FIRJAN APONTA CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ COM QUINTA PIOR GESTÃO FISCAL DO RIO DE JANEIRO EM 2020 - Jornal Tempo News

Breaking

Home Top Ad

22/10/2021

FIRJAN APONTA CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ COM QUINTA PIOR GESTÃO FISCAL DO RIO DE JANEIRO EM 2020

 


A gestão de recursos financeiros de Campos foi apontada como a quinta pior do Estado do Rio de Janeiro, de acordo com o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado nesta quinta-feira (21). O estudo tem como base o ano de 2020 e revela que 71,4% das cidades do Norte Fluminense têm situação fiscal difícil ou crítica. Na outra ponta do ranking, São João da Barra aparece com a sétima melhor marca.

 

No estudo, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), foram avaliados dados de 77 dos 92 municípios do Rio, que, na média, atingiram 0,5249 ponto – enquanto no Norte Fluminense a média foi de 0,4927. O índice varia de zero a um, sendo que, quanto mais próximo de um, melhor a gestão fiscal.

 

A região Norte Fluminense apresenta alguns dos melhores e também piores índices estaduais. São João da Barra (7º do estado) e Macaé (10º) tiveram gestões de recursos consideradas boas. No entanto, o estudo destaca que o cenário de pandemia - que exigiu ações extraordinárias para que os impactos sobre a saúde e a economia fossem minimizados - e as eleições municipais - que historicamente levam a um esforço maior para planejamento financeiro e investimentos - contribuíram para a melhora do quadro fiscal dos municípios brasileiros. Apesar disso, Conceição de Macabu (32º) e Cardoso Moreira (51º) tiveram gestões consideradas em situação difícil, enquanto São Francisco de Itabapoana (68º), São Fidélis (65º) e Campos (73º) tiveram situação crítica. Quissamã não foi avaliada devido à indisponibilidade de dados ou inconsistência nas informações declaradas.

 

Maior cidade do interior, Campos figura entre os cinco menores resultados do IFGF do estado – enquanto Niterói, com a mesma população, ficou em primeiro. O município encerrou 2020 no “cheque especial”, levando para o exercício seguinte mais restos a pagar do que recursos em caixa: Campos teve zero em Liquidez, apesar da distribuição de recursos públicos para cidades por conta da pandemia ter sido um dos fatores que contribuíram para resultados positivos neste índice. O melhor desempenho da cidade foi em Autonomia (0,6599) - que verifica se as receitas oriundas da atividade econômica suprem os custos da Câmara de Vereadores e da estrutura administrativa da Prefeitura –, índice em que São Francisco de Itabapoana registrou zero.

 

Por outro lado, São João da Barra, com o sétimo maior IFGF do estado, teve notas máximas em Gastos com Pessoal, Autonomia e Liquidez. Mas, teve um dos piores índices regionais em Investimentos – à frente apenas de Campos. Isso apesar de a pandemia ter influenciado percentuais positivos neste indicador, já que os investimentos na área da saúde no país cresceram 34% de 2019 para 2020. Mas, de acordo com a análise da Firjan, a previsão de R$ 2,6 bilhões em investimentos públicos no estado, direcionados a obras de infraestrutura, apontam melhores perspectivas. Já Macaé, 10º maior IFGF do estado, registrou nota máxima em Autonomia e se destacou pelo alto nível de Liquidez.

 

No total, foram avaliadas no IFGF 5.239 cidades brasileiras que declararam suas contas de 2020 de forma consistente até 10 de agosto de 2021. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) determina que até 30 de abril de cada ano as prefeituras devem encaminhar suas declarações referentes ao ano anterior à Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Na média, os municípios brasileiros registraram 0,5456 ponto e, de acordo com a análise, o quadro é preocupante.

 

O presidente em exercício da Firjan, Luiz Césio Caetano, ressalta que reformas do federalismo fiscal brasileiro são fundamentais. “O equilíbrio sustentável das contas públicas municipais é essencial para o bem-estar da população e a melhoria do ambiente de negócios. E isso só será possível com a concretização de reformas estruturais que incluam as cidades”, destaca Caetano.


O IFGF é composto pelos indicadores de Autonomia, Gastos com Pessoal, Liquidez e Investimentos. Após a análise de cada um deles, cada município é classificado em um dos conceitos do estudo: gestão crítica (resultados inferiores a 0,4 ponto), gestão em dificuldade (resultados entre 0,4 e 0,6 ponto), boa gestão (resultados entre 0,6 e 0,8 ponto) e gestão de excelência (resultados superiores a 0,8 ponto).

 

Reformas fiscais são urgentes

 

No estado, apenas Niterói (1ª posição), Piraí (2ª) e Itatiaia (3ª) atingiram gestão fiscal de excelência. A capital também registrou situação crítica em 2020 (0,3043 ponto) e ficou na 70ª posição no ranking estadual. No ranking das 25 capitais analisadas, foi a última colocada – já que Belém (PA) não declarou as informações fiscais dentro do prazo legal determinado pela LRF e por isso não foi avaliada nesta edição do estudo.

 

Ao todo, o IFGF registrou 3.024 cidades brasileiras em situação fiscal difícil ou crítica. De acordo com o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, a dificuldade de geração de receita pelos municípios brasileiros é o principal entrave para a melhora das contas públicas. Na média, as 5.239 cidades analisadas no estudo atingiram 0,3909 ponto no indicador de Autonomia - o pior desempenho entre os quatro analisados no IFGF.

 

“Importante colocar que, entre as 5.239 cidades avaliadas, 1.704 (32,5%) não são capazes de gerar localmente, no mínimo, recursos suficientes para arcar com os custos da Câmara de Vereadores e da estrutura administrativa da Prefeitura”, ressalta Jonathas Goulart. Para esses municípios que não geraram receita para arcar com os custos mínimos de existência foram necessárias transferências que totalizaram R$ 4,5 bilhões - recurso que poderia ser alocado, por exemplo, em habitação e saneamento para a população.

 

A despeito de alguns dos resultados positivos terem sido influenciados pela pandemia e pelas eleições, a Firjan ressalta que o cenário ainda é preocupante e que o equilíbrio sustentável das contas públicas depende principalmente de reformas do federalismo fiscal brasileiro. Para a federação, o planejamento financeiro eficiente (IFGF Liquidez) e o alto nível de investimentos (IFGF Investimentos), de forma perene, dependem de reformas que contribuam para o aumento da capacidade de sustento das prefeituras (IFGF Autonomia) e para a flexibilidade orçamentária (IFGF Gastos com Pessoal).

 

Entre as mudanças estruturais necessárias, a Firjan destaca a reforma tributária, com a inclusão do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS); a revisão das regras de distribuição de receitas, entre elas o Fundo de Participação dos Municípios (FPM); a reforma administrativa abrangendo os municípios; a reforma da previdência das cidades com regimes próprios; e a revisão das regras de criação e fusão de municípios, após a concretização das demais reformas. De acordo com o estudo, também é fundamental a aplicação das penalidades para o não cumprimento de regras fiscais, conforme determina a legislação.

 

FOLHA 1

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário