Uma tragédia anunciada. É isso que representa para o Rio de Janeiro a possibilidade de uma nova regra de divisão dos royalties de petróleo entre os estados produtores e não produtores. O julgamento da ação que discute o tema está marcado para 3 de dezembro no Supremo Tribunal Federal (STF). E há risco de a maioria dos ministros dar aval à lei que muda a distribuição dos recursos. Se isso ocorrer, não haverá dinheiro suficiente para o pagamento de aposentadorias e pensões, admitiu o presidente do Rioprevidência, Sérgio Aureliano, ao ser indagado pela coluna.
Os royalties e participações especiais compõem a maior parte da receita do fundo previdenciário do estado. Cálculos realizados pelo órgão apontam que, com uma nova partilha — que prevê a divisão de forma igualitária para todos os entes —, a arrecadação vai despencar: cairá pela metade.
"Se a lei passar e o efeito for imediato (para o próximo
ano), vamos perder em torno de 50% do valor líquido, que passaria de R$ 8
bilhões para R$ 4 bilhões".
Diante disso, o gestor do Rioprevidência foi categórico: o
montante não é capaz de fechar um ano da folha previdenciária. "A folha
anual (de aposentadorias e pensões) é de R$ 20 bilhões, contando com os
militares. Se a receita de royalties cair para R$ 4 bilhões, teremos ainda mais
R$ 5 bilhões (das contribuições previdenciária e patronal, locação de imóveis e
outras fontes), chegando a um total de R$ 9 bilhões", alertou.
Tesouro teria que desembolsar R$ 11 bi para cobrir buraco
O presidente do Rioprevidência chamou atenção ainda para o
fato de a folha de aposentadorias e pensões não ser bancada integralmente com a
receita do fundo. Hoje, já há necessidade de aporte do Tesouro estadual (que
recebe diversas receitas, sendo majoritariamente a proveniente de ICMS).
Aureliano ressaltou que em um eventual cenário de nova
partilha dos royalties, o Tesouro teria que cobrir um buraco de R$ 11 bilhões
no fundo.
"Para chegar aos R$ 20 bilhões da folha anual de
pagamentos de aposentadorias e pensões, o Tesouro estadual teria que colocar
mais R$ 11 bilhões no fundo previdenciário, o que impactaria também o pagamento
do pessoal da ativa", pontuou.
"E não há condição de isso acontecer... Hoje, o aporte
do Tesouro é em torno de R$ 5 bilhões (o valor varia)", exclamou o
presidente.
Fato é que essa situação provocaria um efeito cascata,
afetando o pagamento de toda a folha do Estado do Rio, incluindo os servidores
ativos.
Até o momento, os efeitos da norma não estão valendo graças a
uma liminar concedida em 2013 pela ministra Cármen Lúcia, na ação movida pela
Procuradoria Geral do Estado. Agora, o plenário tomará a decisão final.
Amanhã, a Assembleia fará uma reunião com esses setores para
traçar estratégias em defesa dos royalties. Até porque não é só o estado que
será afetado. Macaé, Maricá, Niterói, Campos, Rio das Ostras e Caxias também
recebem uma boa fatia desses recursos provenientes da produção de petróleo. E
se a divisão mudar, esses municípios terão quedas bruscas de receita.
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