Nesta sexta-feira, dezenas de alunas do Carmela Dutra fizeram um protesto em frente à escola
A Polícia
Civil quer ouvir as alunas do Instituto de Educação Carmela Dutra que acusam
professores da instituição, em Madureira, na Zona Norte do Rio, de praticarem
assédio sexual contra as adolescentes na escola.
O delegado
titular da 29ª DP (Madureira), Neilson Nogueira, já marcou data e horário para
receber as estudantes e ex-estudantes que afirmam ter sido vítimas. As
informações são do Jornal O GLOBO.
Nesta
sexta-feira, dezenas de alunas do Carmela Dutra fizeram um protesto em frente à
escola. As manifestantes carregavam faixas com dizeres “nosso uniforme não é
convite” e “a escola é pública, meu corpo não”.
No colégio,
que forma professores, as alunas usam o tradicional uniforme de normalista, com
saia e meias três quartos. Um dia antes, um dos professores denunciados foi
afastado pela Secretaria de Educação do estado, que afirma ter instaurado um
processo administrativo para investigar os casos.
A mãe de uma
aluna de 15 anos, que entrou na escola no último dia 7, no 1º ano do Ensino
Médio, contou que percebeu que havia algo estranho quando a filha chegou em
casa preocupada contando que uma professora, logo na primeira semana de aula,
havia dado conselhos para as meninas.
Segundo
relato que a mãe ouviu da filha, a professora disse que era para elas terem
cuidado com o comportamento, para não darem “trela” e evitarem ficar a sós com
professores nas salas ou em situações que fossem “desfavoráveis”.
– Ela é
muito antiga, trabalha lá há mais de 15 anos, e não se sente com poder
suficiente para tomar alguma atitude, mas também não se conforma com a situação
– cogita.
Em menos de
um mês, depois de ouvir tantos relatos, já pensa em trocar a filha de escola:
– Não mudou
o sistema. A pessoa que teve que se mudar. Eu estava dando o benefício da
dúvida mas, para minha tristeza, depois que começou o movimento das meninas, vi
várias pessoas nas redes sociais que estudaram lá no passado contando que o
assédio já acontecia, com os mesmos professores.
Na
quinta-feira, a comunidade escolar foi chamada para uma reunião com o diretor
do Carmela Dutra, Antônio Futuro. Segundo as estudantes, ele tratou de outros
assuntos e só avia convidado as representantes de turma.
Por isso,
todas se reuniram em protesto e reivindicaram que a pauta era o assédio e não
outros temas levantados pelo diretor, como fila na merenda, por exemplo. Elas
fizeram um protesto dentro da escola, gritando palavras de ordem contra os
assediadores e pedindo a saída dos mesmos do colégio.
Essa reunião
com a direção foi considerada uma tentativa de enfraquecer a manifestação.
Pouco depois, a página oficial da instituição no Instagram postou imagens do
encontro com a seguinte legenda:
“Hoje foi
dia da Direção dialogar com os alunos, foi uma conversa muito produtiva. Foram
esclarecidas dúvidas, problemas foram resolvidos. Que bom contar com essa
parceria. Alunos, Direção, responsáveis… Nossos alunos tem voz, todos eles são
ouvidos e foi por isso que convocamos a reunião de hoje. Contamos com vocês
para uma escola justa, democrática e acima de tudo compreensiva”.
Nas
respostas à publicação, surgiram dezenas de reclamações e questionamentos de
pais e alunos.
A reportagem
recebeu relatos de outras alunas que contam de forma mais detalhada situações
em que se sentiram assediadas ou desconfortáveis com o comportamento dos
professores.
– Antes da
pandemia começar, eu tive um problema com um deles. Eu estava tirando uma
dúvida com ele e simplesmente senti sua mão na minha cintura e vi a outra
segurando “as calças”. Fui chegando para o lado para me afastar e disse que
depois mostraria para ele, que ia corrigir algumas coisas. Ele disse que não
precisava e ficou mexendo na “calça” o tempo inteiro que eu estava lá. Eu
fiquei super desconfortável no dia – conta uma menina.
A mesma aluna viveu outra situação:
– Outro caso
foi esse ano. Eu tenho o costume de escrever no quadro para um desses
professores e, como na minha sala o quadro é alto, eu subia na cadeira – mesmo
assim segurando a saia na parte de trás para também não levantar. Olhei para
trás e estava todo mundo copiando, olhei para o lado e ele estava tentando
enxergar por baixo dela (da saia). Teve uma hora que ele falou algo como se
estivesse rindo e tocou na minha mão fazendo um gesto para eu abaixar a mão.
As meninas
relatam ter observado o professor mexer no pênis na presença delas. Uma delas
relata uma situação:
– Esse mesmo
professor que assediou a menina ajeitou o pênis e fechou o zíper no meio da
aula, na frente da gente. Na hora eu até comentei com umas meninas que estavam
perto, de como foi desrespeitoso.
Outra
estudante conta o que viu ocorrer com uma amiga.
– O
professor colocou a mão entre o braço e o peito da minha amiga e eu e as outras
colegas de turma não tivemos reação. Ele olhou pros peitos dela, pegou no braço
e disse: “você tem uma energia espiritual tão bonita que chama atenção”. E eu
desde o primeiro dia, fiquei com muito medo de chegar perto dele.
FONTE:PORTAL
VIU
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