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02/03/2021

SECRETÁRIOS DE SAÚDE QUEREM TOQUE DE RECOLHER

 


Gestores alertam que o País vivencia o pior momento da Covid-19. Os índices de novos casos da doença alcançam patamares muito elevados em todos os Estados e municípios

 

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) solicitou, em carta, que o Brasil adote ações mais rigorosas de combate à Covid-19, sugerindo medidas como o toque de recolher nacional, suspender aulas presenciais e o fechamento de praias e bares em todo o País, além de mais testagem e acompanhamento dos infectados. O documento, assinado pelo presidente da entidade, Carlos Lula, foi divulgado nesta segunda-feira, 1° de março, um dia após o país acumular 254 mil casos da doença.

 

"O Brasil vivencia, perplexo, o pior momento da crise sanitária provocada pela covid-19. Os índices de novos casos da doença alcançam patamares muito elevados em todas as regiões, Estados e municípios", pontua a entidade, no texto divulgado. Como um dos principais responsáveis por esse contexto, o documento do Conass aponta a "ausência de uma condução nacional unificada e coerente", que teria dificultado a "adoção e implementação de medidas qualificadas". (leia mais abaixo)

 

A entidade descreve que "as interações sociais se intensificaram no período eleitoral, nos encontros e festividades de final de ano, do veraneio e do Carnaval. O relaxamento das medidas de proteção e a circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária e social, esta última intensificada pela suspensão do auxílio emergencial". A epidemia voltou e colapsou as redes assistenciais públicas e privadas nos diversos pontos do País.


O Conselho Nacional de Secretários de Saúde pede para que o País tenha "mais rigor nas medidas de restrição das atividades não essenciais", levando em consideração a "situação epidemiológica e a capacidade de atendimento de cada Estado". Além disso, também foi pedido para que os Estados que registrem ocupação de leitos acima de 85% adotem restrições em "nível máximo".

 

A divulgação da carta pelo Conass ocorre quase uma semana após o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), ter feito críticas a respeito do isso da máscara, item recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como de fundamental importância para a proteção contra o vírus. Mesmo com o País registrando mais de 250 mil mortes pela doença, o presidente da República tem protagonizado episódios de aglomerações e se desentendido com governadores sobre  o combate à doença. Principalmente por conta das medidas restritivas adotadas.

 

Na tarde desta segunda-feira, por exemplo, governadores de 19 estados assinaram uma carta contestando a publicação que o presidente fez em suas redes sociais nesta semana, informando valores que havia repassado aos Estados durante 2020. De acordo com os chefes dos Executivos estaduais, a quantidade destinada para área de saúde é "absolutamente minoritária" comparada ao que foi publicado por Bolsonaro.

  

Veja o que o conselho solicita: 

  

- A proibição de eventos presenciais como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo o território nacional;

  

- A suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país;

  

- O toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h da manhã e durante os

 

fins de semana;

  

- O fechamento das praias e bares;

  

- A adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no setor público quanto

 

no privado;

  

- A instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerados o

 

fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual;

  

- A adoção de medidas para redução da superlotação nos transportes coletivos

 

urbanos;

  

- A ampliação da testagem e acompanhamento dos testados, com isolamento dos

 

casos suspeitos e monitoramento dos contatos;

  

- O reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de

 

recursos extraordinários para o SUS, com aporte imediato aos Fundos Estaduais e

 

Municipais de Saúde para garantir a adoção de todas as medidas assistenciais

 

necessárias ao enfrentamento da crise;

  

- A implementação imediata de um Plano Nacional de Comunicação, com o objetivo de

 

reforçar a importância das medidas de prevenção e esclarecer a população;

  

- A adequação legislativa das condições contratuais que permitam a compra de todas

 

as vacinas eficazes e seguras disponíveis no mercado mundial;

  

- A aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com retorno imediato do auxílio emergencial.

  

VEJA CARTA NA ÍNTEGRA:

 

 "O Brasil vivencia, perplexo, o pior momento da crise sanitária provocada pela COVID-19. Os índices de novos casos da doença alcançam patamares muito elevados em todas as regiões, estados e municípios. Até o presente momento, mais de 254 mil vidas foram perdidas e o sofrimento e o medo afetam o conjunto da sociedade.

  

A ausência de uma condução nacional unificada e coerente dificultou a adoção e implementação de medidas qualificadas para reduzir as interações sociais que se intensificaram no período eleitoral, nos encontros e festividades de final de ano, do veraneio e do carnaval. O relaxamento das medidas de proteção e a circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária e social, esta última intensificada pela suspensão do auxílio emergencial.

  

O recrudescimento da epidemia em diversos estados leva ao colapso de suas redes assistenciais públicas e privadas e ao risco iminente de se propagar a todas as regiões do Brasil. Infelizmente, a baixa cobertura vacinal e a lentidão na oferta de vacinas ainda não permitem que esse quadro possa ser revertido em curto prazo.

  

O atual cenário da crise sanitária vivida pelo país agrava o estado de emergência nacional e exige medidas adequadas para sua superação. Assim, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) manifesta-se pela adoção imediata de medidas para evitar o iminente colapso nacional das redes pública e privada de saúde, a saber:

  

a) Maior rigor nas medidas de restrição das atividades não essenciais, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, avaliadas semanalmente a partir de critérios técnicos, incluindo a restrição em nível máximo nas regiões com ocupação de leitos acima de 85% e tendência de elevação no número de casos e óbitos. Para tanto, são necessárias:

  

A proibição de eventos presenciais como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional;

 

A suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país;

 

O toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h da manhã e durante os finais de semana;

 

O fechamento das praias e bares;

 

A adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no setor público quanto no privado;

 

A instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerados o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual;

 

A adoção de medidas para redução da superlotação nos transportes coletivos urbanos;

 

A ampliação da testagem e acompanhamento dos testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos;

 

b) O reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de recursos extraordinários para o SUS, com aporte imediato aos Fundos Estaduais e Municipais de Saúde para garantir a adoção de todas as medidas assistenciais necessárias ao enfrentamento da crise;

  

c) A implementação imediata de um Plano Nacional de Comunicação, com o objetivo de reforçar a importância das medidas de prevenção e esclarecer a população;

  

d) A adequação legislativa das condições contratuais que permitam a compra de todas as vacinas eficazes e seguras disponíveis no mercado mundial;

  

e) A aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com retorno imediato do auxílio emergencial.

  

Entendemos que o conjunto de medidas propostas somente poderá ser executado pelos governadores e prefeitos se for estabelecido no Brasil um “Pacto Nacional pela Vida” que reúna todos os poderes, a sociedade civil, representantes da indústria e do comércio, das grandes instituições religiosas e acadêmicas do País, mediante explícita autorização e determinação legislativa do Congresso Nacional.

  

Carlos Lula

  

Presidente do Conass"

 

 

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