Alguns setores e produtos que lucram alto com a crise e o acerto de quem apostou nas plataformas digitais
“Governar é fazer crer”, dizia Maquiavel. As lideranças
míticas, sejam políticas, sociais ou religiosas, se afirmam por dois caminhos
distintos. De um lado, os líderes cuja autoridade se afirma como guias de seus
povos. Outras lideranças legitimam a sua autoridade pela ausência. Representam
divindades.
Desde o primeiro trimestre de 2020 a pergunta básica, ao
redor do planeta é: como vencer essa pandemia? Voltaremos a encontrar o nível
de vida anterior? E o modo de vida e o antigo estilo (perdulário) de consumo?
Como trabalhar? E quando retomar a vida plena?
Não há como fugir da constatação: as crises não desaparecem,
mas as ilusões permanecem. Como se apenas fosse possível conviver com a crise
tendo ilusões de que ela estaria para terminar.
De algum modo, a esperança por melhores dias torna o presente
aparentemente menos sofrido, menos dolorido. Duas lições a tirar: a ilusão de
uma vitória rápida em face a uma pandemia e um retorno rápido à ortodoxia
orçamentária conduzem ambos ao desastre, como constatamos na terra da
jabuticaba e do juro alto – o Brasil.
Como bem apontado no livro “A economia da Vida” do francês
Jacques Attali, alguns setores e produtos lucram alto com a crise: remédios,
equipamentos médicos, produtos de higiene, alimentos básicos, logística de
entregas, mídias audiovisuais, entretenimento online, comércio online, sites de
reuniões remotas e indústrias destinadas ao altíssimo luxo.
No segundo trimestre de 2019, antes da crise sanitária, por
exemplo, o Brasil tinha 4,369 milhões de empregadores. Foi a maior marca para o
intervalo de abril a junho na série histórica, com dados a partir de 2012.
A questão é que, devido à pandemia, o número passou a cair em
2020, até atingir 3,788 milhões no segundo trimestre de 2021. O resultado mais
recente, se comparado a igual período de 2019, corresponde a uma baixa de 13,3%
—ou 581,3 mil empregadores a menos em dois anos.
Política é a força que a minoria (que detém, o poder
econômico) de uma sociedade emprega, com rara inteligência e destreza, para
manter tudo como ela deseja, e não como a maioria luta para obter, na forma de
uma vida melhor. Já na democracia, nada mais é do que o capital elevado à ordem
política vigente.
O Brasil de hoje comprova isso. O pensador Chico de Oliveira
dizia com rara inteligência que: “o jeitinho é um atributo das classes
dominantes brasileiras que se transmitiu às classes dominadas. A resolução das
crises se faz “pelo alto” mediante acordos entre as próprias elites do
dinheiro.
POR RANULFO VIDIGAL
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