Mesmo com aumento de arrecação, prefeito de Campos congela salários de servidores, dá boa vida as concessionárias e precariza serviços
Para o
mestre da ciência política Nicolau Maquiavel a “fortuna” diz respeito às
condições objetivas que os governantes enfrentam, diante das ações e reações
dos aliados, dos adversários, ou dos atores econômicos e sociais da comunidade.
Sobressai,
portanto, nesse raciocínio a estratégia política diante dos fatos inesperados
que surgem e precisam ser enfrentados, ou seja, é neste teste de fogo das
adversidades, que o dirigente é testado entrando no jogo a capacidade subjetiva
e objetiva de lidar com tais momentos difíceis.
Outro
conceito importante do pensador florentino é a “virtù”, a capacidade de
resolver problemas coletivos e ser bem sucedido perante à população, que
financia o fundo público.
No tempo
presente, as três maiores preocupações do cidadão comum se relacionam com a
superação da pandemia, o fim da carestia da cesta básica/combustíveis/energia e
a geração de oportunidades produtivas para sua juventude ociosa e
desesperançada.
É nesse
quadro que nossos dirigentes precisam escolher bons quadros para comandar
políticas públicas e ser capaz de construir consensos com os diversos setores
da sociedade.
Neste
contexto devemos analisar as contas fiscais do governo municipal de Campos dos
Goytacazes nos seus primeiros oito meses. Uma constatação é que a folha de
salários está confortavelmente estabilizada nos 45% da Receita Corrente Líquida
de R$ 1,9 bilhão de reais.
Precariedade
dos serviços
A aprovação
do TAG (Termo de Ajustamento de Gestão) pelo TCE e o anúncio do pagamento de
metade do décimo terceiro para os primeiros dias do mês de outubro são notícias
alvissareiras.
Em
contrapartida, na função Infra Estrutura Urbana, as aplicações de recursos são
muito tímidas – apenas 4% do total anual orçado, com a cidade mostrando clara
deterioração de sua malha urbana. É grande a reclamação das comunidades
periféricas com esse fato. A coleta de lixo já custa R$ 83 milhões e precisa
melhorar.
Já o sistema
de transportes coletivos necessita de planejamento para superar o risco de
colapso, no pós-Covid. Outra debilidade se refere à política social.
Dos 35
milhões de reais autorizados pelo Poder Legislativo, até agosto último pelos
dados oficiais disponíveis, a aplicação na Função Assistência Comunitária –
responsável por transferência de renda para famílias pobres – foi de apenas 4
milhões de reais, ou seja 11%. O anúncio de novos programas neste segmento é
uma notícia positiva.
Causa
estranheza a redução da dotação orçamentária para Agricultura e a completa
ausência de gastos em setores estratégicos como capacitação de mão de obra,
habitação popular e segurança pública. Para 2022, quando o orçamento deve
superar R$ 2 bilhões de reais, uma nova lista de prioridades pode e deve ser
posta em prática.
Resumo da
ópera
No primeiro ano
de Wladimir Garotinho à frente da Prefeitura de Campos, o governo fez o
possível, mas ficou devendo para os anos posteriores ousar mais e atingir
“virtú e fortuna”.
Afinal,
avalia-se a inteligência de um dirigente pela qualidade de incertezas que ele é
capaz de suportar. Vida que segue!
FONTE:PORTAL VIU
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