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08/02/2022

CRESCE 66% O TOTAL DE CRIANÇAS QUE NÃO SABEM LER NEM ESCREVER NO BRASIL

Levantamento do Todos pela Educação mostra que a pandemia de Covid-19 agravou os desafios da alfabetização em todo o país

 

Cresce 66,3% o total de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler nem escrever no Brasil - ARQUIVO/AGÊNCIA BRASIL


Um levantamento do Todos pela Educação mostra que, entre 2019 e 2021, aumentou 66,3% o total de crianças de 6 e 7 anos no Brasil que, segundo os responsáveis, não sabem ler nem escrever. O número subiu de 1,4 milhão, em 2019, para 2,4 milhões, em 2021.

 

O percentual de crianças de 6 e 7 anos que não foram alfabetizadas passou de 25,1%, em 2019, para 40,8%, em 2021. Em 2020 e 2021, houve um aumento expressivo na taxa, que alcançou os maiores valores em dez anos de acompanhamento do indicador.

 

"Os dados reforçam o impacto da pandemia na educação, com o aumento do número de alunos fora da escola por abandono ou evasão, queda na aprendizagem e aumento das desigualdades no recorte raça e cor e condições econômicas", afirmou Ivan Gontijo, coordenador de políticas educacionais do Todos pela Educação.

 

A nota técnica “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças” apresentou indicadores que revelam os efeitos da pandemia de Covid-19 na educação. O levantamento foi produzido com base na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

 

Segundo os dados, a pandemia reforçou a diferença de aprendizado entre as crianças brancas de 6 e 7 anos e as pretas e pardas. As pretas e pardas que não sabiam ler nem escrever passaram de 28%, em 2019, para até 47%, em 2021. Já entre as brancas o aumento foi de 20,3% para 35,1% no mesmo período.

 

Houve ainda crescimento das desigualdades entre as crianças que residem em áreas mais ricas na comparação com as que moram em regiões mais pobres do país de 2019 a 2021. Segundo a pesquisa, o percentual das que não sabiam ler nem escrever aumentou de 33,6% para 51% entre as mais pobres. Já entre as crianças mais ricas, o impacto na alfabetização foi menor, ainda assim passou de 11,4% para 16,6% no período.

 

"O cenário é alarmante, preocupante, mas foi feito com base na percepção dos pais e não em avaliações. Os dados já eram ruins em 2019, a pandemia agravou os desafios e trouxe outros novos. Os números aumentaram por causa do fechamento das escolas por muito tempo no Brasil e o impacto teria sido menor se o ensino remoto tivesse funcionado melhor, mas não chegou para todos, menos ainda para os pobres, pretos e pardos", revela o coordenador.

 

Os números demonstram que a situação fica ainda mais preocupante em relação às crianças que se encontram em maior vulnerabilidade econômica. Elas nem sempre tiveram acesso à internet, computadores e faltou até treinamento aos professores.

 

A não alfabetização em idade adequada traz prejuízos para aprendizagens futuras e aumenta os riscos de reprovação, abandono e até evasão escolar.

 

A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) estabelece que a alfabetização seja prioridade nos dois primeiros anos do ensino fundamental para que as crianças “se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos”.

 

Segundo Ivan Gontijo, a alfabetização é considerada a habilidade base, sem ela a criança vai enfrentar problemas no cotidiano e também na escola. "Se não sabe escrever e ler, ela vai ter dificuldade nas diferentes esferas da vida, vai ser menos autônoma e sofrer em sala de aula", explica.

 

As informações consolidadas pela nota técnica divulgada pelo Todos pela Educação confirmam as avaliações de aprendizagem que estados e municípios aplicam a estudantes e escancaram os desafios para o poder público.

 

"Os efeitos são graves e profundos, então não serão superados com ações pontuais. As Secretarias de Educação precisam oferecer um apoio muito bem estruturado à gestão escolar e aos professores, que já estão com imensos desafios", ressaltou Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais do Todos pela Educação.

 

Para ele, a responsabilidade tem de ser compartilhada. "Não adianta deixarmos toda a responsabilidade com os municípios, só porque ofertam a grande maioria das matrículas dos primeiros anos do fundamental. Os governos estaduais e federal não podem se omitir. Devem oferecer apoio técnico e financeiro às prefeituras. A tragédia na alfabetização não pode ficar invisível”, enfatiza.

 

Já Ivan Gontijo destaca que, para solucionar a defasagem de aprendizado, as escolas devem investir em recuperação no contraturno e combate à evasão. "Tem gente que está ficando para trás. Tem que priorizar os mais pobres, com mais apoio e recursos. É preciso acelerar a aprendizagem, ficar mais tempo na escola para recuperar o tempo perdido", conclui.

 

FONTE:R7

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