Quem lê a última notícia, publicada na manhã de ontem (21), no site da Prefeitura de Iguaba Grande (www.iguaba.rj.gov.br), na Região dos Lagos, nem imagina que, neste momento, a cidade está debaixo d’água, com pessoas desabrigadas e precisando de todo tipo de ajuda. A notícia convida para uma audiência pública sobre metas fiscais da Prefeitura. Nenhuma linha sobre desabrigados, as vias que estão interditadas pela chuva e que o asfalto cedeu na principal obra que a municipalidade estava fazendo, na Estrada da Capivara. Não adianta tentar se informar através da página oficial da Prefeitura no Facebook: ela está fora do ar há dias.
A tentativa de desinformação – ou de incompetência mesmo –
entretanto, não escapa das lentes dos smartphones. É através de comunidades no Facebook da
cidade, como a página Notícias de Iguaba, Iguaba em Foco, Iguaba Zoação, entre
outros, que os 29 mil moradores do pequeno município, conhecida como
Princesinha da Região dos Lagos, estão conseguindo se informar sobre a
quantidade de desabrigados e serem alertados sobre as condições de segurança
nas ruas. E as notícias não são nada boas.
Além das pessoas que perderam bens e víveres, a chuva também
destruiu boa parte das obras de pavimentação asfáltica recém-inauguradas pela
prefeitura, na estrada da Capivara, uma via de 2,2 km que corta quatro bairros.
Esse era o principal troféu que o atual prefeito, Vantoil Martins (Cidadania),
pretendia levar para a campanha de reeleição. Porém, como muitos já
desconfiavam , tratava-se de mais uma obra eleitoreira: boa parte do que já
estava feito foi destruído pela chuva, revelando um asfalto de menos de três
centímetros de espessura.
Além disso, como a obra estava sendo feita sem o devido
sistema de drenagem (conforme denunciado por entidades como o Viva a Lagoa),
ela impediu o escoamento da água, de modo que a própria prefeitura se viu
obrigada a mandar uma retroescavadeira destruir a obra para deixar a água
passar.
A falta de manutenção dos bueiros ficou evidente: em poucas horas de chuva, toda a cidade,
inclusive o Centro, ficou intransitável, na maior enchente registrada nos
últimos 20 anos, segundo relatos dos moradores.
Literalmente, caiu a
máscara do prefeito, que se elegeu em 2019 prometendo fazer um amplo plano de
saneamento e pavimentação para cidade, garantindo inclusive que já tinha emendas parlamentares para tal.
O “novo jeito de governar do prefeito” – slogan adotado por
ele – no entanto, tem se notabilizado muito mais pelo marketing do que pela
ação. Com uma folha inchada de funcionários comissionados – 40% a mais que o governo anterior – e sem
obras para inaugurar, Vantoil passou inaugurar pintura de prédios públicos na
cor cinza e verde – cores da sua campanha –, a ponto de ser proibido pela Justiça de usar o verde e sua
campanha (a cor esse ano será azul).
Também encheu a cidade de quebra-molas sem padronização de
altura e critérios técnicos de localização. Enquanto isso, Iguaba permanece sem
nenhum semáforo em seu perímetro urbano.
Em agosto, a Justiça mandou a Prefeitura atualizar o portal
da Transparência, que estava desde março de 2020, no início da pandemia, fora
do ar. Vantoil usou tanto das redes
sociais da Prefeitura que a Justiça também mandou que fosse apagado da página
oficial todas as publicações exaltando o alcaide. Eram tantas que a Comunicação
achou melhor, então, tirar a página do ar.
Assim, os iguabenses ficaram sem uma importante fonte de
informação de utilidade pública. Sequer têm o direito de saber qual o número
exato de mortos pelo Covid-19 na cidade. No último sábado (19), colunista
Berenice Seara, do jornal Extra (Grupo Globo), revelou que Iguaba ostenta o
triste recorde de óbitos por Covid por 100 mil habitantes da Região Lagos. A
média de Iguaba é mais que o dobro das outras cinco cidades da região, segundo
o balanço do Ministério da Saúde. É muita coisa para se esconder.
*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de
Iguaba Grande.
*Matéria atualizada às 22:27 do dia 22 de setembro de 2020.
FONTE:ELIZEU PIRES
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