A pandemia da Covid 19 atingiu em cheio o comércio de Campos dos Goytacazes-RJ não apenas com a queda de vendas, mas também pela falta de mercadorias. Devido à escassez de insumos para a fabricação, as indústrias têm encontrado dificuldades em entregar os produtos aos fornecedores. A alta do dólar e a paralisação da fabricação por alguns meses em razão da pandemia geraram um descompasso entre a produção e as encomendas do setor de varejo.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Campos
(Sindivarejo), Roberto Viana, informa que, entre os produtos com problemas de
entrega estão a cerveja, refrigerantes, leite, arroz e chocolates.
— Em alguns destes casos o problema se deve à falta de
matéria-prima como o alumínio para a fabricação de embalagens em lata. A Coca
Cola também enfrenta esse mesmo problema da escassez do alumínio ou da alta do
dólar, que favoreceu a exportação desses produtos para o mercado externo,
especialmente a China. As exportações reduzem a oferta dos insumos no mercado
interno — disse Roberto, comerciante do setor de gêneros alimentícios.
A água sanitária também entra no rol dos produtos com
dificuldade de chegar ao consumidor sem problemas. De novo, o problema é a
dificuldade no fornecimento de garrafas por parte do fabricante em razão da falta
do polipropileno, matéria-prima preferencial para a produção de artigos
plásticos. O aumento do preço da embalagem impacta em 17% o custo final do
produto.
Em alguns casos, as fábricas aproveitam a disparidade entre
oferta e procura e seguram a produção para encarecer a mercadoria. Se antes
ampliavam o mix de produtos para encarar a concorrência, hoje o setor
industrial põe o pé no freio para reduzir custos e ganhar também no aumento do
valor do produto. “Nesta queda de braço, a indústria segura o produto para
forçar uma alta dos preços”, entrega Viana.
Até mesmo produtos para uso exclusivo da casa estão em falta
como bobinas de embalagens plásticas descartáveis. “Antes eu comprava 10
bobinas a R$ 3 mil, agora custam R$ R$ 6,7 mil”.
Além da falta de matéria-prima nas embalagens, a guerra
mercadológica faz o consumidor levar a pior com a lei da oferta e da procura,
tornando os produtos mais caros como o feijão, o mais presente na mesa dos
brasileiros. “Agora mesmo encomendei um caminhão de feijão, mas eles não têm
como entregar este ano, só lá para o dia 04 de janeiro. O preço do arroz
estabilizou, mas o feijão veio com uma alta violenta”, conclui Roberto.
Outro segmento do comércio que tem reclamado da alta dos
preços e a escassez de produtos é o de brinquedos e utilidades domésticas. As
razões são as mesmas: falta de matéria-prima e a alta do dólar.
De acordo com o comerciante Eduardo Chacur, os produtos que
estão sendo mais atingidos são móveis e artigos de couro. “Tenho encontrado
dificuldades no prazo de entrega e com o preço mais caro. Inclusive resolvi
arcar com os custos do frete para que não faltassem mercadorias”.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o setor de vestuário
também sente os efeitos da falta de insumos reportada por 74,7% das empresas.
A FGV informa que as empresas reduziram o ritmo de atividade
por falta de matéria-prima, e quem consegue produzir não pode distribuir o
produto por falta de embalagens de papelão, plástico e vidros, hoje o maior
problema relatado por entidades de classe.
FOLHA 1
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