O turismo brasileiro deve terminar o ano com crescimento de 16% e faturamento de R$ 130 bilhões, 22% inferior ao registrado no período pré-pandemia, de acordo com dados do levantamento do Conselho de Turismo (CT) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Os segmentos
que registraram os resultados mais expressivos, a partir do quarto mês do ano,
foram os de transporte aéreo, com alta anual de 83,9% e serviços de alojamento
e alimentação, que teve elevação de 61,9%. “No entanto, a base de comparação
explica o resultado, pois, esses foram os setores que mais sofreram o impacto
da crise em 2020, estando, também, abaixo do patamar de abril de 2019”, diz a
FecomercioSP.
Segundo os
dados, a demanda dos passageiros aéreos atingiu nível superior a 6 milhões em
julho, mantendo-se no mesmo nível nos meses seguintes. Até junho esses números
estavam menores do que 5 milhões de pessoas. A perspectiva da Fecomercio é a de
que o transporte aéreo encerre o ano com faturamento de R$ 37,8 bilhões, o que
representa um crescimento anual de 30,5%. “Porém, ainda 36% abaixo do nível de
2019. Já o resultado projetado do último trimestre deve ser 12% menor em
relação ao mesmo período do ano pré-pandemia”, estima a entidade.
O transporte
rodoviário (intermunicipal, interestadual e internacional), que apresentou
quedas relativamente modestas no início do ano, deve encerrar 2021 com alta de
9% e faturamento de R$ 17,7 bilhões (5,1% abaixo do patamar de 2019). Para o
transporte aquaviário, a projeção de alta é 8,4% (R$ 467 milhões em valores
absolutos).
Para o grupo
de locação de veículos, agência e operadoras de turismo, a expectativa é que
haja aumento no faturamento de 4,2%, chegando a R$ 29 bilhões. Na comparação
com 2019, o nível ainda é 8,5% abaixo do obtido. Embora negativo, é um dos
resultados relativos mais favoráveis entre os setores analisados pelo
levantamento. O último trimestre deve registrar um ritmo de crescimento de 7%.
Os dados
indicam ainda que o grupo de alimentação e alojamento deve registrar alta de
15,9%, com faturamento de R$ 25 bilhões, um quadro ainda negativo quando
comparado ao ano de 2019, quando a alta foi de 26%.
Para as
atividades culturais, recreativas e esportivas, a projeção para a segunda
metade do ano é aumento de 11,7%, encerrando 2021 com alta de 1,9%. No primeiro
semestre de 2021 houve queda de 7,4% nesse grupo. “Como este grupo depende,
essencialmente, do número de pessoas completamente imunizadas, com o ritmo de
vacinação bem estabelecido, a tendência é que haja cada vez mais aumento de
público e atividades no próximo ano, dando condições para uma recuperação mais
robusta”, diz a FecomercioSP.
Impacto da
inflação no turismo – Apesar de os
números apontarem para um bom desempenho no início de 2022, o processo
inflacionário, que impacta tantos as famílias como as empresas, pode limitar um
crescimento mais expressivo do setor no próximo ano, embora o dólar alto ainda
mantenha a atratividade do turismo doméstico, que passou a ser “descoberto” por
muitos brasileiros.
Segundo a
presidente do CT da FecomercioSP, Mariana Aldrigui, a pressão da inflação no
orçamento das famílias é, e continuará sendo, o fator mais importante a ser
observado no próximo ano, principalmente a partir de março, quando a demanda
começa a diminuir. “Infelizmente, como em outros momentos relevantes para o
turismo, fez-se muito pouco em termos de investimentos, oferta de crédito e
estímulo à inovação, o que deixa o Brasil ainda mais dependente de seu mercado
interno”, analisou.
O
levantamento, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), aponta que o setor tem enfrentado inflação de 16,75% nos
últimos 12 meses. Esta variação é superior à média do Índice de Preços do
Consumidor Amplo (IPCA), de 10,67%. Isto é, há um avanço real de preços do
turismo de 5,49%. As passagens aéreas são as principais responsáveis pela alta.
Em 12 meses, o preço aumentou 50,11%, resultado da demanda reprimida pela
pandemia e do aumento de custos, sobretudo do querosene (QAV), que subiu 90%,
segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Segundo as
análises da FecomercioSP, a alta do combustível e da energia elétrica deve
impactar outras atividades importantes do setor, como hotéis e translados, que
repassarão os custos aos consumidores e aos pacotes turísticos, pressionando os
valores nos próximos meses. Embora algumas atividades ainda não repassem a
inflação para o preço final (caso da hospedagem, que teve aumento médio de
preços de 4,44%), como o processo inflacionário atual é estrutural, o ajuste é
questão de tempo e deve continuar, pelo menos, até metade do próximo ano.
“O resultado
não surpreende, uma vez que já se previa um aumento considerável da demanda,
que esteve reprimida ao longo dos últimos 18 meses. Os aumentos generalizados
nos insumos de todos os setores também colaboram com a elevação dos preços, e é
provável que a curva de aumento siga ascendente nos próximos meses (pelo menos
até o carnaval), podendo ser revertida somente em caso de queda acentuada na
demanda”, disse Aldrigui.
Fonte:
Agência Brasil
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