Por Raphaela Ribas
Em meio à maior crise hídrica dos últimos 91 anos, que
está encarecendo a conta de luz para a população, começa a operar nesta
terça-feira a Usina Termelétrica (UTE) GNA I, em Porto de Açu, em São João da
Barra-RJ, no norte fluminense. Esta será a segunda maior termelétrica do país e a
maior usina do Sudeste, a região mais atingida pela estiagem nos reservatórios.
Com a energia gerada a partir de um ciclo combinado de três
turbinas a gás natural e uma a vapor, a capacidade instada da UTE GNA I é de
1.338 MW, quantidade suficiente para fornecer energia a seis milhões de
residências - o equivalente ao consumo do estado do Rio de Janeiro, onde há
mais de 17 milhões de habitantes.
Também foi anunciado o início das obras da UTE GNA II. Quando
a segunda fase for completada, o complexo será a maior termelétrica da América
Latina, com capacidade de 3 mil MW, podendo fornecer energia para até 14
milhões de casas no total.
O investimento total do projeto é de R$ 5 bilhões. Apesar de
estar no Sudeste, a energia será distribuída em todo país através do Sistema
Interligado Nacional.
O ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, presente na
inauguração, disse que “o projeto está sendo essencial nesse momento em que o
país passa pela maior escassez hídrica da sua história”.
Na maior parte do seu discurso na inauguração, no entanto,
ele destacou as realizações nos mil dias de governo e não esclareceu qual o
impacto da usina da crise energética no país.
— Estamos aqui não só para celebrar esse projeto, mas também
os mil dias de governo, que eu tenho a sensação que passou muito rápido, talvez
pela intensidade do trabalho, e também sinto que foi muito pela quantidade de
entregas. Gostaria de destacar que 600 destes dias foram na pandemia. É
necessário ter uma geração e outras fontes renováveis e vocês fizeram isso
possível durante a pandemia e isso é muito relevante para o nosso país — disse
Albuquerque.
O ministro destacou ainda a realização de dez leilões no
setor elétrico, que ajudarão a evitar novas situações de escassez hídrica como
a atual, diz:
— Estamos realizando um hoje e vamos realizar mais dois até o
fim do ano. Um emergencial por conta da escassez hídrica e outro que é um
leilão de reserva de capacidade. Inovação que foi aprovado no Congresso
nacional por meio da medida provisória 998, do consumidor. Esses leilões serão
fundamentais para que daqui quatro, cinco anos não tenhamos uma situação como
esta que estamos vivendo.
A Gás Natural Açu (GNA) é uma joint venture formada pela bp,
Siemens SPIC Brasil e pela Prumo Logística, controlada pelo EIG Global Energy
Partners. Ao todo, foram abertos mais de 12 mil postos de empregos nesta
primeira fase do projeto.
O projeto, que começou a ser construído em 2018, inclui,
ainda, um terminal de regaseificação de GNL e uma unidade de dessalinização,
responsável pelo abastecimento de água do parque termelétrico. E, em uma
segunda fase, a GNA também planeja expandir o seu parque termelétrico e atrair
a monetização do gás doméstico offshore, sobretudo do pré-sal.
O Porto de Açu foi escolhido por estar próximo aos campos
produtores de gás offshore, à malha de gasodutos terrestres e ao circuito de
transmissão 500 kV de energia. De acordo com a GNA, tudo isso possibilitará a
expansão do hub de gás e energia a partir do recebimento, processamento e
transporte do gás natural associado e da integração entre o setor de gás com
setores elétrico e industrial.
A GNA possui, ainda, licença ambiental para mais que dobrar a
capacidade instalada, podendo chegar a 6,4 GW, o que permitirá o desenvolvimento
de novos projetos termelétricos no Açu. A expansão do complexo contempla ainda
gasodutos terrestres e uma unidade de processamento de gás natural (UPGN),
atualmente em fase de licenciamento.
— Aproveito este momento para anunciar o início das obras da
GNA II. Vai ter a maior térmica do Brasil e o maior complexo de gás e energia
da América Latina. Este é só o começo. Já temos 3.400 MW licenciados para
participarmos de leilões e temos dois projetos de gasoduto — disse o diretor
presidente da GNA, Bernardo Perseke.
A engenharia, fornecimento e construção da usina (EPC) foi
realizada pela Siemens Energy, em consórcio com a Andrade Gutierrez. A empresa
também será responsável pela operação e manutenção (O&M) da usina.
FONTE:O GLOBO
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