Gestores de 16 estados respondem tuíte do presidente e dizem que o mandatário deveria trabalhar em políticas de saúde em vez de buscar confronto
Governadores de 16 estados acusaram o presidente Jair
Bolsonaro de distorcer os valores sobre repasses para a área da Saúde. Em carta
divulgada nesta segunda-feira (1º), os chefes de Estado desmentem os valores
divulgados pelo governo federal e dizem que os valores repassados são
“absolutamente minoritários” dentro do montante publicado pelo presidente.
Bolsonaro divulgou, em seu Twiter, uma conta
simplificada sobre valores diretos e indiretos repassados aos estados. Porém,
de acordo com os governadores, os dados são distorcidos porque englobam
repasses obrigatórios pela Constituição Federal, que estão previstos pelo pacto
federativo.
“Adotando o padrão de comportamento do presidente da
República, caberia aos estados esclarecer à população que o total dos impostos
federais pagos pelos cidadãos e pelas empresas de todos estados, em 2020, somou
R$ 1,479 trilhão. Se os valores totais, conforme postado hoje, somam R$ 837,4
bilhões, pergunta-se: onde foram parar os outros R$ 642 bilhões que cidadãos de
cada cidade e cada estado brasileiro pagaram à União em 2020?”, questionaram.
Na carta, os governadores destacam que o presidente Jair
Bolsonaro deveria trabalhar em políticas para conter aglomerações em vez de
adotar uma estratégia de confronto. “Em meio a uma pandemia de proporção talvez
inédita na história, agravada por uma contundente crise econômica e social, o
governo federal parece priorizar a criação de confrontos, a construção de
imagens maniqueístas e o enfraquecimento da cooperação federativa essencial aos
interesses da população”, criticaram.
STF INTERVÉM - O debate sobre os valores repassados se dá
pelo fato do governo federal ser cobrado a voltar a financiar leitos de UTI
destinados a pacientes com covid-19 nos estados. Neste domingo, o Supremo
Tribunal Federal (STF) determinou que o Ministério da saúde volte a custear os
leitos no Maranhão, Bahia e São Paulo.
A carta é assinada pelos seguintes governadores: Renan Filho
(Alagoas), Waldez Góes (Amapá), Camilo Santana (Ceará), Renato Casagrande
(Espírito Santo), Ronaldo Caiado (Goiás), Flávio Dino (Maranhão), Helder
Barbalho (Pará), João Azevêdo (Paraíba), Ratinho Junior (Paraná), Paulo Câmara
(Pernambuco), Wellington Dias (Piauí), Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Fátima
Bezerra (Rio Grande do Norte), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), João Doria
(São Paulo) e Belivaldo Chagas (Sergipe).
Na carta, os governadores ainda dizem que estão preocupados
com a “utilização, pelo Governo Federal, de instrumentos de comunicação
oficial, custeados por dinheiro público, a fim de produzir informação
distorcida, gerar interpretações equivocadas e atacar governos locais”.
Segundo eles, é preciso buscar um entendimento de que “a
linha da má informação e da promoção do conflito entre os governantes em nada
combaterá a pandemia e muito menos permitirá um caminho de progresso para o
país”.
Mais cedo, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), respondeu
o presidente Bolsonaro por meio das redes sociais. Para o petista, Jair
Bolsonaro “confunde e engana a população”, com a postagem. “As transferências
constitucionais obrigatórias e os benefícios previdenciários não podem ser
vistos ou divulgados como ação extraordinária do governo federal. São recursos
que cada estado e município tem direito pelo pacto federativo. Não é favor
algum!”, disse.
FONTE:CAMPOS 24 HORAS
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