O comércio e a saúde pública em Campos vivem momentos
difíceis por conta da Covid-19. Após duas semanas de lockdown (todos os
estabelecimentos comerciais considerados não essenciais estão fechados), como
medida para conter a escalada dos casos de coronavírus, os comerciantes varejistas
e as entidades que representam o setor falam em ‘quebradeira” e demissão de até
15 mil trabalhadores. Eles refazem as contas, renegociam pagamentos a
fornecedores e dizem que, inevitavelmente, começarão a demitir seus
funcionários, além de não terem condições de pagar salários de março e impostos
municipais, estaduais e federais. Por sua vez, o governo municipal conseguiu
abrir mais leitos de UTI nos últimos dias, mas enfrenta o crescimento de casos
graves da doença e ainda tem a previsão de autoridades da saúde de um mês de
abril ainda pior.
Estada semana, a Câmara de Dirigentes Lojistas e o Sindicato
do Comércio Varejista de Campos (Sindivarejo) defenderam a necessidade de
reabertura do comércio. As entidades argumentam que, “após duas semanas de
fechamento e diante da constatação de que 30% destas empresas do município,
tendem a não mais reabrir suas portas, o que significa no mínimo 15 mil
demissões imediatas, com muitas já em curso”.
Nesta segunda-feira (05/04), o Gabinete de Crise da Covid-19
da Prefeitura realiza uma reunião que pode ser decisiva quanto à continuidade
ou não do lockdown. Na ocasião, as autoridades irão fazer uma avaliação sobre a
coleta de dados a respeito da pandemia e adotar os rumos do combate à Covid no
município, que está na Fase Roxa (Risco Muito Alto), conforme Mapa de Risco da
Covid-19, da Secretaria de Saúde do Estado.
Com base no somatório de casos confirmados de Covid e algumas
peculiaridades da situação dos pacientes que deram entrada nos hospitais e no
Centro de Combate e Controle do Coronavirus (CCCC), o subsecretário de Vigilância Sanitária,
Atenção Básica e Promoção da Saúde, Charbel Kuri, espera pelo pior nas próximas
três semanas.
— O número de infectados tem crescido assustadoramente nestas
últimas semanas e cada vez mais os pacientes tem evoluído rapidamente para uma
situação de gravidade — admite o virologista.
Diante do quadro crítico das condições de atendimento aos
pacientes que se acumulam na fila de espera por um leito de UTI, o Ministério
Público também tem apoiado as medidas mais duras de restrições a circulação e
aglomeração de pessoas.
Até a noite desta quinta-feira(01/04), eram mais de 850
mortos pela Covid-19, com mais de 23.800 infectados e 33 pessoas à espera de
vaga na UTI.
CDL, ACIC E SIDIVAREJO
As entidades constataram que o setor, em sua maioria, não
conseguirá pagar os salários de março, bem como tributos municipais, estaduais
e federais, tendo ainda o agravante de que no ato dessas demissões será forçado
a postergar o pagamento dos direitos trabalhistas dos funcionários dispensados.
(leia mais abaixo)
Os comerciantes ainda acrescentam que, “desde o primeiro
momento tem feito sua parte, inclusive compreendendo as amargas medidas
adotadas pela Prefeitura”. As entidades
reafirmam que “continuarão com as nossas melhores práticas participando dos
diálogos com a Prefeitura de Campos, Ministério Público e outros atores
inseridos neste contexto de decisões. O que pretendemos é buscar com as
autoridades no âmbito do aspecto decisório um denominador comum”.
Por fim, apelam para que haja uma campanha vacinação mais
acelerada. “Precisamos abrir as portas, precisamos que a vacinação seja
acelerada na medida das possibilidades, precisamos de uma solução”.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos,
Leonardo Castro de Abreu lembrou que “no ano passado os empresários campistas
ficaram mais de 150 dias com as lojas fechadas devido à implantação do lockdown
para tentar conter o avanço do vírus da Covid-19”, frisou o presidente da
Associação Comercial e Industrial de Campos.
Para o presidente da Carjopa (Comerciantes e Amigos da Rua
João Pessoa e Adjacentes), Expedito Coleto, o comércio não pode pagar a conta
como se fosse um vilão nesta pandemia.
— O comércio não pode ser sempre apontado como vilão porque
tem cumprido com os protocolos e medidas sanitárias, mas há uma parte da
população que não colabora e a conta acaba respingando nos comerciantes —
analisa.
Antônio Chicre, outro dirigente da Carjopa, também aponta
falhas do governo estadual que não instalou de vez o hospital de campanha no
município.
— Quem está pagando esta conta somos nós, comerciantes, com
este abre e fecha. Há uma parte da população que não tem consciência, faz
festas e aglomerações, mas há erros também do poder público como a não
instalação do hospital de campanha que não chegou a ser montado em nossa
cidade. Caso tivesse sido instalado, Campos estaria em outra situação —
avaliou.
Os comerciantes consideram que os estabelecimentos não sejam
áreas de risco para as pessoas contraírem Covid-19, exatamente pelo elenco de
medidas tomadas como o cumprimento ainda mais rigoroso do protocolo sanitário,
com uso de álcool gel ou álcool 70, além da aferição da temperatura de todos que
entram nas lojas, exigência de uso de máscara e um rigoroso distanciamento
entre os consumidores.
A preocupação dos lojistas é que com mais uma semana de
fechamento do comércio trará problemas como as dificuldades do comerciante para
o pagamento de tributos, entre outros, além da premente possibilidade de cortes
de pessoal, ou seja, demissões, o que o setor tem evitado ao máximo”.
FONTE: CAMPOS 24 HORAS
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