O levantamento foi feito com prefeitos, secretários e gestores de 302 municípios
A área mais impactada pela pandemia do novo coronavírus no
âmbito dos municípios brasileiros foi a educação, seguida pela geração de
empregos. Nove em cada dez cidades passaram a realizar aulas remotas, tanto na
rede de ensino público, quanto na particular. Os dados constam da pesquisa
Impactos da Covid-19 nos Municípios divulgada nesta terça-feira (6) pelo
Programa Cidades Sustentáveis e pelo Ibope Inteligência.
O levantamento foi feito com prefeitos, secretários e
gestores de 302 municípios. O objetivo foi mapear ações que vêm sendo tomadas
pela gestão pública municipal para o enfrentamento da pandemia e quais os
impactos já sentidos pelas cidades.
Praticamente sete em cada dez prefeituras avaliam como muito
alto ou alto os impactos da pandemia nas contas públicas e um quarto relataram
que o impacto é médio. Em 73% das cidades, a pandemia afetou muito os programas
e medidas previstos para o desenvolvimento dos municípios e em 27% afetou
pouco.
A diretora de políticas públicas do Ibope Inteligência,
Patrícia Pavanelli, destacou que a grande maioria (82%) concorda que a
desigualdade social ficou ainda mais evidente durante este período de pandemia.
“A suspensão das aulas, as campanhas de prevenção, a
proibição de grandes eventos e aglomerações, a criação de políticas de
assistência social às pessoas mais vulneráveis, incluindo a distribuição de
cestas básicas, os investimentos emergenciais na área da saúde estão entre as
medidas mais adotadas pelas prefeituras”, disse Patrícia.
Dificuldade de testagem
A pesquisa também mostrou que cerca de dois terços dos
municípios encontram alguma dificuldade para disponibilizar testes de sorologia
e o RT-PCR para detectar a covid-19 para a população, enquanto cerca de seis em
cada dez têm dificuldade para disponibilizar testes rápidos, medicamentos e
insumos para o tratamento dos sintomas de pessoas com suspeita ou confirmação
de covid-19.
Por outro lado, 51% do universo de cidades pesquisadas disse
não ter nenhuma dificuldade em disponibilizar os equipamentos de proteção
individual (EPIs) aos profissionais da saúde, 38% informaram ter alguma
dificuldade e 11% revelaram ter muita dificuldade de fornecer os EPIs.
Quase a metade dos gestores avalia que a violência contra a
mulher se manteve estável durante a pandemia, enquanto cerca de dois quintos
afirmaram que houve aumento de casos. Oito em cada dez municípios têm um canal
ou algum outro meio para receber denúncias de casos de violência contra a mulher.
Índice de enfrentamento
Os municípios brasileiros têm uma capacidade média de
enfrentamento à pandemia de covid-19, segundo metodologia desenvolvida pelo
Programa Cidades Sustentáveis e pelo Ibope Inteligência. O Índice das Cidades
no Enfrentamento da Covid-19 (Icec) considera os resultados de 54 itens
apurados durante a coleta dos dados e medidas adotadas na tentativa de
minimizar os impactos econômicos.
O Icec apurou que cerca de um terço dos municípios têm
capacidade alta de lidar com a pandemia. Praticamente dois terços dos
municípios da região Sudeste estão no agrupamento de capacidade média; nas
regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, as cidades se dividem quase que na
mesma proporção entre o grupo de capacidade média e o de capacidade alta. Cerca
de dois quintos dos municípios mais populosos e capitais encontram-se no grupo
de capacidade alta.
O levantamento mostrou que durante a pandemia do novo
coronavírus, os municípios brasileiros trabalharam de forma a divulgar
informações gerais sobre a covid-19: o número de casos e óbitos, os gastos,
além da disponibilização de canais para atender as demandas da população.
O estudo também apontou que as administrações municipais
seguiram protocolos e tomaram uma série de providências, principalmente com
apoio dos governo estadual e federal, para enfrentar a covid-19 e minimizar seu
impacto na economia.
Para o coordenador-geral do Programa Cidades Sustentáveis,
Jorge Abrahão, o país já enfrentava um período pré-pandemia de grande
desigualdade social e com a economia em dificuldade, o que já trazia pressão
nas contas públicas dos municípios. “Quando entramos na pandemia, tudo isso
acaba de alguma forma se acirrando”.
As entrevistas foram realizadas entre 27 de julho e 14 de
setembro e a amostra considera as proporções de região, porte e condição dos
302 municípios. A margem de erro é de 6 pontos percentuais e o índice de
confiança é de 95%. A iniciativa tem a parceria do projeto CITInova e o apoio
da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Associação Brasileira de Municípios
(ABM) e Instituto Arapyaú.
Fonte: Isto É
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