Apresentadores, diretores e a imprensa especializada sabiam o real motivo da saída do apresentador da Globo e não falaram nada
Tiago
Leifert, Diana e Lua
Ninguém
entendeu quando Tiago Leifert, no auge da dança de cadeiras dos mais
importantes apresentadores da Globo, resolveu jogar a toalha. Quer dizer, quase
ninguém.
Parte da
imprensa especializada sabia o real motivo da saída dele. Eu sabia, e posso
enumerar uns dez colegas de trabalho, diretores e apresentadores de TV que também
sabiam. Há meses. Formou-se aí um pacto de silêncio.
Escalado
para substituir às pressas o principal nome da casa, Faustão, (o que fez com
maestria), comandante dos principais reality shows da Globo (BBB e The Voice),
Leifert simplesmente anunciou que iria deixar a Globo no final do ano passado,
sem maiores explicações. Foi um susto geral!
Em
comunicado oficial enviado à imprensa, Leifert disse que já havia manifestado
interesse em sair da emissora no ano passado e preferiu não renovar o contrato,
embora deixava portas abertas para o futuro. Não deu detalhes. Falou em
problemas pessoais.
Abriu espaço
para todo tipo de especulação. Bagunçou tudo uma vez que Huck ainda não estava
pronto para assumir os domingos e Mion fora contratado às pressas para ocupar
espaço aos sábados.
Não demorou
para o real e triste motivo chegar ao conhecimento dos mais próximos. Um câncer
ocular, descoberto precocemente, na filhinha de um ano de Leifert e Diana
Garbin, a linda Lua.
Lembro de
ter sentido meus ossos congelarem ao ouvir a história. Chorei. Sou mãe, sempre
me pego pensando como se fosse meu filho nessas situações.
Como se
comanda um programa de TV, alegre, espontâneo, pra cima, com uma coisa dessas
na cabeça? Que cabeça? A pessoa não tem cabeça mais para nada! Como se toca a
vida com uma pancada dessas? O que fazer? Como ajudar? Nessas horas, o não
atrapalhar me parece uma boa ajuda.
Esses foram
alguns dos pensamentos que tive na hora. 'Em nenhum momento pensei: nossa,
temos uma história!' 'Isso rende uma matéria!'
História?
Que história? A história do sofrimento de um pai e uma mãe ? A história de um
bebê que enfrenta sessões de quimioterapia? A história de um apresentador que
largou tudo porque não consegue pensar em outra coisa que não seja a filha com
câncer? A história de quem não quer revelar história nenhuma nesse momento de
tanta dor e preocupação?
Sigo com os
mesmos pensamentos de 2014, quando abri mão do 'furo' (notícia em primeira mão)
do câncer de Carlos Nascimento após uma longa conversa com ele no telefone.
Apurei a notícia, conversei com ele, e como colunista da Folha na época optei
em não noticiar nada. Expliquei para a direção do jornal os meus motivos e eles
entenderam.
Sabia que
Suzana Vieira lutava contra uma leucemia muitos anos antes dela contar
publicamente pela primeira vez. Com Caio Ribeiro também foi assim. Não seria
diferente agora, com Tiago Leifert, Lua e Diana.
Vi colegas
da TV com lágrimas nos olhos ao citar o drama de Leifert rapidamente, sem
querer falar ou dar detalhes do que realmente estava acontecendo. Sim, as
pessoas evitavam falar sobre isso, com medo de alguém ouvir e revelar sem a
permissão dos envolvidos.
Poucas vezes
vi a galera com o mesmo pensamento. Talvez o motivo seja que Leifert é famoso?
Ele é querido? Ou seria por envolver uma criança tão pequena e um assunto tão
delicado? Pode ser... Ou não.
Pra mim, não
há 'furo' de reportagem quando a pessoa (famosa ou anônima) não quer revelar
uma doença que provoca preocupação, medo, dor e perdas. Cada um tem seu tempo
para falar sobre isso, se quiser falar.
Sim, se
perde a 'notícia', a 'exclusividade'? Se
ganha a oportunidade de se colocar no lugar do outro, de não provocar mais
sofrimento para quem já está no meio de uma grande batalha.
Fica aqui o
meu carinho e o desejo de recuperação para Lua, e para a família Leifert. Um
abraço também para os colegas de TV e os jornalistas, blogueiros, colunistas e
babadeiros de plantão que mostraram que dentro um 'fofoqueiro' também pode
bater um coração.
R7
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