O presidente Jair Bolsonaro autorizou nesta sexta-feira a
abertura de um crédito de R$ 2,6 bilhões para o Ministério da Saúde enviar aos
estados para custeo de leitos de UTI e compra de medicamentos do chamado
"kit intubação" utilizado em pacientes com Covid-19 e que precisam de
ajuda na respiração, além de outros gastos relacionados à pandemia. Os repasses
ocorrem após pressão de estados, que alertaram para a possibilidade de escassez
de medicamentos nos próximos dias.
Os valores foram autorizados por meio de medida provisória
editada na noite desta sexta-feira e publicada em edição extra do Diário
Oficial da União. Nesta semana, governadores e prefeitos cobraram o Ministério
do Saúde para realizar a entrega dos medicamentos.
Mais de 33% dos municípios, ou 975, afirmam que há risco de
falta de medicamentos do “kit intubação”, segundo pesquisa semanal da
Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgada nesta sexta-feira. Na
semana passada, 1.207 cidades alertaram sobre o perigo.
Por meio de um ofício enviado à pasta, o governo de São Paulo
alertou para a situação crítica de alguns hospitais do estado, que poderiam não
ter mais estoque do kit intubação em uma semana.
Segundo um relatório do Tribunal de Contas da União, o
Ministério da Saúde fez um acompanhamento falho dos medicamentos usados para
intubação no país em meio à pandemia da Covid-19, sem "controle em tempo
real" ou "sistema apropriado". A Corte constatou que o
monitoramento da pasta se baseia somente nos dados de leitos que constam dos
planos de contingência estaduais, desconsiderando os pacientes internados em
Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA), e
detectou ainda a distribuição de remédios de forma linear a estados, ignorando
a situação pontual ou mesmo o número de vagas de cada um.
Nesta quinta-feira, a pasta anunciou envio para os estados de
2,3 milhões de unidades de medicamentos utilizados para intubação; todo o lote
foi doado por empresas. Os insumos chegarão ao aeroporto de Guarulhos ainda
nesta quinta-feira, às 22h30, de onde serão distribuídos para todo o país,
devendo chegar em até 48 horas aos destinos finais.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, entretanto, cobrou que
estados realizassem processos próprios de aquisição de remédios.
— Os estados também têm que procurar esses medicamentos,
sobretudo grandes estados. Existem estados que têm economia maior do que de
países, que têm condições de buscar esses insumos. Não é só empurrar isso para
as costas do Ministério da Saúde, é uma atuação tripartite. Se instituições
privadas buscam importações e trazem esses insumos para cá, por que grandes
estados não fazem isso? Fica essa questão— afirmou Queiroga, ressaltando que
não se deve "um atirando no outro" e que é hora de "esquecermos
o Twitter".
Contudo, como o extra revelou, mesmo estados como São Paulo,
o mais rico do país, estão com dificuldades para comprar medicamentos devido à
alta dos preços dos insumos.
De acordo com os ofícios enviados pelo governo paulista ao
Ministério da Saúde a que o extra teve acesso, há medicamentos que chegam a
custar 400% a mais do que o valor de referência — montante calculado pelo poder
público com base nos preços de mercado. Os ofícios do governo paulista mostram
que 643 hospitais da rede estadual podem sofrer desabastecimento nos próximos
oito dias.
FONTE:EXTRA
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