O prefeito Eduardo Paes afirmou, em live realizada no início da noite desta terça-feira, que o carnaval de rua nos moldes tradicionais não acontecerá este ano no Rio em razão da pandemia de Covid-19. A informação já havia sido antecipada pela coluna do jornalista Ancelmo Gois, no GLOBO.
— Acabei de
ter uma reunião com o pessoal dos blocos de rua e a gente comunicou a eles que
o carnaval de rua nos moldes que eram feitos até 2020 não acontecerá em 2022.
Infelizmente, e eu falo como prefeito que gosta do carnaval e como cidadão,
isso não será possível — explicou Paes na transmissão ao vivo.
Na
transmissão, o prefeito reforçou que os desfiles das escolas de samba na
Marquês de Sapucaí, por outro lado, permanecem confirmados. Segundo ele, isso
ocorre porque a festa no Sambódromo permite a exigência de vacinação contra a
Covid-19 e o controle de testagem, o que não seria possível nos desfiles dos
blocos pelas ruas.
Paes contou
ainda que sugeriu a representantes de blocos da cidade, durante reunião
ocorrida à tarde, pouco antes da live, que os desfiles de algumas das
agremiações mais tradicionais ocorressem em dois ou três locais fechados
pré-determinados, como o Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, e o Parque
Madureira, na Zona Norte. A entrada seria gratuita, mas com a mesma exigência
de passaporte vacinal e testagem realizada no Sambódromo, por exemplo. A
proposta, contudo, não foi aceita pelos blocos em um primeiro momento.
— Não
toparam por conta do vínculo regional com os locais tradicionais dos desfiles,
o que a gente compreende. Mas ficaram de pensar em contrapropostas. Só tem que
ser uma coisa factível — afirmou o prefeito, deixando em aberto a possibilidade
de alguma outra solução a ser acertada com os blocos e a patrocinadora do
carnaval de rua.
O encontro
de Paes durante a tarde se deu com representantes de nove ligas, do Cordão do
Bola Preta e de quatro megablocos que somam cerca de 450 agremiações. Entre os
que participaram da reunião estavam representantes da Sebastiana, Liga do
Centro, Zé Pereira, Sambarua, Cordão do Bola Preta, Ludmila, Anitta, A Favorita
e Monobloco. Na conversa, de acordo com o relato de participantes, Paes disse
que com a evolução de casos da variante Ômicron da Covid-19 não haveria
condições de realizar a festa.
Segundo Rita
Fernandes, presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua
da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião (Sebastiana), o
prefeito disse que, embora seja contra "blocódromos", os desfiles
poderiam ocorrer no Parque Olímpico "de forma excepcional".
— O Parque
Olímpico não é nosso lugar. Os blocos desfilam em seus bairros e seus
territórios — disse Rita, acrescentando que também foi descartada a hipótese de
transferir os desfiles para as férias de julho, já que em tentativas isoladas
anteriores não houve público para isso.
Ainda
segundo Rita, Paes contou, no encontro com o bloco, que os desfiles da Sapucaí
terão regras sanitárias rígidas. Uma portaria deve exigida dupla testagem e
testes de PCR negativo para todos os frequentadores do Sambódromo. A mesma
regra vai valer para bailes de carnaval e outras festas em locais fechados,
sejam eles eventos pagos ou gratuitos.
Os blocos vão voltar a se encontrar com representantes da prefeitura na sexta-feira. Não está descartado ainda que eles façam eventos menores, fechados, mas longe do que se concebe como carnaval de rua.
— Podem ser
bailes, shows, algo semelhante. Mas não carnaval de rua — explicou Rita.
Já o
presidente do Bola Preta, Pedro Ernesto, adiantou que pretende fazer eventos na
sede do clube, no Centro do Rio, apesar do cancelamento do desfile no sábado de
carnaval:
— Serão
quatro dias de eventos em fevereiro para a data não passar em branco. O Bola
Preta tem 103 anos, surgiu em plena pandemia da gripe espanhola. Desfilamos até
durante a Segunda Guerra Mundial — lembrou.
Rodrigo
Resende, da Liga do Zé Pereira, disse que ainda vai se reunir com
representantes para discutir o cenário e se farão algum evento fechado.
Dados do
painel da prefeitura do Rio mostram que a quantidade de casos confirmados de
Covid-19 na cidade teve um grande salto nas últimas semanas. Até agora, 21
pessoas diagnosticadas com coronavírus disseram ter começado a sentir sintomas
no dia 14 de dezembro. Já em 28 de dezembro, duas semanas depois, o número
salta para 458.
Carnaval
2022: Covid-19, risco de aglomeração e obras fazem Liesa adiar ensaios técnicos
na Sapucaí
Mais cedo,
Rita Fernandes dissera que não há como fazer um plano B com relação aos
cortejos dos blocos:
— Plano B
para carnaval de rua não existe. Carnaval de rua é feito na rua. Bloco de rua
tem características muito próprias: a liberdade, o ir e vir sem precisar passar
por nenhum tipo de restrição, aproximação, contato físico, abraço, beijo. É
muito difícil imaginar com indicação de protocolos para que pessoas não se
aproximem. A gente só tem duas alternativas: pode fazer ou não pode fazer.
Qualquer outra proposta vai ser show, baile, evento fechado, mas não vai ser
carnaval de rua.
Nesta
segunda-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, admitiu ser "muito
difícil" liberar o carnaval de rua seguindo "o modelo
tradicional".
Em entrevista ao "Bom Dia Rio", da TV Globo, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, já dissera que esse carnaval não vai poder ser igual.
— O carnaval
é uma festa muito importante para a cidade do Rio, mas mais importante é a
gente ter segurança sanitária para fazer. A gente já sabe que esse carnaval não
vai poder ser igual aos carnavais anteriores. A Ômicron se dissemina muito mais
rápido que as demais variantes. Tem um aumento de casos de Covid na cidade do
Rio e essa variante é muito mais transmissível. A gente precisa ver se esse
aumento de transmissão vai se manter ao longos dos próximos dias, se esse
aumento de transmissão também vai aumentar internações ou casos graves de
Covid. Coisa que a gente não está vendo nesse momento. A gente teve muitos dias
com zero óbito de Covid, somente 30 pessoas internadas. Então todas essas
variáveis com a nova variante vão precisar ser analisadas.
Soranz destacou também a importância da vacinação. Segundo o secretário, os postos de saúde estão vazios para dose de reforço:
— Outro
fator muito importante para essa decisão (da realização do carnaval) é a adesão
do carioca à vacina. Quantas pessoas vacinadas teremos com a dose de reforço?
Somos a cidade do país que mais vacinou, que mais tem reforço. Cerca de 30% da
nossa população adulta tem dose de reforço. Será que a população vai continuar
aderindo à dose de reforço? Os postos de saúde estão vazios neste momento para
dose de reforço. Então, a gente precisa chamar a população — argumentou.
Após reunião
com o comitê epidemiológico e autoridades sanitárias de Maricá, o prefeito
Fabiano Horta anunciou nesta terça-feira que a programação oficial do carnaval
está suspensa na cidade. A decisão foi informada por meio das redes sociais e
deve-se aos riscos de aumento de casos da variante Ômicron no Rio de Janeiro.
Vale ressaltar que Maricá, município da Região Metropolitana do Rio, não
registrou casos suspeitos de Ômicron até o momento.
— A vida das
pessoas segue sendo a maior prioridade — disse o prefeito.
FONTE:EXTRA
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