A manifestação foi em frente a Prefeitura.
Empresários de Campos dos Goytacazes foram para a frente da
Prefeitura, na manhã desta terça-feira (06/04), protestar contra o decreto que
estabeleceu mais uma semana de lockdown total no município, acirrando ainda
mais as medidas, com a formação de um cordão de isolamento na área Central.
Além de lojistas e empresários dos ramos considerados não essenciais, estavam
presentes os diretores da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Depois de
protestar na porta da Prefeitura, o grupo saiu em passeata pela avenida Nilo
Peçanha em direção a BR 101, onde fecharam a rodovia próximo à rodoviária
Shopping Estrada. O bloqueio da rodovia federal durou cerca de 40 minutos e
formou um congestionamento de dois quilômetros no sentido Espírito Santo. Essa
é a segunda manifestação de comerciantes em menos de 24 horas.
O presidente da CDL, José Francisco Rodrigues, se posicionou
sobre a situação. “A Prefeitura está criando um problema social muito grande,
pois com o comércio fechado você não consegue trabalho e não conseguimos pagar
nossos funcionários. Isso é muito ruim para a gente. Além disso, o Centro
fechado traz também o problema de circulação do delivery e as aglomerações nas
portas dos bancos seguem acontecendo, sem providência da prefeitura junto aos
bancos. Isso é uma missão do próprio poder público e do sistema bancário:
organizar um sistema de filas de pagamentos e fazer alguma coisa para não
promover essa aglomeração que está lá e foi fotografada”, disse.
O empresário e diretor da CDL, Edvar Júnior, também falou
sobre a manifestação. “Estamos reivindicando a reabertura. Nossa maior
preocupação é o trabalhador e o empregado, em manter seus salários. O comércio
não pode passar por isso (Lockdown). Temos que achar um meio de como resolver
da melhor forma, conciliando com trabalho. O lockdown total não dá certo. As
pessoas aglomeram em casa e não temos resultado. Não podemos deixar que isso
acabe com o comércio, com a quantidade de empresas que estão se encerrando pela
cidade”, afirmou.
O empresário Roberto Crispim disse que o comércio de Campos
passa por sérias dificuldades. “Nós já estamos vindo de duas semanas de
lockdown. O comércio já não suporta mais essa situação. Nós já não temos
condição de estar pagando o salário dos nossos funcionários. Nós respeitamos o
problema de pandemia, respeitamos o posicionamento da Prefeitura, mas há de se
respeitar, também, a situação dos lojistas que já não tem mais condição de
manter seus estabelecimentos. Muitas lojas já não vão mais reabrir e o caos
social já está na nossa porta. Nessa semana várias empresas já não pagaram mais
o salário de seus funcionários. Como vai ficar isso? Na conta de quem que vai
ficar? Não há apenas previsão de demissão em massa: ela já começou. Muita gente
já está demitindo e muita gente já está demitida. Qual será o futuro econômico
da nossa cidade com esse problema?”, questionou.
O dono de uma loja de motos, Marcos Barcelos, também destacou
o drama do comércio fechado. “A gente está aqui reivindicando pacificamente. A
gente já está há mais de 15 dias com nossos comércios fechados. As folhas de
pagamento venceram ontem e a gente já não tem mais dinheiro para pagar. Vai
haver demissão de funcionários, infelizmente. Pagamos os impostos, mas já não
temos mais dinheiro para pagar. Se não abrir o comércio, realmente, não teremos
como fazer nada. Vai haver demissão em massa. Nós só queremos trabalhar, dar
emprego e não precisar mandar ir embora. Vai ser mais gente passando fome. Se
tem gente morrendo de Covid, cadê o Hospital de Campanha? Porque não faz
tratamento precoce na nossa cidade? Eu tenho o maior respeito pelo nosso
prefeito, ele foi eleito por nós, mas precisamos trabalhar”, comentou.
O ex-vereador e empresário Luís Alberto Neném também
participou do ato. “É um momento muito difícil. Nós já demos a nossa parte de
contribuição no ano passado, ficando quatro meses com as lojas fechadas.
Lembrando que ano passado eu tinha 24 funcionários e, após esses quatro meses,
fui para 16. Agora tivemos mais uma semana de lockdown em janeiro, outros 17
dias e mais uma semana. O comerciante não aguenta mais. O comerciante já não
tem mais condições de pagar as despesas que ele tem. Campos já está passando um
momento muito difícil perante a economia e já perdeu muito dinheiro com
royalties, agora vai perder com arrecadação. O maior empregador de Campos é o
comerciante; e o comerciante está passando por um momento muito difícil”,
afirmou.
Nessa segunda-feira (05/04), um grupo de cerca de 30
comerciantes de vários bairros de Campos fechou a rodovia BR 101, em Guarus, em
protesto contra a manutenção do lockdown no município, definida de manhã em
reunião do Gabinete de Crise da Covid-19. O ato aconteceu próximo à Unidade de
Pronto-Atendimento (UPA), onde manifestantes queimaram pneus e galhos. (Fonte:
Folha1)
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