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06/06/2021

REGIÃO NORTE E NOROESTE PERDE CINCO DEPUTADOS ESTADUAIS

 


Com uma estimativa do IBGE de 1.293.616 habitantes, o Norte e Noroeste Fluminense possuem 19,2% da população do estado do Rio de Janeiro. No entanto, na política essa representatividade nunca foi refletida na Assembleia Legislativa (Alerj) e, por uma série de motivos, diminuiu ainda mais desde a última eleição. Em 2018, foram sete deputados estaduais das duas regiões eleitos nas urnas, o que representava 10% das cadeiras do Legislativo. Dois anos e meio após a posse, este número caiu para apenas dois parlamentares – 2,8% da Alerj – e liga o alerta para o isolamento do interior no Parlamento.

Com as mortes de Gil Vianna (PSL) e João Peixoto (DC) em decorrência da Covid-19, a eleição de Welberth Rezende (Cidadania) como prefeito de Macaé e as idas de Rodrigo Bacellar (SD) e Bruno Dauaire (PSC) para o Governo do Estado, restaram na Alerj apenas os deputados Chico Machado (PSD), de Macaé, e Jair Bittencourt (PP), de Itaperuna, como representantes do Norte e Noroeste.

Para o sociólogo e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) de Campos, George Coutinho, a redução no número de deputados da região torna “manca” a expressão política do Norte e Noroeste.

— Em um quantitativo de 70 representantes na Alerj, as regiões Norte e Noroeste terem o diminuto número de dois deputados estaduais indica possível tendência de sub-representação de seus interesses no Legislativo, não obstante as capacidades individuais e empenho de Machado ou Bittencourt. Mesorregiões, como é o caso, abrigam características próprias e expressam de maneira factual a diversidade cultural e de interesses políticos e econômicos. Uma presença efetiva quantitativamente menor destes interesses torna “manca” uma das maiores funções dos parlamentos modernos: a expressão política da multiplicidade que é constitutiva de nossa sociedade.

Implica, até mesmo por razões de ordem física, menor presença das mesorregiões em comissões afins que são parte da rotina do parlamento.

Inicialmente, Campos, São João da Barra, Macaé e Itaperuna tinham representação direta na Alerj, o que foi reduzido pela metade. Especialmente Campos, como maior cidade do interior fluminense, chegou a ter três deputados estaduais, mas sua população vê hoje o Legislativo estadual sem nenhum parlamentar campista de nascimento.

Além das movimentações que levaram Rodrigo Bacellar ao Governo do Estado, a Covid-19 também deixou sequelas na política goitacá com as mortes de Gil Vianna – que estava em seu primeiro mandato – e do experiente João Peixoto, que era o parlamentar com mais mandatos seguidos em atividade na Alerj e tinha como base eleitoral, principalmente, o interior de Campos.

Se, por um lado, o Norte e o Noroeste Fluminense andam em baixa na Alerj, as regiões ganharam prestígio com o governador Cláudio Castro (PSC). A última baixa da região no Palácio Tiradentes foi a de Rodrigo Bacellar, que venceu a disputa interna com o deputado Márcio Pacheco (PSC) e assumiu o comando da secretaria estadual de Governo. Este foi o caminho também tomado por Bruno Dauaire (PSC), que se licenciou do cargo de deputado estadual e rumou ao Palácio Guanabara para ser o titular da pasta do Desenvolvimento Social e Direitos Humanos em dezembro do ano passado.

Para George, a migração mostra prestígio dos deputados, mas ele faz uma ressalva: “Sem dúvida a migração de Bacellar e Dauaire para o Executivo indica prestígio para ambos, uma mobilidade que expressa o capital político angariado e não necessariamente deriva em prejuízo para suas bases. Mas, a ausência de ambos especialmente no Parlamento deixa lacuna importante para o Norte e o Noroeste dentro das especificidades funcionais e políticas que são exercidas na Alerj.

No entanto, existe a possibilidade de novas alterações neste quadro. Em busca de mais apoio para a disputa à reeleição em 2022, o governador tem conversado com o Republicanos, que exigiu o comando da secretaria de Desenvolvimento Social. Com isso, o futuro de Dauaire – aliado de primeira hora de Castro – ainda é incerto, uma vez que lhe pode ser oferecida outra secretaria ou ainda pode retornar à Assembleia Legislativa para voltar ao trabalho de deputado.

 

Folha 1

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