Por Felipe Schmidt
Uruguaio tem grande atuação na vitória sobre o Coritiba.
Mesmo contra adversário frágil, forma de jogar ganha mais consistência e mostra
que equipe pode recuperar bom futebol
Arrascaeta fez um gol e deu uma assistência na vitória do
Flamengo sobre o Coritiba por 3 a 1. Mas, talvez, a jogada mais emblemática do
uruguaio não resultou em bola na rede.
Ainda no primeiro tempo, com 1 a 0 no placar, o uruguaio saiu
da ponta esquerda, recebeu mais por dentro, entre as duas linhas de marcação do
Coritiba. Com um tapa, deixou Bruno Henrique na cara do gol. O atacante perdeu
a chance, mas o desenho da jogada mostrou por que o Flamengo, para voltar a ser
o time que encantou seu torcedor, precisa necessariamente de seu craque
uruguaio.
O lance tem muito simbolismo. Principalmente porque mostra
Arrascaeta na posição em que sempre se destacou: pela ponta esquerda, partindo
para dentro - Everton Ribeiro fez o mesmo movimento pela direita. Com os dois
confortáveis, o Flamengo é diferente, atinge o tão falado outro patamar.
Foi pelos pés de Arrascaeta, principalmente, e Everton
Ribeiro que o Flamengo empilhou chances. O triunfo sobre o Coritiba poderia ter
sido uma goleada histórica, não fosse a pontaria ruim - Bruno Henrique perdeu
pelo menos três chances claras.
Antes do jogo, Rogério Ceni deixou claro que queria ver os
dois meias na função que exerciam no Flamengo de 2019. O novo técnico se
identifica bem mais com a forma de jogo de Jorge Jesus do que o antecessor
Domènec Torrent, que chegou convicto de sua filosofia e não abriu mão dela, o
que dificultou muito seu trabalho.
Ceni já deixou claro que também sabe trabalhar no 4-4-2 que
fez sucesso na temporada passada, e este pode ser um atalho para que o Flamengo
evolua da maneira que sua torcida espera. Porque não basta simplesmente querer
emular o time passado, mas sim ter conceitos e ideias para colocar tudo em
prática.
O Coritiba mostrou-se um adversário frágil na defesa, e isso
certamente contribuiu para a avassaladora produção ofensiva do Flamengo. Mas é
importante sinalizar que o time criou muito, mostrou fluidez e entendimento no
ataque. Mesmo Vitinho e Bruno Henrique como dupla de ataque funcionaram e se conectaram
bem.
Com Gabigol prestes a voltar, o Flamengo terá contra o Racing
o retorno de seu quarteto histórico. Aos poucos, com jogadores importantes
retornando e um trabalho com o qual o elenco se identifica mais, o time começa
a ver um caminho mais promissor, após uma semana conturbada de eliminação e
protestos. Esta foi a maior lição da vitória sobre o Coritiba.
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