas últimas horas não
reconheceu nele o homem que durante a campanha eleitoral de 2018 posava de cara
amarrada e com pose de mau. Aquele que parecia ver em cada adversário um
inimigo a ser abatido está hoje de cabeça baixa: a Assembleia Legislativa abriu
nesta quarta-feira (10) um processo de impeachment contra ele, com votação
suficiente para causar ainda mais preocupação em quem estava acostumado a
julgar e não ser julgado.
A comissão processante pode inclusive afastá-lo até que as
investigações sejam concluídas. Terminado o processo e comprovada a
participação do governador nas irregularidades apontadas na aplicação de
recursos nas emergenciais do coronavírus, o plenário se reunirá novamente,
desta vez para cassar ou não o mandato daquele que jurou moralizar o estado e
acabar com a corrupção no governo, mas que já teve alguns colaboradores presos,
além de um empresário do qual é apontado como amigo.
Se quisesse, o presidente da Assembleia Legislativa poderia
ter posto em votação o afastamento temporário do governador. Andre Ceciliano
preferiu não tomar a decisão de abrir a CPI sozinho. Levou a proposta a
apreciação do plenário e 69 parlamentares votaram pela investigação. Rosenverg
Reis (MDB), que ainda não decidiu se aceita atuar como líder do governo na
Casa, saiu do plenário. Não teve coragem de se indispor contra o governador nem
contra a opinião pública.
Agindo com cautela Ceciliano deixou que o plenário desse a
palavra final. “Quero tomar uma decisão conjunta e essa decisão não significa
um pré-julgamento. A gente precisa dar uma posição pra sociedade. Poderia,
monocraticamente, aceitar um desses pedidos, mas quero fazer encaminhamento
aqui para que eu possa, como presidente, dar seguimento a um dos processos”,
disse o presidente da Alerj.
Ao todo foram apresentados 13 pedidos de impeachment, mas só
subscrito pelo deputado Luiz Paulo
Correa da Rocha foi levado ao plenário. Nele o governador é acusado de
crime de responsabilidade, sendo citado quatro pontos considerados de grande
relevância: compra de respiradores no combate ao coronavírus com suspeita de
superfaturamento, construção dos hospitais de campanha via licitação apontada
como irregular, possível vínculo do governador com o empresário Mário Peixoto,
rejeição das contas gestão pelo TCE, além da revogação do ato que declarava
como inidônea uma organização social ligada a Peixoto.
Apesar da derrota massacrante no plenário, o governador disse
em nota oficial que recebeu a notícia com espírito democrático. “Estou absolutamente tranquilo sobre a minha
inocência. Fui eleito tendo como pilar o combate à corrupção e não abandonei em
nenhum momento essa bandeira. E é isso que, humildemente, irei demonstrar para
as senhoras deputadas e senhores deputados”.
FONTE;ELIZEU PIRES
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